Comprimido de codeína com vodka arando. Fui forte e vim cá para fora fazer braço-de-ferro com o vómito de ostras a la parissienne com Dão e cebola a rodos. Detesto a parte onde as drogas e a pinga, me trazem à beira do enjoo. Não cheguei a meio caminho. Logo à saída da audiência, a senhora vendada com a balança na mão, recebeu a minha cabeça bem no meio do seu ventre, que ficou manchado de um roxo vivo como sangue de inocentes que morrem sem chegar a nascer. Os guardas olham de lado, e piscam o olho aos seguranças, para me tirarem dali, e os seguranças às senhoras da limpeza, para limparem a porcaria. Sentam-me num banco qualquer, que não vi na minha navegação prévia, e fico a tentar recobrar o equilíbrio encostado ao mármore frio e esverdeado. Por que raio de deuses mais egrégios, não me consigo lembrar da razão da minha presença naquele local. Isso, mais que a vergonha ou a falta de coordenação motora, faziam-me indagar a mim mesmo, constantemente, que caralho faço aqui? Não conseguia tirar os olhos da porta de onde saíra, como se fora um útero do qual eu renascera para vir de novo ao mundo, reaprender a ser gente. Duas ideias vinham-me à cabeça, a de que andava a comer uma advogada, outra, e a de que matara alguém e este era o meu julgamento. Ou uma, ou outra, justificariam a minha presença ali. Mas vês, se ando a comer uma advogada, que estou eu a fazer num julgamento? Vou ter agora com elas, ao local de trabalho? Não me parecia. A lógica mais evidente e sinistra, era que eu assassinara alguém, e usara farmacopeia para aliviar a consciência. Mas quem? Não sou de fazer mal a outros…espera. Matei-me a mim. Sempre e de cada vez que ando enrolado com gajas, por mais de um ano, tenho de asfixiar a parte de mim que me tenta acordar para o logro. O logro de as ver com as lentes do amor, e não como as pessoas que são. O pobre desgraçado que me tenta acordar, e mostrar a realidade das coisas, estrangulado às minhas mãos, que servem o amo interno. Caga para tudo e fornica cabrão, segreda-me ele lá de trás. Foder faz esquecer e conjuga-se com a vontade de todo o meu corpo para procriar. Claro que me parece natural. Loura, alta, veste-se de clássico como gosto, e usa o cabelo como teutónica espartana, bem apertado na nuca, e óculos de massa grossa e azul, com lentes parabólicas que ficam a matar no seu rosto triangular. Só se vem quando fica por cima, e nunca se nega a nada. Beija-me antes de dormir, e faz-me o jantar amiúde. Adora que lhe lamba as mamas redondas e perfeitas, e agarra-me a pila sem reserva ou sem qualquer pudor. Mas…mas…sem ser forçado nela, a brejeirice tem encanto porque tem desejo de mim, e não de me manipular a percepção. Não me tenta ganhar, apenas passar tempo comigo. Uma gaja destas, a priori, justifica a possibilidade de ter vindo encontrar-me com ela. Para irmos jantar e para sua casa até ao Sol se pôr. Não, não sei como me perdoar por me ter assassinado tantas vezes, para poder ser aceite, e para poder suportar os outros. Uma multidão sai pela porta, e ao longe uns óculos grandes auscultam o horizonte procurando por mim. Assim que recobrar-me vai ser bom, mas conseguirei viver comigo sabendo que sou um assassino?
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Junho 2024
Tori Amos - Professional Widow (Remix) (Official Music Video) from the album 'Boys For Pele' (1996) - todos os direitos reservados:
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