Diz-me se trabalhas nas dores.
Aguenta e cerra os dentes.Os dentes... Com o rosto no urinol , e a parede pejada de lascas de osso , o sangue escorre dos beijos que não demos . Faço força com o punho , como se lesse algo de revolucionário nas expressões do teu rosto quando lês moral. Na véspera do condenado rezáste a um demiurgo sarcástico com quem praticas coitus a tergo ,e com quem estás a meio caminho de ter um filho , urge então no meio da batalha pedir apoio à Moura encantada que guarda ciosamente as portas do meu túmulo. Pai Tempo e Mãe Natureza porque violais vossos descendentes? O fiorde é tão fino e agreste , e enquanto trabalho caprichosamente o bisturí na carne de inocentes , a economia do grito aprofunda o sentido da expressão de alguma indolência social. Vê bem o rosto hirto e lacrimejanteque se contorna no esforço de exprimir a alma que o violenta. «-Mantém a fé .», dizem as letras invisíveis na necrofagia dos cadáveres privados de liberdade por uma terra demasiado mole e ensopada em sangue. Matei-te agora que lês.Mastigo a tua língua como se fosse a pastilha elástica do sádico , e olha como os teus olhos ainda estão abertos ... E como os dentes ainda fazem barulho quando puxo a carne dos teus seios que não te quer abandonar. Fiz uma pintura em mim com o teu cálido líquido vermelho ... Como se fosse proibido matar por amor... Sempre ...Sempre é o nada de quem se arrepende . O ferro em brasa do desejo em nós , o que nos pendura pelos artelhos e estilhaça os membros , rasgando a carne com sonoros elementos...da cisão, do limbo... Cortei os teus membros que outrora me abraçavam , e pareces agora , pendurada no gancho do açougueiro um cogumelo atómico desabrochando. Tíbias , perónios ,linfócitos , como se bolhas de oxigénio se tratassem , (abro agora um senão para aqui no meio nadar contigo ,tu que tens o nome da mãe de Cristo , nestas letras que nunca entenderás...vou então para o teu meio ...vou até ti de bruços e mariposa , numa piscina com água púrpura... mas esquece , esta mensagem vai se perder no tempo e na multidão),e tantas cordas , que são os teus nervos , ligações visíveis ao fantocheiro. És a guitarra , a harpa , a harpia ... Instrumento de cordas que uso a tiracolo... Da tua boca saem cordas que embocam na tua vagina . Arranco de ti as notas que quero , dedilhando a cabeça de homem que escondes no meio das pernas quentes , debaixo de um pequeno manto de carne. Tu és culpada ... de tudo o que sou. Arranquei-te a pele e foi a mim que ardeu. Admirável o sabre que faz da baioneta pequena adaga nas escamas da mulher horrível que jaz em cima de um molho de ossos humanos , suportando com a sua volúpia a ira de todos os trovões da Terra. Tem filhos em pequenas poças de água guardadas por sereias com corpo de Quimeras , e o velho Leviathan é agora sonho desaparecido , dando lugar a uma criança com sorriso maléfico , que chuta a sua bola que é a cabeça de uma vitíma. A pintura completa-se como se fosse um mural para a posterioridade , com o carro do Sol levando-te para cada vez mais perto do Astro-Rei , fazendo teu corpo suar , carregando numa só imagem o desejo de todos os homens de beberem o telúrico que imola as tuas ferormonas. Posso então pôr-te um dedo na boca , e dizer-me no silêncio das eternas trevas , que o eco e o sol poente são as testemunhas dos nossos falecimentos. Em memória da Deusa
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Junho 2022
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