Viúva Profissional
  • Casa
  • Miguel Esteves Cardoso / Pedro Paixão
  • Susana Pascoal
  • Ad se ipsum
  • Casas
  • Galeria
  • Recursos

Um medo enrugado

29/8/2007

0 Comments

 
No chiado borboletam sempre mulheres bonitas. As flores em que poisam são as próprias recordações que parasitam o berço. Que coisa maravilhosa olhar para trás de uma montra e trocar de corpo com o manequim...Trocar de corpo é um modo de dizer. O manequim não tem corpo para trocar . Ainda sentes o mesmo ? Achas que eras mais bonita se fosses aquele mimetismo de corpo que segura trapos que morrem como as estações ? Deixei-te um gosto amargo na boca ? Não tens amor e queres que vá sem ele? O perdão abocanha os perdões de que não me lembro e estás sempre tão calada que penso que me ignoras de propósito . E nem sei o teu nome , nunca mo murmuraste.
O único suspiro que me comunica é o do tom alvo da tua pele.
Espera vou-me um bocado embora que o teu patrão vem aí...Venho já.
...
Foi jantar. Acho que ele sente algo por ti .Porque me chama louco e bate-me , e solta a polícia atrás de mim? Não suporto vê-lo tocar-te. Desnudar-te aqui na montra à vista de todos , ao pé da porta...Podes ficar doentinha , sabias? Não respondes? Sabes que tenho razão não é ? Porque seguras sempre as ancas ? Não sabes que elas são a terra fértil dos sonhos dos homens? Eu pelo menos já dormi ao relento em frente aqui da loja a olhar para ti. A olhar é um modo de dizer. A dormir não se vê nada , sonha-se não é?
Não gosto muito desse vestido laranja que trazes hoje...Prefiro aquele cor de papoila que usaste à dois anos . Quando te vi com ele até parei...Sinceramente que parei ... A Filipa , lembras-te dela ? era a minha namorada então até se zangou comigo , e olha foi por isso que nos separámos . Eu já sabia que era a ti que eu queria...Não respondes ?
Deixa , eu sei que estás envergonhada. Envergonhado fiquei eu quando o homenzinho que dorme ali na loja dos sapatos , passou por mim , ainda ontem à noite e me disse: «- É só amor !!!Olha que essa parte corações!!!»
Fico corado e tudo quando descobrem algo assim , tão meu...
É como se ficasse nu , como ás vezes ficas , quando o malvado do teu patrão não te veste , e eu choro tanto por estares a noite toda despidinha aí dentro da loja , e eu aqui no bem bom à chuva...
0 Comments

Maria

23/8/2007

0 Comments

 
Que gaita.Não me dizes nada.
E eu se não te vejo ...Se algum elefante se soltar do zoológico...tou tramado , as trombas com que ando ainda me vão fazer passar por elefanta.
Que nóia.Não me ligas , não me vês , nem quando me armo em bom lá naquela prancha alta e me preparo para o salto .Encolho a barriga , mas o paiol da cerveja e da sopa não tem nada de tímido .A maior parte das vezes escorrego , pois com uma barriga destas quem é que consegue ver o chão?
Até ás vezes passo vegonhas nos urinóis , a tentar ver o... pois , o ... dou com cada cabeçada na parede que pensam que sou maluquinho.E sou.
Sou maluquinho pelo teu sorriso.Tens o sorriso mais lindo que conheço.
E as bebedeiras...Minha nossa...cada figura...Ás tantas da noite no Bairro a chamar por ti , e ou me dizem :«-Ó filho , por Dez notas de conto até me podes chamar Blimunda , ou imunda!!!» , ou «-Vai curá-la !»
Não me posso curar quando ao mesmo tempo és a doença e a cura.Como podes ser coisas completamente diferentes sendo o que és?
Porque és a Maria , e és infinita , porque eu sei.Como?Porque já te vi rir.
Da outra vez estava ao espelho a fazer a barba e de repente a tua cara apareceu no lugar da minha.
Que susto e alegria!Vêr o rosto mais bonito da FLUL e arredores no meu espelho , á minha frente , estive para dar um beijo , mas quanto mais me aproximava , mais ele se desvanecia , decidi beijar-te de repente , mas com a fussanguice o tapete da casa de banho fugiu-me debaixo dos pés e bati com o queixo no lavatório.Levantei-me logo de seguida e quando olhei já não estavas lá...Porra , quem me mandou a mim ser lambão?
Pensei que estava a dar em louco , mas não , a mudança não acontecia do real para o real , uma vez que tens sido a minha realidade , sei lá à quanto tempo...Nem dei por ela , tal como só dei com o queixo a sangrar quando deixei de ver o teu rosto no espelho.
Que nóia , antes não me comovia com novelas , agora até o horóscopo da MARIA vejo.Por causa do nome e para ver a conjunção...Conjunção da tanga , quando diz que a nível sentimental vai ser um bom dia , levo uma cotovelada no olho a jogar basquet , e compreendo o significado encriptado através do muito que sinto que até está inchado.
Quando diz que conheçerei novas pessoas , dou graças aos céus por ter a esperança ilusória(que sei sempre que é )de te tirar de mim...E o que é que ficava?Nada ficava vazio sem o teu sorriso...Como sinto agora a barriga , vazia , sem nada para digerir , aqui em frente ao computador da AE , onde me apercebo que se não te digerir morro.
Como?Como?Se és tu que me digeres , grama a grama , embora não me grames , mas até os cães tem sorte , e a mim não me falta pêlo apesar de ser peixe.
Caramba , Maria já comi todos os peixões do lago , já fui para a tua piscina vêr-te nadar , mas algo estranho aconteceu , nadava contente olhando o movimento subtil do teu corpo , quando dei por mim enredado num fato de banho demasiado largo de uma bacana ou bacano , que mais parecia um expositor vivo da Amazónia ...Passei uma semana inteira a cuspir pilosidades...
Mas valeu a pena.Por ti cuspia todas as púbis deste mundo...Maluco ?Não...
Só preso no teu lago.

Ass.:Giovanni not bué fish
0 Comments

Deusa

10/8/2007

0 Comments

 
Diz-me se trabalhas nas dores.
Aguenta e cerra os dentes.Os dentes...
Com o rosto no urinol , e a parede pejada de lascas de osso , o sangue escorre dos beijos que não demos .
Faço força com o punho , como se lesse algo de revolucionário nas expressões do teu rosto quando lês moral.

Na véspera do condenado rezáste a um demiurgo sarcástico com quem praticas coitus a tergo ,e com quem estás a meio caminho de ter um filho , urge então no meio da batalha pedir apoio à Moura encantada que guarda ciosamente as portas do meu túmulo.

Pai Tempo e Mãe Natureza porque violais vossos descendentes?

O fiorde é tão fino e agreste , e enquanto trabalho caprichosamente o bisturí na carne de inocentes , a economia do grito aprofunda o sentido da expressão de alguma indolência social.

Vê bem o rosto hirto e lacrimejanteque se contorna no esforço de exprimir a alma que o violenta.

«-Mantém a fé .», dizem as letras invisíveis na necrofagia dos cadáveres privados de liberdade por uma terra demasiado mole e ensopada em sangue.

Matei-te agora que lês.Mastigo a tua língua como se fosse a pastilha elástica do sádico , e olha como os teus olhos ainda estão abertos ... E como os dentes ainda fazem barulho quando puxo a carne dos teus seios que não te quer abandonar.

Fiz uma pintura em mim com o teu cálido líquido vermelho ...
Como se fosse proibido matar por amor...

Sempre ...Sempre é o nada de quem se arrepende .
O ferro em brasa do desejo em nós , o que nos pendura pelos artelhos e estilhaça os membros , rasgando a carne com sonoros elementos...da cisão, do limbo...
Cortei os teus membros que outrora me abraçavam , e pareces agora , pendurada no gancho do açougueiro um cogumelo atómico desabrochando.

Tíbias , perónios ,linfócitos , como se bolhas de oxigénio se tratassem , (abro agora um senão para aqui no meio nadar contigo ,tu que tens o nome da mãe de Cristo , nestas letras que nunca entenderás...vou então para o teu meio ...vou até ti de bruços e mariposa , numa piscina com água púrpura... mas esquece , esta mensagem vai se perder no tempo e na multidão),e tantas cordas , que são os teus nervos , ligações visíveis ao fantocheiro.

És a guitarra , a harpa , a harpia ...
Instrumento de cordas que uso a tiracolo...
Da tua boca saem cordas que embocam na tua vagina .
Arranco de ti as notas que quero , dedilhando a cabeça de homem que escondes no meio das pernas quentes , debaixo de um pequeno manto de carne.
Tu és culpada ... de tudo o que sou.
Arranquei-te a pele e foi a mim que ardeu.
Admirável o sabre que faz da baioneta pequena adaga nas escamas da mulher horrível que jaz em cima de um molho de ossos humanos , suportando com a sua volúpia a ira de todos os trovões da Terra.
Tem filhos em pequenas poças de água guardadas por sereias com corpo de Quimeras , e o velho Leviathan é agora sonho desaparecido , dando lugar a uma criança com sorriso maléfico , que chuta a sua bola que é a cabeça de uma vitíma.

A pintura completa-se como se fosse um mural para a posterioridade , com o carro do Sol levando-te para cada vez mais perto do Astro-Rei , fazendo teu corpo suar , carregando numa só imagem o desejo de todos os homens de beberem o telúrico que imola as tuas ferormonas.

Posso então pôr-te um dedo na boca , e dizer-me no silêncio das eternas trevas , que o eco e o sol poente são as testemunhas dos nossos falecimentos.


Em memória da Deusa
0 Comments

Despedaçado marginal

3/8/2007

1 Comment

 
«(...) So on i wait my whole lifetime
for you
you make me smash the clock and feel
i´d rather die behind the wheel
time was never on my side
So on i wait my whole lifetime(...)»
M.
Despedaçado marginal
E agora espero toda a minha vida
por ti
Fazes com que a dor diga sim
A que todo este ser se parta
Do princípio ao fim
Sinuoso este caminho
Como o frio aço que na ferida penetra
Rasgando-me de uma ponta à outra
E é a mim que recusas absolvição
Como se fosse eu o crime que perpetras
Plantas-te árvores que são a mão aberta
Que ao céu mendigam
Os teus segredos são os beijos que à morte instigam.
1 Comment

    Caute

    Caveat emptor

    Arquivos

    Junho 2022
    Agosto 2016
    Setembro 2015
    Julho 2014
    Março 2014
    Agosto 2011
    Junho 2010
    Maio 2010
    Outubro 2007
    Setembro 2007
    Agosto 2007
    Julho 2007

    Pretérito imperfeito

    Tudo

    Feed RSS

Lado A
  • Casa
  • Miguel Esteves Cardoso / Pedro Paixão
  • Susana Pascoal
  • Ad se ipsum
  • Casas
  • Galeria
  • Recursos