Morreu mais um dos melhores de nós.
E aqui tão perto de mim, que me sinto culpado. Não sabia do inferno pelo qual passava este meu amigo. Dizem que o suicida é cobarde. É falso. A forma como termina com a sua vida é tal, que faria tremer o mais corajoso de nós. Por mim falo, perco demasiado tempo com fêmeas e com a sua natureza, quando os problemas sérios são apenas a capacidade de enfrentar, ou não, a natureza das coisas. O João decidiu privar-nos da sua companhia, de mais um quid que enriquecia as nossas vidas com luz e amizade. A última vez que falei com ele, antes do covid, mostrava uma postura mais adulta, mas penso que já se notava uma desilusão para com a vida. Por um lado, quem ainda se entretém com tagarelices, como mulheres, clubes de futebol e outras tretas, tem sorte. Tem algo que prende, ainda que de baixo nível. Gostava de ter podido valer um pouco mais ao meu amigo, não sei como, porque sinto que entendo todo e qualquer motivo pelo qual alguém se farta e diz que basta desta merda. Acho que seria por ser egoísta, a minha existência é mais suportável, se João, ainda estivesses por aqui. Ao saíres do jogo, tornaste a vida mais fácil para ti, mas amargaste a nossa, que irá sentir a tua falta. A minha vida continua a acumular a memória de gente com quem a qual fazia sentido. Só tu e Deus sabem o inferno que era cá continuar. Apenas posso relatar um pouco que é o inferno cá permanecer, também sem ti. Até um dia, um grande abraço.
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Junho 2022
Pretérito imperfeito
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