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O pequeno daimôn

28/10/2013

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Quer a fortuna que eu viva num latente desespero, tenso entre aquilo a que não me submeto e a gratuitidade de não ter aquilo que desejo.

Quer a fortuna zombar comigo não me dando exactamente aquele pouco que sei que quero.

Que jogo este tão cínico e irónico, parece que sigo o rasto de um animal que se esvai em sangue ferido de morte, apenas para me aperceber que esse animal sou eu e que ando a arrastar-me em círculos.

Servem as relações para ter acesso ao lado humano que o meu está programado para procurar, as mulheres. Gosto de tudo nelas e só as minhas arestas de insegurança me impediram de mais felizes desfechos no que concerne a relacionamentos. Não sou uma pessoa fácil, reconheço, não sei muitas vezes como lidar comigo, e até sou marreta o suficiente para fazer exactamente o que quero ou o oposto do que outrém quer só por forma de teimosia e de vincar o meu ponto.

E acima de tudo, sou algo observador, e ainda ando atrás de uma estrutura. Tento dar sentido às coisas, e não gosto de dar o braço a torcer.

Quase qualquer mulher me arrasta para uma relação, pois não sou muito esquisito em relação à porção de humano que me é dada aprender.

Gosto de tudo nas mulheres menos daquilo que mais as caracteriza, a sua capacidade de vender o corpo coquete como forma de jogo eliminatório, o tal critério que aufere a escolha de parceiro.

Tenho-me torneado em torno dessa questão tão própria e composto formas de imitação, inovação ou rejeição ou seja de entrar ou não nessa dinâmica. Ora nunca gostei muito de sabujar ou arrastar pelo fundo de lagos de maior ou menor dimensão, e muitas vezes sinto que isto é uma desculpa para falta de habilidade em conversas moles. Mas não consigo esconder que a obcessão pelo sexo me cega. É o sexo que me faz ver.

Não me consigo contentar com o sexo do metrónomo, em doses saudáveis e moderadas, só vejo sentido nesse acto tão pouco original, quando me encontro numa maratona para passar além do monte do orgasmo e ver a nova paisagem que se promete. Só a exaustão total é para mim o ponto médio de satisfação. Esqueço-me por vezes que lido com outros seres humanos, que se calhar querem algo mais que serem os veículos do meu Nirvana sempre adiado.

Adoro congeminar teorias acerca da vida depois de exangue de esperma, coberto pela minha sudação e pelo calor dela ofegando perto da minha derme. Ideias e fodas andam de mãos dadas neste meu mundo. Só ao início gostam elas das minhas teorias.

Quando me tomam por garantido ó meus amigos, que o tenho preso por uma vulva, as teorias começam a enfadar e a minha necessidade inesgotável da próxima dose dá-lhes a segurança interna de que o peixe não vai a mais nenhum esteiro no Oceano.

Não me considero mais masculino que o meu próximo, ou mais dotado, apenas sinto o que sinto quero o que quero e exprimo-me assim.

Já nem sei por onde escolher, escolho as que prometem companhia na exaustão, e me saem como beatas indignadas, e as mais impolutas voltam à casa como caracol, assim que a necessidade de transgredir a moral para fisgar o peixe se esvai.

Não sou eu que as saco, são elas que tentam a sorte, e eu vou à boleia nos seus corpos.

Quer Deus que nunca chegue perto daquilo que me faz correr. Tenho nos cornos uma programação que em momentos vitais me faz bamboleante.

Virar-me para os homens também não é solução. Jogam os mesmos jogos, com um pouco mais de virilidade, mas em velhaquice de manual, estão em pé de igualdade, além de que não me atrai. Resta-me o consolo de me pensar em possibilidade de escolher entre o celibato e a devassidão, sabendo desde sempre que nem ao mar nem à terra pertenço eu. Dá-me vontade de colocar anúncio no jornal oferecendo o meu corpo a todas as ninfomanícas disponíveis e fornicáveis, mas já dei algumas fodas a contragosto, e não foi coisa bonita de se ver.

O corpo tem de me agradar e a alma não me desiludir.

Dure o tempo que dure, a fonte seca e me lembro que não sou autónomo, vivo para cona, e mesmo que abdicasse como rei caduco, apenas abdicaria por reacção e nunca de peito livre.

Posso restringir-me a punheta ou a punheta alguma, mas estou apenas a varrer para debaixo do tapete.

Vou construir um harém, e perder o amor em monólogo que tenho. Não o tenho porque não há diálogo. Ao menos na caça ando distraído com  a possibilidade de alfinetar mais uma vítima.

Sempre acreditei que qualquer forma de restrição era anti natura. Não entendia o regramento de Platão, afinal ele tem razão só a a partir dos 40 é que começa a fazer sentido.

Conheci alma semelhante, Susana, mas mesmo ela por vezes fugia. Com duas iguais, talvez os meus problemas estivessem resolvidos. Mas quer a fortuna que eu amanhe o barro que o calcário me dá, e assim nem à mão mato a ansiedade vinda não sei de onde que me fustiga como onda que maralha no farol.

Vejo as jovens ninfetas com as carnes hirtas e debutantes e mato logo à partida os pensamentos de ‘e se...’, pois a paciência que nunca tive se esgota cada vez mais, só de pensar. Resta-me apreciar e deixá-las descobrir-se com pessoas da mesma idade, pois que ave de rapina seria eu estendendo a minha caminhada sobre os pátios alheios?

Belas pernas, boas mamas, excelentes traseiros. Ando todo o dia de óculos de Sol por Lisboa desalmada, para poder comer em paz e em segredo todo o decote incauto, todo o tom de ple insuspeito, todo o menear de anca desabafado. Não há punheta que me compense a obcessão, e se houvesse, já não tinha gervásio para isso.

Caralho da testosterona. Leio por aí as idiotices do desejo feminino igual ao masculino e eu como outros só podemos por as mãos ao sobreolho e pensar onde raio moram essas mulheres quentes e fornicadoras, pois que nenhumas a bom gosto transitam nas nossas ruas. Todas essas conversas mais não fazem que o lugar de placebo para uma ideia de igualdade em relação aos homens que elas querem ter. Já não basta usarem sapatos iguais, querem acreditar que a natureza as fez iguais, mas é problema delas acreditar em quem lhes mente.

Ser homem é um inferno. Pensar em sexo 24 horas por dia, só se deixa de pensar em foder quando a pila dói a cada erecção e mesmo assim só deixamos de pensar quando pensamos em não pensar. Produzem os colhões espermatozóides aos milhões, sem acto consciente da nossa parte. A natureza que em tudo coloca parcimónia e economia de energia e processos, não ia escolher a tomateira do homo sapiens para dar a sua festa de abundância.

Transfiguro-me no acto, preocupado em entregar-me ao prazer, em dar prazer e à espera do Kundalini, mesmo que implique a minha morte, morro sempre na praia.

Nas vezes em que a pila murcha e supostamente o orgulho do macho lusitano decai, sei por minha luta é só uma onda que não beija a praia até morrer por mais mulheres que foda vou sempre ter de olhar este demónio de frente, e afinal isto nada tem a ver com elas.

Reduz-te cara amiga às tuas espiritualidades cor de rosa, de auto ajuda e de energias positivas, eu tenho o pequeno demónio vermelho da testosterona, e por mil infernos passo no que te fascina porque não entendes.

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