Vejo as espuma urrar em recta de aceleração rumo a meu rosto.
Amo-a. Choca contra mim com toda a fúria indiferente de que é capaz. Nada sou entre ela e a parede de rocha em que me encosto. Limito-me a adorar a força com que me envolve, e a agradecer tudo, a forma como se vem na minha cara com espuma e borbulhar indiferente a mim, ao que sou, que nem roça o seu desprezo pela minha existência. Dás-me Susana, com tanta vivacidade de cor, todos os tons que consigo apanhar com as mãos, de muito do que seja uma natureza humana. Os estranhos sms a início, os telefonemas esfíngicos, a troca de pastilha e de línguas lábios nos lábios encostados, no bar do Bairro Alto onde te indignaste por me sentar de lado e eu soube que algum interesse terias em mim ou em estender o teu poder sobre mim, querias-me ver de frente, não não via ainda a parede de rocha colada nas minhas costas, mas já a suspeitava. Munidos com o lastro com que naufragaríamos, trocámos amassos pelo Príncipe Real, fantasia por mim guionada e por nós representada, levada por ti à cena como forma de me captares o interesse. Tinhas interesse em cpatar o meu. Não por medo de me perder, porque nunca me quiseste ganhar, mas por me quereres prender, para servir de reconfirmação, mais uma, da tua auto imagem abonatória de ti, sobre ti mesma. Levei-te a casa e acabámos por visitar o teu quarto onde tantas tragédias e comédias representámos, onde iluminavas a divisão contígua quando acordavas às 3 da manhã para me ir ver as sms do telemóvel...ou quando saias de cima de mim para atender o telemóvel ao teu ex namorado.Bons tempos que recordo com saudade. Ia-me despistando a caminho da Covilhã por exaustão da noite anterior e vi um outro lado do teu bonito rosto, após a embriaguez tomar posse, vi-te mentir, vomitar dormir no carro com outros enquanto esperava por ti, até apálpa-los à minha frente, não fazia, não faz mal.Vejo-te como onda que me passa por cima para chocar com a rocha atrás de mim. Tomavas banho e passeavas nua pela casa de porta aberta para que te vissem da rua por entre beijos conjugais me falavas das performances sexuais de velhas conquistas sempre na fila para um matar de saudades. Vi tantas cores daquilo que sei hoje acalmaste, e tomas freio no calor que te envolve como quando te beijei e vi um sincero corpo necessitado de amor, mas magoado por dentro, e como acalmaste, perdeste a graça...morres agora pelas memórias que magoam cada vez mais assim que as sufocas, e... Eu que adorava continuar a ver todo o Oceano que te empurrava de encontro a uma rocha e o vosso filho afinal teu e do mundo era no fim de contas o meu sustento por entre espuma branca e borbulhas espumantes olho a linha de àgua de frente. Repousa, repousa em paz Susi
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Junho 2024
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