Eram 4 da manhã, e eu não conseguia dormir. Não sei se por excesso de café, se por consciência pesada. Ambos têm efeitos cumulativos. Olha, vou adiantar trabalho teutónico, pensei para comigo, em vez de ficar a rebolar na cama e a ver vídeos de gatos no Instagram. Sempre que aperta uma dose de concentração maior em mim, o corpo pede a dose de estimulante narcótico que vem com o orgasmo. Já ia na 4ª punheta quando percebi, que duas horas se haviam passado e não havia maneira de baixar a líbido. Olhei para a pila e indaguei se não seria mesmo a aspereza da minha mão que lhe retirava sensibilidade e dificultava a vida das gajas que acham que sabem fazer broches. Que tanto movimento de vaivém sob o prepúcio, cria uma gosma parecida com fungos e que toma nome de esmegma. Que se comer muitos doces para sedar a desilusão, aumento a população de candida albicans, e a minha glande fica a parecer a cabeça de um careca com caspa. Cheiro a suor daquele que entranha os poros do nariz até tocar no botão do nojo, há 4 dias que só leio e só escrevo, e quando vou à rua passear a cadela, dá-me vontade de fugir de novo para casa, não conseguindo reconhecer o mundo lá fora, como meu. Mas o lado positivo, é que fiz mais no mês passado que no ano anterior, que isto das gajas, especialmente as parvas, é um desperdício de tempo. Ainda não consegui interiorizar que a grande maioria das gajas que por aí anda, têm uma má personalidade. Má no sentido de serem estúpidas e inadequadas, e não no sentido bíblico, pobres diabos. Não há qualquer reforço negativo em comportamentos estúpidos. São estúpidas porque não existem consequências para a sua estupidez, que não se diluam por uma garrafa de vinho ou numa noitada com o grupo de apoio de amigas encalhadas que reforçam as crenças umas das outras, em amizades de codependência, que visam apenas e somente, fazer sentir bem, seja qual for a estupidez feita. De um ponto de vista abstracto, não me devia incomodar. E não me incomoda, só o suficiente para escrever sobre tal. ‘-Estou apaixonada por ti.’ Olha para mim séria, e espera que eu diga o mesmo. Como não digo, olha para baixo encenando uma cena de uma qualquer peça onde ela exprime que não devia ter dito o que disse, para me convencer…sem palavras mas por linguagem corporal, que aquilo que afirmou é verdade. São poetas, fingem acreditar nas petas que contam. São armadilhas para ursos fingindo que são ursos incautos num longo trajecto pedonal. Acho graça ao mesmo tempo que tenho pena. Sim, tenho pena, porque sei que a vida dela é um inferno, pois tem de viver com ela. Não, não é por ser ‘má’ pessoa. É por não conseguir fazer introspecção desapegada. Não conseguir deixar de ser a omnipresente heroína dos seus diálogos interiores. Ser uma cabra porque não sabe não o ser. Porque se defende, e essa defesa é o que descrevo sempre como meter o outro a arder na noite fria para nós mesmos nos aquecermos. Defende-se de tudo, dela, de um monstro de Frankenstein composto dos pedaços dos seus amores passados, mas apenas as partes mais grotescas, que ela interpreta que levaram à ruptura. Um monstro feito de pedaços de vários homens, que ela assim interpreta, mas que no fundo são o reflexo dos seus defeitos enquanto pessoa. Xou, que não digo que a cachopa tem todos os defeitos e os gajos do seu passado eram anjos soprando cornetas num mapa barroco. Ela interpreta a razão das desilusões, de acordo com aquilo que ela é. Todos o fazemos. Alguns preferem culpar o outro, para se salvarem a si mesmos, no tribunal da sua consciência. Eu sei que não é fácil, por isso bebo e escrevo. E sinto-me comigo mesmo. E salvo-as no juízo final de qualquer responsabilidade que espero nelas. Mesmo quando se vão embora e desamigam nas redes sociais, seja para não mostrar que andam a chupar a pila a outro, seja para se protegerem da visualização da minha presença algures no limiar da sua percepção online. E se o fazem, bem fodido estaria eu se não tivesse aprendido que dizer ‘-Eu gosto de ti.’ é só mais uma arma branca no arsenal destinado a esfacelar a aorta. Uma armadilha para ursos. Pois são como esta puta de mosca, que pousa no ecrã comigo escrevendo às escuras. Não consegue resistir à luz, no meio da escuridão, nem eu lhe consigo acertar a tempo, sem partir alguma coisa. É assim que está escrito, e Deus escreve na pedra. Na pedra dura que é o coração de algumas gajas que são incapazes de não ser as cabras parvas que são.
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