Invejo as pessoas ingénuas, como eu já fui. Já não sou, fui corrompido por dóidóis que do ponto de vista cósmico, são pouco mais que anedotas. A rejeição é amiga, faz-nos crescer internamente. Vai matando também, pouco a pouco, a idealidade. E quão ingénuo eu era. Achava que podia fazer um trato com o mundo, e reunir em mim toda a dor do mundo, para que ninguém sofresse, como se eu próprio alguma vez saísse vivo de tamanha tonteira. Sonhava acordado, sobre a natureza dessa dor que imaginava intelectualmente, mas que desconhecia na carne. Até que me começaram a morrer os entes queridos, e a trair os corpos e pessoas que amei. Meu Deus, que crueldade, desejar para mim a dor global, quando um simples arrufo amoroso equivalia ao arrancar de um membro. Não era a dor de perder um filho, ou de ruminar uma vida vivida em vão, por manifesta incapacidade de entendimento. Ela chupava-me a pila com um entusiasmo profissional, de uma comercial numa loja da MEO a registar a devolução de equipamentos. Com unhas demasiado grandes para acertar atempadamente nas teclas do teclado. Por certo impressionada com outras que o fazendo, pareciam seres de outro mundo, sedutoras, excêntricas. As unhas grandes, as tatuagens, as sobrancelhas a toque de viagra, a aparente naturalidade com que lidam com o mundo, o bâton com sabor a rosas de Damasco, os perfumes com cheiro de hortênsia, as folhas de papel perfumadas do Pierrot. Um arsenal de fumaça que visa conferir ao portador, a mística análoga ao artista de circo que usa poses estranhas no final do contorcionismo. Deixava a língua de fora e arrastava-a solenemente em torno do meu prepúcio. Olhava para mim esperando ver uma cara entregue a si, mas só via uns olhos entregues a perceber. Toda uma ficção que nos faz esquecer que o cu grande, as mamas grandes, e o rosto bonito, não são mais que estímulos a prazo, no fim do qual, a monotonia de uma vida demasiado longa, acaba por matar, recordando a glória passada. Caprichava no felatio, para ter um anzol em mim, para eu a perseguir por ser uma fonte de prazer, rara. Não fazia contas de cabeça. Sabia que se agisse de determinada forma, os gajos do tinder, lhe ligavam mais amiúde. Perseguiam, colocando no colo dela, o poder de aceitar ou não os avanços. Não lhe queria dar o prazer que me fazia vir-me com a sua mestria oral. Quando estava quase a ejacular, forçava-me a pensar nos meus ‘problemas’. Não os problemas burguesinhos do Esteves Cardoso. Não. Os problemas do suburbano que sou. Logo à partida, de não ter o dinheiro do MEC para me permitir ser romântico. É fácil acreditar no amor, quando se tem dinheiro para beber vodka caro e ir todos os meses ao sítio das praias aprazíveis. Ter algo mais que um amargor existencial pela leitura dos mesmos livros de Filosofia, regados com psicotrópicos e seiva vaginal de gajas que acreditam que somos o prémio. Se eu tivesse a guita dele ou do Paixão, também acreditava no amor. Porque ELA não me largaria, sabendo que não tenho dinheiro para lhe comprar um Big Mac, quanto mais uma posta barrosã, nas nossas viagens ao Deus dará na metrópole do império, ou algures na Costa dos Esqueletos. Confrontado pelo voluntarismo dela, pergunto-me se estarei a ser honesto, não admitindo que estou cicatrizado para a vida, impossibilitado de acreditar. Mas depois lembro-me que se a felicidade dela, delas, estiver num pacote de açúcar atrás de mim, me passam a ferro para serem felizes. Pois à caralhos, ninguém impede a marcha de uma mulher em direcção ao que acha ser a sua felicidade. De como cospem no prato em que comeram, se isso for a única forma de mudar de prato. Como, se um gajo não vai ter com elas, é porque é mais um na longa rede de provas da sua inadequação, Não temos direito a estar deprimidos e não querer infectar com tristeza, as deusas. Então, mas espera lá. Teres um blogue, onde escreves sobre as tuas macacadas com gajas, não é uma forma de te vingares de uma realidade, uma natureza que te relativiza? É que não tenhas dúvidas. Relativizam-me a mim, relativizo-as a elas. Esfregando-lhes no focinho, a merda de humanos que são, a partir de um ponto de vista de uma vítima que não se quer assumir como tal. Estou farto que me chupe a pila e puxo-a para cima para a beijar, e na sofreguidão, chupo-lhe uma merda de piercing que tem no nariz. Engasgo-me, fico vermelho até regurgitar o caralho de um piercing narigal de cor verde-tropa. Tusso várias vezes, e quase escarro como que se engasgado por pelo púbico teimoso. Somos meras etapas no caminho delas para a plenitude que nunca chega, senão numa caixa de vinho tinto e areia de gato. No escopo total da vida, pergunto-me, qual é o papel real da rejeição? Nenhum, a vida esvai-se depressa e as putas esquecem rápido o teu nome. Não há forma maior de rejeição de uma realidade adversa, que rejeitá-la com despeito. E eu só quero que se fodam todas. Cá estaremos para ver, a quem o céu estrelado aprova.
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