Já estou habituado. Conheci-a num concerto de Ghost. Olá queres uma cerveja, gosto do trabalho do baixista, queres ir tomar café a minha casa. Ela papava todos os concertos de rock em Lisboa. Era uma viciada em tudo o que dizia respeito aos pequenos dramas e tragicomédias, das bandas, dos wannabes da cena. Contabilista durante o dia, metaleira ao fim de semana. Cuspia informação desnecessária que tomava como fulcral, afinal para justificar a sua opção estética acerca da imagem que queria projectar para os outros. Eu, agente provocador como sempre, ia-lhe perguntando acerca dos significados das letras, das músicas, da comercialidade dos álbuns. Começou a perceber que eu estava a bordo, mas não soprava para as velas. Vibrava com os relatos de overdoses e embriaguez, dos membros das bandas. Era daquelas miúdas que ouvi na C+S molhadas e exultadas com os populares da C+S e as suas façanhas pueris, sob as calhas das águas pluviais levanto com torrentes de água pela cara abaixo. Por escarrarem ao vento, e receber a escarreta, prontamente re engolida, assim que lhes aterrava no rosto. Nas aulas de Físsico-Química, eu e outros tentávamos perceber este fascínio estúpido, pelo aparentemente exótico. Que estupidez, que parvoíce, mas ei, as gajas respondem a isto. Passadas décadas, o gajedo não mudou. Se um labrego de banda rock se embebeda, tem a capa de artista, a braços com as forças existenciais que exigem tributo em gin tónico. Se eu ou outro homem comum, nos embebedamos, somos fracassos da humanidade. Mas estou habituado. Para outras labregas, o facto de conseguir entrar em qualquer sistema ou rede ligada a equipamentos informáticos, fazia de mim um geek, um frustrado com a vida sem virtudes sociais. Se o mesmo acto fosse acompanhado de um cheque chorudo, eis que passo a génio incompreendido num campo previamente validado pela procura laboral que trespassa os escritórios da treta nesta ocidental praia lusitana. Relembro o meu cabo Fuzileiro, quando se virava para nós mancebos exclamando ‘-Mais vale cair em graça que serdes engraçados!’ Foda-se. Já cá faltava o vernáculo, não é? Foda-se. Caralho. Vem com o território. Bebo umas garrafas de branco de Bucelas, e sou um traste da vida. A percepção é tudo. Um gajo que não sabe escrever, ler, mas toca numa banda, ou é famoso, ou importante, ai foda-se que ninguém sabe o que ele passa. Um gajo que não sabe ler nem escrever, mas tem um BMW, mas diz umas piadas…giras e boçais…ai foda-se que é um gajo divertido. O mundo é dos que caem em graça, não dos engraçados. Não me venhas com merdas, a perguntar sobre os critérios da minha aferição. Se eu cito Petrarca, e outro cabrão qualquer repete uma frase da Taylor Swift, ah caralhos me fodam, se não considero que o outro cabrão não sabe mais que um qualquer catavento das modas. E EU, valorizo isso, a cultura clássica, testada por gerações de gente, acima da espuma dos dias, disseminada pelos pobres de espírito, impressionáveis. E caio nesta merda como mosca em vinagre. Em gajas, cujo horizonte mental é tão frouxo, quanto o tempo que consideram ser o da espécie humana. É fácil um gajo ser engolido na voragem. Porque pensamos demais. Do tipo, esta gaja tem um compromisso ontológico com a ideia de que a única forma de viver é com o contexto do seu tempo de vida. Ou seja, quer o passado quer o futuro, são não territórios. U topos sem qualquer utilidade. Esta forma crua de interpretação causa de facto dificuldades, a gajos que como eu, adoram o pito molhado e foder até cair de lado. Mas isso é dar-lhes demasiado crédito, aderem às modas, ponto. Mesmo quando acreditam nas energias do tarot, tal decorre só pelo facto de ser impossível qualquer validação crítica, ergo científica, nas premissas de base. Não tem a ver com ser-se engraçado, mas com cair em graça. Entrecruzo os dedos, coloco-os na minha nuca e forço o crânio a olhar para o broche que me faz. Quase tenho pena dela, porque nem me vê como prémio a manter, nem aprecia o bom chupanço de uma pila. A Flávia ao menos, tinha ambos os atributos. O seu esforço decorre de eu ser o prémio possível e não o prémio final. E tu, topas isso, da forma como te abocanham. Há duas formas de reagir a isto. Três, partindo do suposto que temos de abdicar da ideia de que ter uma relação honesta com uma gaja, está fora de questão, porque não existem gajas, assim. Pelo menos de acordo com a minha experiência. Uma, é fingir e ir na onda. Outra é ser cada vez mais exclusivo. Eu tenho sempre optado pela primeira, faculta-me mais cona. Mas com a cona vem, mais desilusão. Parafraseando o livro de um gajo do Holocausto, é ‘isto uma mulher’? Mesmo o gajo que as tenta alertar para o alçapão sobre folhas camufladas, apenas o faz para que no reconhecimento do perigo disfarçado a gaja agradeça com a sua vulva em forma de ‘obrigado, garanhão dos meus sonhos’. Quem exulta, quer ser exultado, e estas putas são tão pobres de espírito, como eu sou mesquinho e torcido e o diabo a sete. Convidei-a para irmos ao Guincho a ver se sacávamos um pargo para o almoço. Ela tem casa ali para aquela zona, dos pais que estão numa quinta para os lados da Guarda. Sem peixe algum, passámos a tarde a foder. A meio da tarde, ocorreu-me a mim, ir para o calçadão, passear de mão dada. Ela não concordou. Que queria ser fodida de novo. Ó amiga. Fui ao frigorífico, a meio caminho entra a cozinha á entrada da vivenda, e a sala com lareira. Bebi cervejas, vinhos e águas, para me reabastecer de líquidos, agora que o NRP Bérrio, foi com o caralho sucateiro. Chegado ao quarto onde dormia, levemente para se recuperar da foda prévia, coloquei-me de travessão sobre a sua anca apontada ao tecto, e beijando-a na bochecha lhe segredei ao ouvido’-Acorda puta que te vou dar um fodão.’ Mais vale cair em graça.
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