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A maldição do homem comum 2-3

19/2/2024

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Fotografia
(OUVE ESTA MERDA COM O SOM NO MÁXIMO)
​I
Andámos a lutar com os cotovelos aí umas duas horas, o tempo do vôo de Copenhaga a Lisboa.
Quem me manda a mim não ter dinheiro, e não ir em primeira classe?
Que se foda.
Por costume, prefiro fechar-me dentro de mim, esperar que o filho da puta do avião toque na Portela, e depois estendo os braços doridos.
Mas tinha 3 cafés no bucho, que me deixam agressivo, para caralho.
Empurrei-lhe o cotovelo para fora do falo metálico amordaçado por pompom. Ou seja, o encosto de cotovelo nos bancos da aeronave.
Ao fazê-lo, olhei para ela e disse-lhe, voltas a tocar-me e dou-te um fodão que vais contar aos netos.
A tipa, apesar de loura, não era nórdica.
Ficou a olhar para mim como se eu tivesse saído de um daqueles filmes mudos da Républica de Weimar.
Eu ia a olhar para a escotilha, observado o caralho que me foda da noite escura, só para não ter de olhar para ela. Entretanto tirara o meu cotovelo do encosto, e carpia a minha vergonha, por ser parvo à conta da cafeína que uso para compensar as noites mal dormidas.
Uma hora e picos depois do acidente, já estando eu a entrar no sono, ouço uma voz:
‘-Isso é a sério, ou é só jajão?’
Nem percebi, como me custa cada vez mais, adormecer, se era o sonho masturbado, ou se de facto, algo cá ‘fora’ no teu mundo e meu.
A repetição, desfez as dúvidas.
Olhei na direcção dela, e as palavras estavam sincronizadas com o movimento dos seus lábios.
O amor à minha imagem e o colocar-me atrás do que digo, especialmente com gajas, acordou-me.
Perguntei: ‘-Desculpe?’
E ela respondeu: ‘-Isso que disseste que me fazias, é a sério, ou é só treta?’
Foda-se, que respondo eu a isto?
Não ia recuar.
Reais caralhos que me fodam.
Disse ‘-Amiga, se quiseres aqui, já, e agora, dou-te um fodão que sais daqui de gatas.’
Algo no meu olhar raivoso comunicou à miúda que eu não estava a brincar. Algo relacionado com uma era de onde eu vinha, onde a malta era menos maleável, e onde o ânimo por detrás das palavras, as transbordava e não ficava aquém delas.
Calou-se e olhou em frente.
Fiquei sozinho com a minha consciência a chamar-me filho da puta, não por dito que acomia toda, mas por usar o sexo como forma de subjugar uma tipa. Por um encosto de cotovelo. Uma miúda com idade para ser minha filha.
Foda-se.
Caralho.
Que o cabrão do vôo acabe depressa.
Fecho-me como aquele bicho que disseram que provocou o Covid.
Cada vez que Lisboa se aproximava mais um pouco, eu suava um pouco mais com o calor.
Ao sair após a aterragem, cheiro o ar, e juro, ajoelho-me e beijo o chão irrigado de escarretas e beatas, como navegador quinhentista chegado a terra pátria.
Olho em redor da malta que espera a bagagem que circula em oval órbita, e tenho a epifania que devia ter tido há uns anos atrás, estou tão removido do que seja consciência de uma vida comum, burguesa, neurotípica, que viver no meio dos outros, se torna uma luta incessante entre a minha capacidade de adaptação, e o meu sentimento de inadequação.
Tenho de deixar de levar as coisas ‘a peito’.
A mochila com o portátil, recebe um puxão.
Olho para trás e ela exclama ‘-Não penses que consegues fugir, a palavra dada não volta atrás.’
Ó amiga.
Enquanto não lhe vejo o rosto espalmado num vidro de varanda de apartamento na Portela de Sacavém, não descanso.
Mordeu os dedos da mão, para não gritar demasiado alto, e contei 5 ou 6 aviões a decolar, que tinha visto para de onde acabara de vir.
A 10 minutos de casa, deitei-a na cama, cobri-a com o cobertor de casa alugada por uma noite, beijei-a na testa, que de manhã ia para Chaves de onde era originária.
Pus-me no caralho, que tinha merdas para fazer.
 II
Não há maior tesouro no mundo que uma carinha bonita.
E a dela, era fora de série.
Do pescoço para baixo, não parava nenhum engarrafamento, mas ah caramba, tinha uma carinha fantástica para perfil de rede de engate.
Eu já havia saído com ela antes, foi com alguma surpresa que me apareceu de novo nas recomendações.
Por enfado, mandei-lhe de novo um like, e para espanto meu, respondeu como se nunca tivéssemos falado.
Parado a ler a sua resposta, esforcei-me para lembrar em que ano lhe havia pago um café no Louresshopping. Porra, aos anos que esta traumatizada aqui anda, mas depois constatei, que também eu.
Mas eu, é diferente, não quero nada com ninguém a não ser umas migalhas de sexo ocasional, para matar o bicho. Eu não sou maluco.
Mais ponderado, respondi a mim mesmo, elas também, um picozinho de ilusão para distrair de uma vida monótona. Com as caras de enfado sem qualquer entusiasmo, por saberem sempre, que há uma fila de gajos, casados, sozinhos, marrecos, pernetas, sonsos, atletas olímpicos, prontos a entrar em mais uma aventura, a acrescentar mais uma conquista ao currículo.
 
Vendo-me nu, não conseguiu disfarçar a surpresa: «-Tu até és jeitosinho!»
A cara dela era para comigo lisonjeira, senti-me como gaja gabada pelo arranjo de carne que Deus lhe deu.
«-Até?» - perguntei, mas ela já havia passado para a fase de tocar no material com as mãos frias, mas havia dúvidas?, indagava eu para comigo..Tinha de imaginar algo semelhante, adivinhando-me por debaixo da minha roupa. Mas entende-se, que ao vivo e a cores, a imagem até pareça aprazível.
Choca-me sempre q.b. quando dizem isto.
Eu sei que sou bom e que agrado à vista.
Chateia-me que seja uma espécie de surpresa, como que se um contraste entre uma ideia pré-definida e pouco simpática, e um desfecho afinal contra-intuitivo.
Entendo que a imagem lhes agrade e que depois murchem quando abro a boca, afinal, detesto ser convencional e moderar o meu palavreado. Ou pior, apesar do meu palavrado prévio e jeito menos convencional, a gaja, o objecto de estudo, apesar disso ainda vai comigo para a cama, o que revela que o aspecto físico da minha pessoa, é suficiente para relativizar a espécie de amargura generalizada na minha voz, o carácter de constante provocação, a rebeldia mitigada sempre numa ânsia de promessa de acalmia, obtidos os prazeres desta vida, um deles sendo a validação feminina.
«-Ai porra, pensas demais!»
Ter vida interior, especialmente quando a mesma se exprime através de dúvidas, é potencialmente aspecto de seca-vulvas, excepto se esse pensar tenha e seja aprovado por grandes audiências.
Por isso, na minha experiência, se queremos manter a gaja por perto, temos de saber quando abrir e quando fechar a boca. Não ir na lengalenga delas que querem homens em contacto com as suas próprias emoções, sensíveis, cozidos e assados.  Pelo menos, se como eu, não conseguimos entreter conversas da treta.
Eu oscilo entre a brejeirice e a metafísica, chateiam-me as merdas medianas, que são no fundo a vida. O ramram da vida comum.
Por outro lado, também as tentava impressionar com a minha profundidade filosófica, mais uma estratégia de as impressionar e fazer concluir que ceder-me vulva é um acto lógico a perpetuar.
Claramente, o meu ego manda em mim, passando cheques que nunca conseguiria ou conseguirei, pagar.
A minha estratégia estava errada, e o meu carácter de menino da mamã, furta-me a inovar.
«-Ai porra, pensas demais!»
 
E das raras vezes que inovei, saí-me bem.
Isto tudo pensado enquanto ela me chupa a pila, e roça-se por mim acima, brincando com os mamilos em cima da minha glande, num cliché que nunca entendi, só podendo ser uma projecção do que vê num qualquer filme porno, onde o actor é tarado por mamas grandes.
Eu não ligo muito a mamas. De qualquer tamanho, são boas para mim.
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