Intro Sou daquele tipo de pessoas que nos acidentes de viação procura sempre ver a carne e as lascas dos ossos no tablier, e o sangue no asfalto. Gosto de olhar para as pessoas, do baixo da minha timidez, e da minha amargura para com a vida e pensar que dores, ódios, amores, desilusões, abusos, forjaram o corpo e a mente da pessoa que diante mim observo. Sou um vampiro à custa das vidas e emoções das outras pessoas, para depois vir para este blog escrever, para sugar já não a vida e a emoção, mas a possibilidade de atenção. Sou uma pessoa desprezível não é? Não sou frequentador assíduo de blogs e de bares (oh, como passo ao lado da vida...) mas não sei se existem blogs em forma de livro, ou livros em forma de blog, no entanto é o que este pretende ser. Com a perda de alguma estrutura e coerência temática, ganha pela espontaneidade decorrente da disponibilidade do autor. Cessará quando sentir que o assunto já não me interessa. Certa carne é mais tenra que outra. E cerrei os dentes numa personagem por mim criada a partir de uma personagem real. A minha personagem tem semelhanças com uma pessoa da vida real. Chama-se Susana Pascoal, tem trinta e um anos, e é uma rapariga como milhares de outras. Gosta do seu barzito, do seu séquito, disco de vez em quando, um concerto com as bandas da moda, música que não ofenda a sua sensibilidade, autores que se podem encontrar em qualquer livraria. Teve uma infância normal, brincou com bonecas, continua a brincar com bonecos, era fã dos póneis da televisão, foi ao cinema ver «A Branca de Neve e os Sete Anões», via «Os Amigos de Gaspar», hoje vê sitcoms, teve discos de vinil do Avô Cantigas, e usava tranças quando ia para a escola. Teve, tem, terá uma beleza média, o acne da adolescência e do rubor passou-o num grupo de amigas mais feias do que ela, onde por vezes se sentia especial. Há sempre um amor de adolescência e com ela não foi excepção. É segredo, mas perdeu a virgindade no secundário e quando chegou à Universidade já sabia que não tinha mais nada a aprender acerca do amor. Encontrou alguém, a quem se agarrou, não interessam os motivos, até uma personagem tem direito à privacidade, mas era uma âncora para o mar incerto de andar de braço em braço sem nenhum abraço chamar seu. É como todas as mulheres um poço de aplicação e abnegação e acaba o curso no tempo regulamentar e safa-se na vida num recanto da função de todos. Começa a planear e a efabular a vida futura...Algo acontece e esse sonho desmorona-se. E muito mais coisas que se revelarão por si. Mas é este acontecimento traumático que nos interessa. O ponto de passagem da minha personagem, para a pessoa real (aliás a sua justificação enquanto existente - da personagem ou da pessoa?!!) é um acontecimento traumático já por mim observado algumas vezes. Chamo-lhe muitas coisas, mas gosto de ver este tipo de trauma como um puxar de tapete debaixo dos pés de uma pessoa. Chamo-lhe «a queda». A queda do virtual para o real. Virtual de sonhos, aspirações, desejos, fantasias, para o real da vida crua e sempre além das expectativas. No fundo, o lodo em que me movo, é o do absurdo. Partindo de Camus, comento-o, é que se para ele o absurdo é o silêncio do mundo à tentativa de doação de sentido por parte do homem, a queda é o ruir desse sentido. A partir daí nada nasce. Gosto de esmiuçar estes acontecimentos porque eles representam algo que força o fio da tua vida a um rumo diferente...nada será igual a partir deles... Fio...nó... Como qualquer nó, este que a minha Susana tem, é a interrupção de um fio. Digamos, simplificando, que o fio é a sua vida. O fio que entra é o mesmo que sai. Mas não é o mesmo fim. Tal como os restos mortais que sobram após um destes acontecimentos, não são a pessoa de outrora. O fio após o nó não é o mesmo. Mas antes de falar de mim, enquanto ficção de mim mesmo, falemos da minha Susaninha. É a minha ferramenta de verborreia. Algumas ideias e expressões literárias de minha safra serão transmitidas através dela. A custódia pela personagem foi um processo longo e penoso, mas terminou num empate, nem ela foi encornada, nem eu tenho de pagar pensão alimentícia, ou direitos de autor. Optei partir de uma personagem real, pois a personagem real que escolhi é já um símbolo que subsume o tipo de pessoa, temáticas e problemáticas que a personagem virtual pretende reflectir. A Susana é só um pretexto para o texto. A queda, mostra-nos com clareza cristalina como a alma das pessoas é frágil, e sensível aos acontecimentos, e que não tem de ser tratado a não ser com a ligeireza com que um assunto sério merece. Sou daquelas pessoas que gosta de ver os acidentes, a carne e as lascas de osso no tablier, o sangue no asfalto. O trauma é também um acidente. Gosto de saber para onde o carro ia, a que velocidade, qual o trajecto percorrido, quais os erros do condutor, se a estrada estava em conduções...chapadas da vida como se diz nas conversas de bar... Trama, tédio, ilusão, desespero são os ingredientes deste monólogo na primeira pessoa, a Susana o meio pelo qual eles se misturam, não vejo motivos para que estas letras não sejam um best read... (...) Susana Pascoal 31 anos, solteira, entre relações públicas, psicologia, Sociologia, aposto que és formada em Sociologia. Durkheim não engana. Muito poucas empresas contratam licenciados em Sociologia, portanto aposto que trabalhas num organismo público, o que se comprova pelo afinco com que dizes que és muito ocupada. É típico dos funcionários públicos. Fisicamente, és bonita, nada de espampanante, mas já comi pior e a pagar :D Para o meu gosto falta-te um bocadinho de carne, mas também não acho graça a morenas. O rabo não da para ver, mas pelo diâmetro da cintura, tens um belo exemplar. Mas tens compostura e brio contigo, o que é manifesto, especialmente na forma de vestir, apreendida em duas versões diferentes, ambas extremamente normais. Sabes que o normal agrada a toda a gente... És a namoradinha perfeita para casar, do senso comum, és convencional e normal de tal forma que és boa para mostrar aos amigos. Sim que isto funciona por hierarquias status quo e cenários. E tu que leste Durkheim, sabes disso. És, como toda a mulher convencional, observadora da moda convencional. Por isso mesmo, és um objecto de desejo. És apresentável e é o que toda a gente espera que seja o mínimo denominador comum de uma namorada bonita e de acordo com estatuto médio. É também nesse meio que procuras as tuas relações, que isto de andar com pés rapados não só vai contra o teu desejo de mulher de 31 anos de constituir família, como achas que mereces um homem no mínimo com o mesmo estatuto que tu. Como és bastante solicitada, já deves até ter casado ou vivido junta, com alguém. O motivo da separação, é que não vejo sequer descortinado parcialmente. Trocou-te por outra? Mais bonita, de melhor estatuto, não creio. Talvez se tenha fartado de ti, o que te deve ter custado atrozmente. E provavelmente ele foi o namoradinho que esteve contigo durante a formação, desde o secundário talvez, onde achaste ter uma sorte imensa em o ter para ti, e após alguns anos começaste a acarinhar a ideia de constituir futuro com ele. Talvez. Talvez tenha sido por não suportar a forma como és dada. És impulsiva. E essa impulsividade de certeza que já te trouxe dissabores. Reparei na forma como agarras o copo, numa das tuas fotos. A genica, a falta de delicadeza demonstram uma vontade só domada por um instinto ainda mais forte. A tua racionalidade é marioneta do teu desejo e depois dás com a cabeça na parede. Talvez ele não tenha suportado isso, talvez não tenha tido mais vontade de continuar a ter paciência...talvez se incomodasse com outros. É bom o corpo quente de um varão encostado ao teu, promessa latejante de prazer, força que espreita por debaixo de cada músculo, de cada nervo e esgar arfante, tu ondulando no prazer que cavalga a força que te pode desfazer como se a dominasses, és tu a brincar com o fogo, e dominas a teus olhos, pois todos te tratam como uma princesa...com a sudação e o arfar a meio de uma noite quente, que o teu corpo exige, demanda entregar-se. Por vezes consegues controlar, outras não, e ele talvez se tenha fartado disso e não se quis sujeitar. Talvez, talvez. És uma contradição, na forma como agarras o copo, és sincera e cruamente natural. Mas és tudo menos sincera. És uma jogadora. Jogas com os homens, brincas porque também é fácil brincar com eles, e nisso assististe a uma metamorfose desde os teus tempos de secundário, onde de borboleta, passas a viúva negra, porque na tua teia só moram agora os restos mortais das memórias passadas de corações destroçados e sonhos destronados de antigos amantes e aspirantes a tal. Como as coisas não resultaram, foi como se te tirassem o tapete debaixo dos pés. Foste-te abaixo, custou. Muito. «You say One love, one life When it's one need In the night One love We get to share it It leaves you, darling If you don't care for it» Moraram uns anos juntos, mas com a separação tiveste que refazer a tua vida, talvez numa casa nova, ou talvez na casa dos pais. Aposto que foi para uma casa nova, hoje em dia a segurança do trabalho estatal permite isso e tens a mania e o orgulho de que és independente. Na tua casa nova incomoda-te a falta do que sonhaste, e por vezes quando o corpo e o sangue apertam, levas um amigo para partilhar o leito e o sexo. Mas não podes, nem queres, nem consegues ver-te numa relação. A tua vida está confusa, tu estás confusa, estás no meio do deserto sem ponto de referência. Repito, acho que és uma pessoa muito carente, e estás muito desorientada, não podes nem queres envolver-te com ninguém. Julgas que tratas os homens e os seus desejos por tu, és uma jogadora, uma sedutora, no fundo não passas de uma menina com uma varinha de condão que descobriste e manuseias com exactidão, plenamente convicta em surdina de que o teu horizonte temporal de fascínio, já teve o seu jubileu, e na medida em que a areia se afunda no funil da ampulheta, também o que tens a teu favor, se torna numa corrida contra o tempo para voltar a sonhar e a concretizar o sonho antigo. O doce sabor da boca que te beija, da língua que te arrepia, dos dentes no lóbulo da orelha que te faz tremer o corpo, os lábios que estrangulas com os teus, os gemidos que soltas quando meneias a cabeça ao som da brisa que promete o prazer quase a chegar, o desejo tão forte que parece que a carne é o empecilho de dois corpos que querem deixar de o ser, a fonte que te escorre entre as pernas, quentes as tuas coxas, inebriante o teu sumo, sentires dentro de ti o outro e o espasmo em que a Natureza fala a sua língua e encarquilhas como as folhas secas do Outono, após te tremerem as pernas...amor, quando fores velha, apenas levas as rememorações... Mas não consegues. E pensas que já passaste por muito e que a vida foi dura para ti, e isso dá-te uma falsa superioridade moral, porque a tua vida não passa dos mesmos lugares comuns, de projectos não teus projectados em pessoas iguais a ti, e que formam uma espécie de fraternidade de desconhecidos íntimos, e não apenas nos bares e discotecas que frequentas, na Ericeira e não só, e dá-te uma sensação de exclusividade e bom gosto, não é? Para ti, bom gosto é apreciar um bom vinho, não porque lhe sintas o sabor e ele te transporte, mas porque ao sorver o líquido estás a fazer o que é apanágio do estatuto, aliás quase tudo o que aprecias é uma escada para um degrau mais acima, especialmente algumas canções de que citas os poemas sem os teres ouvido na pele e ruminado em silêncio. Mas os homens não têm, desde então, passado de uma procissão de desilusões, porque não os respeitas...Uma voz de mel, um sorriso na altura certa, um beijo que eles dão pensando que te conquistam a pulso, quando és tu que te armas em sereia e eles não têm cera nos ouvidos (desta vez é à Odisseia que tens de recorrer), e voltam a casa com o coração cheio, mas tu só paras quando os levas à loucura, quando satisfazes a voracidade que te arde no baixo-ventre, olhas para o lado e cospes para a vida vitupérios por não te fazer apaixonar por ninguém, e por os homens serem todos iguais, tão fáceis, e o demónio mora no teu sangue e dele não sai por isso o desespero aumenta porque sabes que não adianta fugir. És a pessoa que eu não conheço mais manipuladora e calculista. E és transparente para mim. A forma como agarras o copo é um meio caminho entre a «classe» que achas que deves ter, e o bastião a que te agarras para te sentires integrada num falso grupo de pseudo hedoneidade. ( não confundir com idoneidade) A forma como te ris para a foto, é uma forma não sincera mas ainda de manutenção de personagem. É o mundo que conheces e o que está fora dele, deixa-te pouco à vontade. Sabes portanto, jogar com os homens, e já pouco te surpreendem. Susana, és água morna. Gostas de música de chill out, Gotham Project, e semelhantes, vibras com tudo o que esteja na moda, ou que esteja na moda por não estar na moda como Bob Marley...tu que nunca fumaste um charro, ou pensaste na denúncia social, ou como será viver em Kingston. Gostas de música, de música de surfistas, e de surfistas. Mas não por fazeres surf, ou meteres o corpo regularmente dentro do mar. Parcialmente porque é in. Na foto 2, o teu sorriso é de complacência para quem faz um disparate disparatado, ao teu lado. São estas «maluqueiras» parolas que te agradam, e trazem boas novas do inesperado da vida. Do seu colorido. És complacente com esse lado da vida, porque a tua já te dá uma superioridade moral, tu a menina que já sofreu tanto, que se julga acima das parvoíces bem aceites dos outros. Não te apaixonas ou deixas apaixonar, porque já não acreditas. Não porque tenham sido uma desilusão, mas porque pensas que já dominas o jogo por completo. Contigo ele é jogado indiferentemente para os sentimentos rápidos dos homens que te querem. A casa recente onde moras, numa qualquer urbanização cobiçada ou com qualidade visível por fora e vizinhos atentos e preconceituosos como tu, deve ser demasiado grande para o teu sonho ou projecto de vida futura e deves precisar de algo que te preencha o espírito, como Yoga, sessões de massagens, body pumps ou qualquer outra actividade que te preencha a espiritualidade, esteja na moda, e acima de tudo te relaxe. «Love is a temple Love, a higher law Love is a temple Love, the higher law You ask me to enter And then you make me crawl And I can't be holding on To what you got When all you got is hurt» Términus Vou terminar. Aposto que deves estar indignada (vais dizer indiferente) comigo. Pensas que não gosto de ti. Se pensas isso após ter escrito 6 páginas ter passado o hi5 a pente fino, és mais burra do que o que pareces, meu cotão de ternura. :D É caso para perguntar « Did I disappoint you Or leave a bad taste in your mouth?» Eu só respondo com uma das minhas partes preferidas da canção « Well, it's too late Tonight To drag your past out Into the light We're one But we're not the same We get to carry each other Carry each other One» E carrego-te deveras dentro de mim, para sempre, a não ser que me dê um AVC e eu me esqueça de mim também. Porque ao escrever-te não foi pena que senti, mas uma enorme ligação contigo, uma pessoa que não conheço, para afirmar sequer um terço do que afirmei. Mas o que afirmei, vem dos olhos de pensar em ti e de ti, como já te disse, e não mudo uma vírgula. Foi muito bom, muito bom ter falado contigo, tão bom que tenho o coração com ternura sempre que penso em ti, apesar de seres uma parola e utilizares os «esquemas» mais que batidos que todas as mulheres usam para efectuarem os seus jogos. É evidente, mas nada censurável. As pessoas são feitas de hábitos. Esta carta, é como eu, e tu. Só tem princípio e fim, não tem meio. Eu interpelei-te, eu termino a interacção. A tua vida só tem começos, fins e poucos ou nenhuns desenvolvimentos. Com os homens, começas e acabas, não desenvolves. Com a tua carência, só a sentes e satisfazes, só a vês nascer, e trabalhas na sua morte, não a pensas e ruminas, como se fosse coisa de ruminar ou pensar. Irónico, para uma pessoa tão mediana, não? E agora a afirmação mais pretensiosa que já ouviste... Eu, que não te conheço, fui a pessoa, não familiar, que mais gostou de ti. E não perguntes porquê porque não ias entender. Só tenho um pedido, amor. Do mais fundo de mim, Susana, sê feliz. Tu sabes que não é difícil. Até sempre meu amor ignoto :D fica a saber que no desconhecido há algo que sente por ti. Carrega esse pensamento, tal como te carregarei na memória. Imaginando o teu cheiro e o teu gemido. Até sempre meu amor. «One life But we're not the same We get to carry each other Carry each other One ... one» (...) One Olá amor. Nunca pensei que estar fora do país, ou que os átrios de hotel servissem para alguma coisa. Neste caso serviram. Para ajudar a difundir pornografia pelas caixas de email de amigos e amigas. E para escrever isto que agora lês. E como quartos de hotel com televisões aleatoriamente plantadas são sempre altares de solidão, como as cidades nem sempre têm um clima acolhedor, como nem sempre a liturgia do bar e da discoteca são as minhas preces que estou no apetite de cumprir, prefiro uma garrafa de velho líquido de malte, um sofá confortável, e não me ajoelho, mas junto os joelhos como se fosse tímido, para portar o portátil. Ora, isso justifica a atenção exagerada à tua pessoa, até antecipada, que pode ser confundida com engate farsola, ou estupidez grave, o que grave seria, se eu me preocupasse minimamente com isso. Poderias até perguntar, porque é que embiquei contigo, porquê tu. Não sei, ou melhor, desconfio. Partilhas aparentemente de gostos meus, apesar de seres tão, tão convencional. Já exclamas, «-Que arrogante!», pensa que é diferente dos outros. Não penso, sou. É bom, e é mau. Mas como já estou habituado, e como gosto perdidamente de ser assim, detesto tudo o que é cliché, e por aí vem o espanto do confronto entre ti e mim, mim, que me acho diferente, tu que acho semelhante a tudo o resto. Ao dizer isto não estou a dizer que és mais uma, que és igual a todas as outras, que não vales nada, que eu é que sou bom, nada disso. Digo só que no pouco que apreendi do teu modo de operar, pensar, és clara e transparente, e não diferes no comportamento de tantas outras pessoas a quem dou atenção da mesma forma. Sou curioso, especialmente pelas pessoas, e gosto de as testar e brincar não maliciosamente com elas. Foi isso que fiz contigo e provavelmente o que fizeste comigo. Tiro prazer disso, não é um problema em nenhum senti para mim. Não estás a ler uma justificação. Estou a falar para mim através de ti dos teus olhos. Estás a ler um diálogo de mim para mim, a analisar o meu comportamento que analisa o teu. Não és aqui nem perdida nem achada, e só recebes estas letras, para pensares duas vezes antes de chamar a polícia, e para mostrares às tuas amigas que tens um perseguidor, um admirador, um pervertido ( o que quer que lhe queiras chamar) atrás de ti. Vai mais longe e diz aos teus amigos que te faço propostas indecentes e persigo compulsivamente e devasso privacidade, diz que te faço ameaças à vida. Vai ser bom para ti, que penso seres tão carente de atenção, toda a gente a sentir por ti, «-Coitadinha...» podem até fazer uma reunião lá em casa e planearem uma acção de espancamento. «And I can't be holding on To what you got When all you got is hurt» Como vês dou-te algo, para poderes sorver mais um pouco de atenção, meu amor. E não quero nada de ti. Repito, não quero nada, nada de ti. Até que esta seja a última vez que «falamos», pois que mais há a dizer? O interesse que tinha em ti, diluiu-se já fiz o perfil de ti que precisava para entender o contraste entre nós. O único fio de carne que nos prende, é tu poderes confirmar se o que eu digo se confirma ou não, mas nem isso é importante porque eu tenho tal confiança nos meus poderes de observação e análise, e a experiência raramente me mostra errado, que mesmo que contraries o que direi, não aceitarei facilmente a correcção. Disse «- Até que esta seja a última vez que «falamos» » porque não é final, porque de mim nunca ficarás sem resposta, mas se nada me disseres também não tenho mais nada a dizer. E não direi. «We're one But we're not the same» E sabes o que é mais engraçado? É que acho que raramente brincaram contigo, e desta vez comeram-te as papas na careca por duas vezes. Uma, parolamente, foi quando utilizo uma táctica de triangulação usada nos radares, neste caso bastou analisar o perfil dos teus amigos e amigas filtrar as susanas, observar estatisticamente a probabilidade de ocorreres em perfis diferentes e eis que tenho 90% de certeza de que a pessoa que penso que és nas fotos é aquela que és realmente. O teu perfil é psicológico, mas baseia-se no que dizes, como dizes e na tua postura no momento das fotos além do olhar os teus olhos, e cabelo na tua cara feia. :D É o que faz «teres a mania» de seres esperta, perfil sem foto para ninguém te topar, e depois quando te falo em foto, respondes «-Brevemente.», como se fosses tu que mandasses no jogo, ou como se estivesses a falar com alguém amorfo, que ficaria em suspenso da tua boa vontade. Se algo interessa, vai-se atrás. Mas deves ter muitos «admiradores» a fazer isso, não?! :D Outra foi, que sem dares por isso, eu roubei-te um beijo. Se o beijo é uma troca íntima entre duas pessoas, à superfície da pele trocando a respiração que nos vem de dentro, onde ambas se confundem porque se misturam, onde as línguas tentam sempre ir mais fundo no ser do outro que se beija, fora de lirismos, foste beijada contra a tua vontade. Através da maior superficialidade, alguém, que nunca te viu tentou apreender o que de mais profundo de ti poderia ser apreendido neste meio de comunicação, entregou-se às imagens de ti que pensou encontrar, misturou a sua interpretação com aquilo que realmente és, e o resultado é algo que reconhecerás como vagamente teu, como é o sabor da pessoa que beijamos, na palma da nossa língua quando apartamos o beijo. Fora de lirismos. Unidos estamos na minha interpretação, algo de mim com algo de ti. Estiquei os braços para ver se te apanhava, mesmo que sejas horrível, eu sou o princípio activo, és apenas a boca a quem roubei o beijo. E mereces, porque não sei porquê, nunca escrevi tanto para ninguém como para ti, estranho, mas a vida é uma surpresa. Vais negar, com a mesma convicção que eu nego a tua negação da minha interpretação ( acho que o Teco teve agora um colapso), mas o que é certo é que eu provei-te. Sem nunca te ter visto, sem ter ter tocado, cheirado, observado ao vivo. E a minha Susana, não é uma ficção. O resto que possas dizer é irrelevante. Como se diz na minha terra, toma e embrulha. (...) Aguardo, Sangro Menina de maninhos dedos Torvelinhos de amor Na boca incrustados Exalo o ar rarefeito Dos seus medos Ecos de ancestral dor Sonhos em terra prostrados Aninhados no seu peito. Apesar dos cardos e rochas Que no meu caminho se agitam Os meus beijos foram as tochas Das únicas sombras de amor que se avistam. (e em lume brando não se alistam) Procuras aqui, reflexos de um espelho Sobre ti tal é o medo da opinião alheia Sombra sombra do receio tão velho Nascido de uma visão do mundo tão tão feia Rubicão, zénite equinócio segredos Em íngreme subida pela pele suada Ofegantes suór, cabelos suspiros e degredos De voracidade não não não mitigada. Montanha triângulo perto do vértice Mais alto a seguir se segue baptismo O caos a desrazão cesso o juízo no vórtice Do meu desassossego, mergulho por fim no abismo. Linguagem além desta mensagem Em palavras ocas traduzidas Traduzindo a fugaz miragem Em fotos de uma longínqua menina...à luz trazidas. (estás satisfeita? De ti falei pela memória...) O gongo soou E nada agora termina Quem sabe que amou, Está sempre no dobrar da esquina. _ _ _ O azedo mora no teu vómito Quem sabe se ainda estás em jogo Sim? Não?... Se sim fico atónito Porque após a força da tua negação... transforma o gelo em fogo. Desgasta-se o amante Em jogos de rins Mas te enganas se julgas A mins Com os mesmos medos que tu Sou capaz de me entregar Colocar completamente a nu A dolorosa não me mete medo E eu sempre te disse que tenho vísceras vivas E só o medo menoriza Tens com o teu vivido Eu com o meu morrido, Não tenho medo, Só teme quem tem algo a perder Eu nada tenho a não ser a memória da tua pessoa Que só desaparece quando eu desaparecer Nem me vou destroçar Porque ninguém nunca por ti teve tanto bem querer Tanto beijo terno por dar. Só o medo mata. Faz anos que não tenho medo. (enquanto formos bonecos animados um para o outro jamais seremos Homem e Mulher) -são mais que quatro os olhos que aqui vão jazer - (...) Front 242 - Headhunter Today he has no means He's a lone man anonymous But written in his cells He's got the marks of a genius I'm looking for this man To sell him to other men To sell him to other men To make us rich and famous One you lock the target, Two you bait the line, Three you slowly spread the net And four you catch the man! I'm looking for this man To sell him to other men To sell him to other men At ten times his price at least I'm looking for a man Who knows the rules of the game Who's able to forget them To realize my aim One you lock the target Two you bait the line Three you slowly spread the net And four you catch the man Caçador… Agarro-me a ti de garras afiadas de forma mais brusca que ao copo, quero-te rasgar a pele, feri-la, morde-la, deixar dela jorrar o sangue, impuro, pestilento do teu corpo… Carregas uma arma, um punhal, e procuras atingir meu coração desenfreadamente. Falhaste o alvo e atiras ao lado. A tua sobrevivência dependerá da minha morte ou pelo contrário morres quando eu morrer? Sinto-me exausta, estou cansada de lutar contra os teus moinhos de vento, estou farta de lutar contra ti, de me justificar, de tentar erguer o meu nome que estendeste na lama. Também não tenho de o fazer. Insulta-me, enxovalha, odeia-me… o que é isso perante a graciosidade, a grandeza do meu verdadeiro ser. Mato-me aqui para ti, de forma rápida, tal como apareci deixo de existir. Adeus Morri. Susana Cadáver Ressuscitado «Giunse alfin il momento Che godrò senz’affanno In braccio all’idol mio. Timide cure, Uscite dal mio petto, A turbar non venite il mio diletto! Oh come par che all’amoroso foco L’amenità del loco La terra e il ciel risponda, Come la notte i furti miei seconda!» Mozart, As Bodas de Fígaro (Suzaninha) «Se as mulheres conseguissem gostar do que gostariam de gostar seríamos todas felizes. As pessoas ficariam na miséria, mas as almas andariam nas palminhas.» MEC, A vida inteira, p. 51 Letras não são tretas caro leitor. Basta olhar para as mulheres belas, atraentes, que diante de si caminham. «-Mortas?!» - exclama o positivista uranista de determinada ideia de o que seja a razão. «-Mortas.» - exclamo eu, o pessimista das ciências humanas, como se existissem outras. Há dois tipos de morte, caro leitor. «Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber», já dizia o poeta. A morte física nem é a morte mais importante. È apenas uma morte por deficiência do material. Não uma morte onde o material se torna supérfluo. Eu explico. Quando morremos, é porque não conseguimos continuar a viver. Ou os orgãos falham, a combustão do oxigénio faz das suas, a replicação celular, dá de si, ou seja, envelhecemos. Ou... Ou, morremos estando no pleno da força da nossa juventude. Há a morte não do corpo, mas da energia que o anima, eu chamo a essa energia fé e esperança, a um mesmo nome, amor. Não apenas um sentimento de um futuro em aberto, mas uma crença profunda no valor de existir, de que vale a pena. Imagine o querido leitor e a devota leitora, no que se transforma a vida quando nela não se acredita, a ponto de a morte se tornar igual à vida... Pois bem, acertou... a vida transforma-se em morte. Por dedução lógica, aquele ser vidente que passa pela vida como um adiamento do fim desta, é o mesmo que aquele que está morto. O contrário de estar vivo não é estar morto. É não estar vivo. Estar morto, é contraditório, e não contrário a estar morto. Paradoxal, porque se contraditório, nega a evidência de se estar vivo. Estar morto não é uma condição, e até que alguém me diga que estar morto é estar como não existente, mantenho as minhas reticências. Este palrear todo, para introduzir o leitor nesta minha posição de que há gente viva que está morta. Conheço muita gente assim. A minha doce Susaninha foi a última que conheci. Interessa-me sumamente como personagem literária, texto para pretexto, mas é tão convencional que pode servir de etiqueta, subsumindo todos os cadáveres que infestam por aí o ar. A importância de falar em morte e amor nos mesmos contextos e parágrafos, é uma evidência que o próprio leitor e leitora podem comprovar, no conforto da própria pele. Nenhum ser humano, a não ser que já falecido, concebe a finalidade desta vida, ou seja a felicidade, sem a relação amorosa. Curioso, não acha caro leitor, como se associa a finalidade a felicidade. Fim, e feliz, são irmãos de mãos dadas, e com isto não falo em suicídio. Embora amar seja uma forma de suicídio. A não ser que tenhas a capacidade de por ti mesmo (a), ressuscitar. Como? Não deixando que a morte te mate. O que é a morte? Deixar de acreditar na vida. Deixar de acreditar na vida é deixar de acreditar no amor. Muito aéreo? Muito teórico? Muito abstracto cara Susaninha? Nada como juntar uma pitada de diluente. E eis que transcrevo a minha experiência com o cadáver Susana. No cadáver, não há muito a conhecer a não ser a causa da morte. Interessa-me saber como morreram. Não vagueando, aqui deixo o meu encontro com a Susaninha. O meu engodo, era saber qual o seu trauma. O dela era o despeito, por mim, por ter feito pouco das suas capacidades de sedução. De ter mancebos a suplicar pela sua atenção, a bajular, por dá cá aquela palha, enfim, toda a devoção que os sedutores gostam, a saber saberem-se ser a religião de alguém. Ora sendo eu agnóstico, não sou facilmente seduzido, a não ser com a promessa de descobrir uma peça defeituosa num motor que funciona mal. Já sei qual é a avaria, mas quero confirmar. Ela anuiu no encontro, não por interesse na minha pessoa, pas pelo despeito que já confidenciei. Ela sabe-se vestir. Nada de mais, mas assenta bem. Nada de roupa de casamento para o Bairro Alto, mas a roupa denota um espírito que se ocupou de como ficaria sob aquelas vestes. -Olá! – joguei-lhe com um grande sorriso. -«Olá»- retorquiu ela com fingida reserva, e com expectativa para com o tipo de pessoa que eu seria. -Então tu é que és a Susana traumatizada... – e ri-me da minha própria piada-quebra-gelo-encavaca-a-miúda. -«Eu não sou traumatizada!» - responde. Previsível. Nunca uma mulher responde de acordo com a vossa perspectiva, caros leitores. Não negais, devotas leitoras. Isso seria dar algum tipo de razão, seria admitir que parte de vossa ideia acerca delas estaria acertada, o que a circunscreveria a algo a que elas não gostariam de estar limitadas. A mulher não gosta de limites. Até ao pavilhão chinês, a conversa foi como ela, convencional. Onde trabalhas, o que fazes, não é normal falar com pessoas que conheço na net, não gostei que tenhas dito x e y, e como conheces o Nuno, etc. E lá fomos respondendo, impacientes pelo passar dos preliminares. Eu esperava ansiosamente até poder começar a dedilhar as cordas dela, a ver se cuspia a música que eu esperava. Ela, a ver se eu manifestava o comportamento análogo ao que ela estava habituada, dos varões que a querem facturar, mesmo que o neguem. Finalmente, sentados um em frente ao outro, disparei : - Susana Pascoal, és uma traumatizada de guerra, um cadáver - e comecei a rir-me quando me lembrei que pessoas convencionais podem levar a peito esta afirmação. -«Porque é que dizes isso?»- mostrando surpresa pelo aparente disparate que eu acabava de dizer. -Porque acho que és uma pessoa amarga. -«Não sou João. Eu saio à noite, e tenho muitos amigos, tenho uma vida feliz, divirto-me.» -Mas eu sinto que há um desencanto. -«Não há desencanto. Pura e simplesmente há encontros e desencontros. Ainda não encontrei a pessoa certa é só isso.» -A pessoa certa para quê? -«Para passar a vida.» -Há uma pessoa para isso? -«Acho que sim, espero que sim.» -E as outras? -«Não sou de curtes, ou one night stands...» Se eu tivesse gravado as conversas de outros cadáveres, teria colocado o gravador, na redonda mesa do Pavilhão Chinês, ao lado do bule do chá e teria escutado sozinho as mesmas respostas, as mesmas palavras. Havia-me esquecido da minha intenção de seduzir o cadáver em casa, ( do mesmo modo que gosto de seduzir fufas porque sei que são casos perdidos), e resolvi insistir. -Susana, eu acho que houve um acontecimento na tua vida, que condicionou todo o comportamento daí em diante. Foi uma ruptura, algo de muito importante para ti. E a tua atitude desde então, com os homens, com a vida, está sob essa sombra. Já sabia que ia negar. Surpreendentemente, negou. Fingiu o que todos fingem, um à vontade com a vida, que faz aceitar as suas vicissitudes. Franziu o pescoço, meneou a cabeça, e disse que apenas, apenas, tinha tido um desencontro. Caro leitor... Eu fui para confirmar um óbito, não para encontrar uma pessoa desaparecida. Insisti: -Tinham feito planos futuros. Acordavas de manhã com ele na cama e ficavas a olhar para ele e a pensar se o que o teu coração te dizia era que ele ia ser o pai dos teus filhos. Ficavas abraçada a ele a sentir o seu oscilar com a respiração do sono, revias a tua vida até ali, até ao momento fundamental da passagem de genes à geração seguinte. Quando terminou foi como se te tivessem tirado o tapete debaixo dos pés, todo o trabalho de auto hipnose que é o amor, te trouxe , para o mais fundo dos abismos. Tudo o que teu coração havia construído, ruíra. Não interessa de quem foi a culpa, dele ou tua, condiciona na mesma a tua resposta aos que a seguir se seguem. Deixaste de acreditar, mana. -«Não.» -Eu sabia que ias dizer isso. -«E então?!» - O amor, Susana, é um estado de espírito que construímos para nós. Mas somos espirituais, há muitas variáveis. Não há o amor em si. Só uma interpretação auto induzida.» -«João, isso é literatura.» -E aquilo que julgas que a vida é, ou que julgas que tu és, é o quê? É uma verdade matemática, queres ver... Um homem é capaz de tirar o tempo para te escrever ou imitar um poema, para te saltar para cima em tons de chique...mas quantos estão dispostos para mexer na merda e no lodo das tuas memórias irremediáveis? -«Não é outro método para me foderes?» -Acusas-me de psicologia invertida. Uma foda contigo não passaria de uma punheta indirecta. Pouco mais me interessarias, que a interpretação de ti. -«João, letras são tretas.» -Tens razão. Deixa-me descer para entenderes. -«Obrigado.» -Beija-me. -«Não.» -Está bem. Eu já sabia que não havia conversa possível entre nós. Talvez o caro leitor fosse mais hábil. Mas eu detesto lugares comuns, e o consenso é um lugar comum, especialmente quando leva para a cama. Peguei no meu casaco e fui-me embora. Sentei-me no jardim, a olhar para baixo, para a mais linda Lisboa. Seguiu-me. Não lhe disse nada, levantei-me, agarrei-a, apertei-a contra mim, agarrei-lhe os cabelos pretos, ou alourados, ou o que raio é aquilo, e minei a boca dela com a minha língua. Apertei-lhe o rabo contra o meu falo hirto, como se a fosse desfazer ao meio e fornicar por cima das calças. Rasguei-lhe a blusa até os seios surpresos estarem iluminados pela luz da Lua. Senti os duros mamilos quererem medir forças com os meus dentes, e quando lhe tirei a mão das pernas vinha molhada, meti-a na minha boca e suguei. Fizemos amor logo ali, com o Tejo como testemunha e com um drogado como padrinho. Quando terminei, estava ofegante, e desiludido por não ter também desfeito completamente o banco do jardim. Sabe sempre a pouco, ter de dosear a força para não matar o cadáver por quem te apaixonas. Disse-lhe: -Queres falar de amor? -«Quero.» Fizemos amor no Jardim do Príncipe Real. Sou um necrófilo. Resposta a ONE e a CADÁVER RESSUSCITADO Do nada… do desconhecido…de umas palavras trocadas com terceiros… encontraste em mim o verdadeiro sentido para a tua vida, inútil, acomodada e amorfa… encontraste em mim, a tua luz das manhãs cinzentas e frias, e repletas de solidão… Sim eu, a “parola” lembras te? , a julgadora cruel impiedosa, maquiavélica, ambiciosa a esquemática, sim EU, aquela que adora clichés e futilidades que nem do teu auto pseudo intelecto pensaste jamais existir … Sim sou a que não tem a delicadeza exigida para pegar num copo, nem o conhecimento dos vinhos mais vulgares… a carente a coitadinha… Passei a fazer parte do teu mundo frio e solitário… devias de agradecer filósofo, maníaco, depressivo... Descreves-me, uma desconhecida, a quem não conheces os gostos, as sensibilidades, a matéria… a quem nunca viste nem imaginaste a figura, nem ouviste o som da voz… atreves te a escrever sobre mim, baseado em pressupostos alheios, conversas de cama, de engate, de amigalhaços?! Descrições apinhadas de pré-noções burlescas, conceitos picarescos, estereótipos de mulheres fúteis que levas para a cama… Não sou mais uma personagem do teu livrinho de historias…com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração… A vida não é feita de preto e branco (mais um clichézinho), onde as pessoas são catalogadas, rotuladas, e colocadas em pequenos lotes... Tens razão há verdadeiramente um grande contraste entre nós, um buraco, um fosso intransponível… és amorfo… cruel… insensível… um verdadeiro cadáver em decomposição… e escondes tudo isso através das lindas palavras que escreves… para impressionar quem as lê… e no entrando falta-te a vivência, o sofrimento, a verdadeira sensibilidade, o aperceber que as pessoas são únicas, elementos soltos, livres, perdidos até se encontrarem… e não sou só eu… Volta aos teus manuais… enfia novamente a cabeça nos textos de Froid e dos teus Mestres, porque mais uma vez enganaste-te, ainda não chegaste lá… ou então desiste e dedica-te a Maxmen ou à Playboy talvez tenhas mais futuro… Por fim… É lamentável que tenhas utilizado “ONE”, deturpaste completamente o sentido… talvez se deva à tua falta de jeito ou mau inglês... ainda não atingiste o significado de tais palavras… Palavras ocas e banais é o que utilizas para me descrever… não percebo esse teu interesse pelo fútil, medíocre e mais banal das mulheres… Susana Dona Susana Pascoal, A Cavaleira da triste figura «Não sou mais uma personagem do teu livrinho de histórias...com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração...» Did I ask too much More than a lot You gave me nothing Now its all I got Olá, amor. Não estava à espera de uma «resposta» tua, mas de certa forma o conteúdo da tua não me surpreendeu. Surpreendeu-me o tempo que uma mulher com «M» grande demora a responder, tempo que parece ter sido passado de volta de dicionários e romances de cordel, regado com leite morno, bolachinhas e chinelas de peluche no aconchego do teu sofá de marca. Tudo para dar uma réplica de acordo com a tua inflacionada auto imagem. Tudo para não fazer mais que enumerar uns lugares comuns, e para te enganares redondamente. Procuras surpreender-me de uma forma, e surpreendes-me de outra. Mas algo me fascina em Susana. Acredito que ela acredita no que diz. Susana és uma pessoa convicta, por mais parola que possa ser a convicção, entregas-te a ela, isso aliado ao facto de me pareceres tão evidente, torna-te a meus olhos um ser adorável. Adorável, simplesmente adorável. Até nos erros e palermices que dizes, és adorável. Cito novamente e desde já, aquele em que estás mais redondamente enganada: «Não sou mais uma personagem do teu livrinho de histórias...com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração...» Como te enganas. A partir de agora, ainda mais, és a minha personagem central, não apenas deste blog criado para esse efeito, e para as declarações de amor que te faço, mas de toda a minha «maldita inspiração», no que toca à vida de uma convencional mulher com «M» grande pertencente à classe média burguesa. Hã, que achas?! Melhor que levar-te a jantar, não?! Em certa medida és burra não por esforço mas por talento. Eu explico. Lês bem as palavras, mas não compreendes frases. Como se completa um curso superior sem se saber ler ou interpretar pequenos textos, é que eu não percebo. É provável, que numa das residências da UNL onde residiste na tua formação, tenhas dedicado o teu estudo a estratégia de sedução barata e manha aplicada, e tenhas descurado outros aspectos da formação. Fofinha, pareces estar tão habituada a canções de engate fatelas, que quando levas com algo de diferente, ou não reconheces ou não sabes como classificar. Desde o início, tenho escrito uma espécie de carta de amor. Mas não reconhecerias uma mesmo que levasses com ela na cara, a não ser que principiasse com «Esta é uma carta de amor, (...)», de forma análoga a que provavelmente só reconhecesses uma história ou uma ficção, quando começa por «Era uma vez...» Mas isto sou só eu a supor. Como disse, OU és burra, OU não sabes português, OU não te dás ao trabalho de sequer ler as minhas longas missivas, mais do que uma vez. Apesar de estar mais inclinado para a última hipótese, não me importo mesmo nada. Porque pareces estar a lidar mal com o facto de que finalmente, talvez, porventura o feitiço virou-se contra o feiticeiro...estás numa «relação» em que não és a actriz principal, e onde fiz contigo o que costumas ser tu a fazer aos outros, a saber, dei-te um bocadinho de conversa para sacar algo que me interessa, para depois deitar fora. Só que em vez de sacar uma voltinha no teu corpo ou tu no meu, saquei elementos de ti, que me permitem estar contigo quando eu quiser e a despeito da tua vontade. Menti-te, pois manipulei-te, e estabeleci um interesse só meu, mas isso entendes bastante bem, tu que só concebes relações de índole mercantilista. E não venhas com conversas que saquei generalidades ou ficções acerca de ti. Saquei o que de mais genérico tu tens, que é seres absolutamente convencional, boa pessoa, não duvido, mas interessante naquilo que és, e não no que pensas de ti ou queres mostrar aos outros que és. Se não entendes isto, nunca vais entender porque te dei atenção. Mas também, sinceramente, me borrifo para se entendes ou não. Chocolate não é para brutas. Como me dou ao trabalho de ler duas vezes o que quer que seja que as pessoas me escrevem, e como não preciso de bolachinhas e leite morno para espevitar os neurónios, e ainda porque preciso de ti como de pão para a boca, para me aqueceres e dar esperança nas minhas frias manhãs, respondo-te prontamente, mais por boa educação, que por tesão de que me leias ou fiques a pensar que ando atrás da tua atenção. Respondo em duas partes. Respondo a par e passo ao que disseste anteriormente, às coisas divertidas que disseste, não para retorquir à enxovalhice, mas para tentar mostrar-te que não tens coerência nem lógica nem semântica no discurso. Não te pedi para responder, mas já que o fizeste, por uma questão de brio para contigo própria, responde coerentemente e com o mínimo de rigor, e deixa o paradigma lacónico para as tuas incursões predatórias de sedução, que para mim não terão efeito, pelo simples facto de que não ficarei a pensar no que queres dizer quando dizes algo seguido por três pontos... Ok, amor? A outra parte é mais literária, também tem uma mensagem para ti (mensagem em forma metafórica escondida como a felicidade sob o teu desejo), mas feita a pensar em mim e para mim, mas também não estou à espera que leias, quanto mais que entendas. I - A triste figura da cavaleira Cavalgas uma auto imagem de ti muito interessante. Nota que digo cavalgas, porque a tua auto imagem não és tu. E é fácil de ver, porque facilmente te contradizes, seja porque não tens rigor lógico ou frásico, ou porque o que dizes é só para tentar picar ou ofender. Vamos às contradições primeiro. Por exemplo, em relação às minhas palavras, elas são para ti num momento «lindas palavras» e noutro «palavras ocas e banais». A questão que se coloca é se a contradição é intencional, o que mostra que me queres passar a mensagem de que te sentes atraída por mim, ou não é contradição, e para ti de facto o lindo é oco e banal, ou noutra variação, o oco e banal são lindos... Em última instância, se eu te tivesse chamado a mais fútil e medíocre, e banal das mulheres, teria aqui a justificação pelas tuas próprias palavras. Apontas o teu dedo indicador, que gosto que coloques na minha boca quando fazemos amor, e que sofregamente sorvo ao ritmo dos teus murmúrios. Apontas o dedo para me censurar de arrogância e de pretensão por julgar conhecer-te e traçar-te o perfil. Por várias vezes, nas poucas frases que elaboras, mostras afirmações intensamente arrogantes e pretensiosas. Cito: 1) «Encontraste em mim o verdadeiro sentido para a tua vida»; 2) «Nem do teu auto pseudo intelecto pensaste jamais existir» ao referires-te à tua pessoa, mas ainda vais ter de me explicar o que é um auto pseudo intelecto...é um intelecto fingindo ser intelecto em forma de carro? 3) «Estereótipos de mulheres fúteis que levas para a cama»...bem, regozijo-me com a tua preocupação com a minha vida sexual, se bem que não aprecio a ponta de ciúme que aqui demonstras, mas se fútil é sinónimo de oco ou banal, então afirmas que levo mulheres lindas para a cama. O que coloca um dilema. Tu és excepcional. Pareces-me oca e fútil, mas não és linda. Devo eu levar-te para a cama? Elucida-me, que fiquei confuso. Até porque nenhuma mulher que levei para a cama era fútil, não sei por isso lidar contigo fofinha, tens de me orientar. (por acaso já facturei uma fútil, mas foi há muito tempo...); 4) Meu doce, terno amor, Susana Pascoal, dizes :« A vida não é feita de preto e branco (...) onde as pessoas são catalogadas, rotuladas (...)» No entanto não hesitas em rotular-me de «maníaco», «depressivo», «malicioso», «amorfo», «cruel», «insensível», «cadáver em decomposição»...só mimos. Tudo porque te escrevo cartas de amor que não entendes. Tudo porque não me deixo apreender como tu te deixas, como um cliché. Tudo o que sai daquilo a que estás habituada, já te faz confusão, é desconfortante, não é?... Entre tantas coisas, és boçal, mas acho-te fofinha. Por exemplo tens veia poética. Note-se bem quando descreves a minha vida antes de Susana (A.S.) e depois de Susana (D.S.), manhãs cinzentas e frias? Só porque são passadas sem ti. Frias não muito, porque sou peludo e não passo muito frio. Cinzentas porque no Inverno há pouco Sol, mas sem ti, são piores. Mas achei bonito o que disseste embora não tenha sido tua intenção dizer algo de bonito para mim. II - A cavaleira da triste figura Inclinado na tua pedra tumular disse-te que te amava, tanto quanto quando ainda viva eras. Passo os dias e as noites aqui de volta de ti, e de memórias, e ainda dizes que nem imaginei a tua figura? Sim, eras parola, julgadora, cruel, impiedosa, maquiavélica, ambiciosa, esquemática, inveteradamente manhosa, caso clínico, destroço emocional, adoradora de clichés e futilidades, mas o que é o amor se não supera isso? És carente, és uma coitadinha. Quando se esqueceram de ti, ainda estou aqui ao teu lado não é? A enumeração das palavras «insultuosas» que exageradas por ti que eu supostamente de ti diria (uffa, fizeste um loop), é uma manha para me engatares, mas eu havia-te dito que não me queria envolver contigo, porque não gostava de morenas, e não gostava da tua cara. Tinha-te dito, que simpatizava contigo, mas só para amiga,amiga de verdade porque eu não te queria mal, nem tu a mim. Mas apareceste-me um dia à chuva, depois do treino, e eu reconheci-te, e querias discutir comigo, mas não conseguiste. Ficaste à chuva. Caracterizas o meu mundo sem ti, como cinzento e frio...Mas achavas-te assim tão colorida e quente? Chamas-me nomes, só porque sentes falta da minha boca? Acalma-te, próxima 6ª, vou eu ter a tua casa de novo e de novo nos beijaremos. Não tenhas medo, até lá sonha. Devia de agradecer? Porquê Susana? E não deverias tu agradecer também? Mais do que eu, porque eu dou-te mais importância a ti, do que tu a mim, portanto contento-me com o nada que me dás. Que tens tu para conhecer? És o conjunto de lugares comuns transmitidos venereamente pela tua cultura. Gostas do que os outros gostam, julgas pelo que os outros julgam, sentes como os outros sentem. Dizem-me que tens voz de mel, mas de que me serve a tua voz, senão é para me dizer que me ama e só me insulta, e vocifera lugares comuns? Tu é que és agressiva, e grosseira. Atrevo-me a escrever sobre ti?...Atrevo-me? Eu escrevo sobre o que quiser, sobre quem eu quiser. E nunca tiveste tanta importância para ninguém como tens para mim, como personagem literária. É o que tens de mais interessante. És mais interessante como personagem expressa em palavras, construída por mim a partir de ti, personagem que de ti não se afasta a não ser para te superar, és a sombra daquilo que eu penso de ti, achas isso um canto de amor, ou não? Esta frase vai dar aí umas 2 ou 3 semanas de ruminação do Tico e do Teco, portanto manda-me votos de boas festas quando a perceberes. És tão colorida e quente no real, que eu prefiro-te fria e cinzenta numa efabulação minha no virtual. Que conversas terias comigo na cama? Aquelas que dás por ti a repetir nas mesmas ocasiões? Ou o teu coração tem a elasticidade suficiente para sentir mais que a repetição do mesmo?! No mesmo parágrafo falas duas vezes em cama. O que me queres dizer? Não sejas tímida. Freud explica. «Froid» não conheço. Era irmão gémeo do outro, criado em França? É que «froid» é «frio» em françês, o que até não deixa de ser um lapso de língua irónico, pois o que és tu senão uma raínha de gelo, frígida, orgasticamente impotente...especialmente agora que estás morta e enterrada?! Conceitos picarescos? O que é isso?Tem a ver com picaretas? És uma menina. Pensas por certo que a vida te tratou muito mal, e que só tu tens a experiência da dor. És a raínha de gelo, mas o teu reino é apenas o teu próprio umbigo. Amor... Como dizes...as pessoas são únicas, elementos soltos, livres, perdidos até se encontrarem, e é ou deve ser por isso que és uma nómada de abraços de braço em braço, de peito em peito, sugando amor e atenção, e com nenhum ficando a que chames teu...como se cada um desses peitos não tivesse um coração a bater lá dentro. Incongruente, cara Susana. Pretenciosa e arrogante, «ainda não chegaste lá», como se tu soubesses o que é ou onde é o lá, e como se eu lá quisesse chegar... Maxmen e Playboy, são as revistas dos homens que frequentas e estás habituada, passam pelos olhos daqueles a que gabas os olhos nos perfis do hi5. Eu prefiro a Newlook, tem as mulheres mais bonitas e sem maquilhagem...e não trata a mulher como estás habituada a ser tratada, como um depósito de esperma, que pertence a uma gama, cujos modelos se orientam segundo o status quo do consumidor. Ainda bem que usei «One». É que também é a minha música preferida desde há muito tempo. E tu és tão parola, que pensas que uma obra de arte só tem um sentido, que é aquele que lhe dás. És ainda mais parola por acreditar na tua parolice. Uma obra é tão mais rica quantas mais interpretações originar. Mas sugas tudo aquilo de que gostas, e és arrogante ao ponto de desprezar a interpretação alheia, convicta do tal castelo de areia construído no teu umbigo. Tu não gostas da música, gostas do que pensas dela, e pensas que o que pensas é mais profundo e pleno de significado que aquilo que os outros pensam e sentem acerca da mesma música. Tal como o teu sofrimento é mais profundo que o dos outros. Não sei se chore a tua morte, se dê graças por não teres de viver mais contigo. Se algum dia me quiseres elucidar acerca do real sentido daquela música, tomaremos chá e me contarás. Me trarás a luz. Luz que não tens no teu caixão. Fica morta. Eu fico com o que penso de ti cá em cima, é bem mais interessante. Não te mexas no caixão, deixa-te estar até a escuridão chegar. Abraço-me à tua laje e juro que te amo, cai uma lágrima que desce a terra de encontro à tua boca. Eu matei-te, lembra-te disso. Amei-te, usei-te, matei-te. Repousa em paz. "A volta da mulher morena" "Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo E estão me despertando de noite. Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena Eles são maduros e húmidos e inquietos E sabem tirar a volúpia de todos os frios. Meus amigos, meus irmãos, e vós que amais a poesia da minha alma Cortai os peitos da mulher morena Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono E trazem cores tristes para os meus olhos. Jovem camponesa que me namoras quando eu passo nas tardes Trazem-me para o contacto casto de tuas vestes Salva-me dos braços da mulher morena Eles são lassos, ficam estendidos imóveis ao longo de mim São como raízes recendendo resina fresca São como dois silêncios que me paralisam. Aventureira do Rio da Vida, compra o meu corpo da mulher morena Livra-me do seu ventre como a campina matinal Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria. Branca avozinha dos caminhos, reza para ir embora a mulher morena Reza para murcharem as pernas da mulher morena Reza para a velhice roer dentro da mulher morena Que a mulher morena está encurvando os meus ombros E está trazendo tosse má para o meu peito. Meus amigos, meus irmãos, e vós todos que guardais ainda meus últimos cantos Dai morte cruel à mulher morena! " Vinicius de Moraes A negação… … é a primeira atitude de um assassino, após cometer um crime hediondo… Sim, um assassino… cruel e impiedoso, que percorre passo a passo, o trajecto da mulher de Vinicius, por um caminho descendente e incerto, a passos ruidosos, pesados e inseguros… Tencionas engana-la, iludi-la, cega-la, para no fim ceifar-lhe a vida… e dizes que é por amor... O que não farás por amor? Vejo-te capaz de tudo… de chorar, de sofrer, de gemer de dor, e pior, de exterminar a tua própria identidade por um sentimento fortuito de admiração… uma ilusão. Se te amo? Que não é o amor, tal como a morte, senão um conjunto de expectativas vazias, sem fundamento e com um fim inevitável!? Romeu, és um sonhador… como disse anteriormente, uma personagem caricata que alem de orgasmos psicológicos me faz rir. É por isso que sou a “rainha do gelo”, um coração de pedra, uma estátua, uma estalactite? Por não acreditar no amor?! Ou por não ceder ao leu galanteio, às tuas insinuações, ao teu convite para um chá?! Não, não sou convencida, maníaca, autoritária, parasita, frígida… por mais que imagines, conjectures, analises e psicanálises nunca hás-de conseguir obter uma réplica aproximada da verdadeira SUSANA. Concebeste sim a tua Susana, a tua marioneta preferida, a tua bonequinha imperfeita, tirada de uma qualquer capa de revista, descontrolada, feita em plástico revestida a gelo, frívola… e dizes que procuras a essência… talvez um perfume, um odor, tal como Grenouille. Mas ao contrário de uma vítima qualquer, não necessito de recorrer a ajuda de terceiros para me proteger, recuso-me a ser colocada numa redoma de cristal… enfrento-te, persigo-te, assusto-te…ao ponto de me queres provar muito mais e por fim desejares a minha morte… Mas no fundo… bem lá no fundo… estás ciente que nunca me alcançarás. Susana Tragédia para Ti With that skill that was hers alone She drove her clutches into me I was dumbfounded She was hungry She required me entirely All that's left is here to remain It's a dull and cruel pain That passes the ages unaltered Her stamp is in my heart I still feel disemboweled I clearly retain A blank The void The sore in my soul The mark in my heart Her acid reign Hot sun, global fun Needed action, start to run And that voice that was hers alone Still resounds in me She left me dislocated Disavowed And twitching Her rhythm is in my heart She inspired in me An acute sense of treachery Front 242 Como gosto de Vinicius. Subiste no meu apreço. Estou a escrever isto, a atrasar-me para outra coisa, mas com um sorriso de orelha a orelha. Porque vejo, que te agarras a mim, com a mesma força com que te agarras ao copo. É lisonja, senhores, é lisonja, porque não me enganei acerca de ti, e porque te agarras a mim. Porquê? Por causa daquilo que julgas interpretar por detrás de palavras, ou porque ainda há uma réstia de tragédia antiga nos calabouços do teu coração, que diz que o amor existe!?...enquanto que nos corredores assépticos da tua mente corre a palavra de que viveste enganada até certa idade acerca de algo que não existe, e que gostavas tanto de acreditar. Amorzinho, é impressão minha, ou vieste ter comigo, ao terreno da literatura? Refreia-te, eu avisei-te para não correres atrás, podes cair e sair magoada. Enfrentas-me? Persegues-me? Assustas-me? Ainda bem que mo disseste, é que ainda não tinha reparado. Se me amas? Eu não te perguntei isso nem quero saber. Convencida? Que tens tu que te convença? Que galanteio? Que insinuações? Que convite para chá? Fofinha, vi um convite para o filme «O Perfume», algures nas tuas linhas ? , ou vais responder que é só ficção? Amor, tens de aprender a distinguir ficção de realidade. Olha que a tragédia que está agrilhoada nas húmidas caves desse teu coração destroçado, está a pregar-te partidas. Tu és um pretexto para um texto, nada mais. Nada mais quero de ti. Nada mais preciso de ti. Nada mais me interessa em ti. Não te quero provar nada, a não ser o sabor da tua boca para saber a que sabe o beijo de uma defunta cujo coração já só bomba sangue, a temperaturas negativas. Já estás bem morta. Já to disse, e sabes disso. O teu crime...és vítima e assassina, ao mesmo tempo, teu peito continua a aquecer-se com a miragem de um amor prenhe de felicidade futura, assassino do desassossego que te mora no íntimo desde sempre, mas a tua cabeçinha morena continua a dizer que o amor é uma cicuta, arsénico por nós elaborado e ingerido. Queres argumentar? Eu defendo prós e contras. Mas quem quer ser coerente? Nunca irei obter uma réplica aproximada da verdadeira... « A negação… … é a primeira atitude de um assassino, após cometer um crime hediondo…» - lembras-te? Nunca te alcançarei...Talvez não, talvez já tenha chegado ao âmago, mas também quem quer pernoitar na terra queimada de ninguém que são as planícies do teu coração? Que falta de originalidade Susana Pascoal. Não consegues melhor? Mimares-me com mimos meus, mima-me com mimos teus. Eu não tirei a Susana de qualquer revista. Tirei das letras que comigo troca, tirei das fotos que tenho tuas, tirei do tempo que passei a olhar para elas, a imaginar-te, a interpretar os contornos do teu rosto, as expressões do teu rosto, das tuas mãos, a linguagem do teu corpo, e alguns enigmas do teu sorriso, tal como se fosses uma pintura, kitsch, mas ainda assim arte. Esforça-te, dá-me algo teu, não me dês literatura alheia, se não consegues cala-te e beija-me. Anjos coléricos As asas de Avalon Ardem e batem Nas profundezas dos mares de Orc. Tau Ceti olha as estrelas Bate o fogo-fátuo no charco A cólera nos olhos No sangue de quem ama O colibri suga o tutano A paz é um engano, A guerra é a chama, Os anjos banqueteiam-se Com as almas virtuosas Que carregam as asas Que ardem na noite Daquilo que não és. Estou a subir muito e depressa na tua consideração. Não é esse o meu objectivo, nem sei porque estou aqui a responder-te mais uma vez… Como por magia sei do que gostas, possivelmente conheço-te, melhor do que aquilo que pensas que me dás a conhecer. E não sou arrogante. Não estou carbonizada, ressequida como pensas entender. Sou uma flor, estou viva. Sou uma alma quente, intensa, apaixonada, sonhadora, ilimitada… não me tentes reduzir a tua mesquinhez. Não te convidei a entrar em parte alguma, tiveste uma ligeira participação na minha peça de teatro, na minha vida. E entraste sem permissão, determinado a encontrar um poço finito de futilidade. A tua busca por mais uma mulher burra e vulgar como tantas que tu e os teus amigos conhecem. Essa demanda cessa aqui, encontraste o que querias? Provaste o que pretendias? Não quero saber o que pensas de mim, porque não me conheces e mesmo conhecendo-me não me ficarias a conhecer, entendes? Fazes-me rir quando dizes que me amas, amas uma morta? Mas que sabes tu sobre o AMOR… «Era uma vez...» Filosofo… Não procuro surpreender… Não procuro convencer um homem que desistiu de viver há muito… Não tenho que te provar o que quer que seja muito menos minhas potencialidades ou carência delas… Respondo-te por prazer… porque gosto dos orgasmos psicológicos que me proporcionas… e anseio o estimulo e o conhecimento de toda a fonte, viva ou morta… tal como dizes sorvo o que de melhor têm os outros, os mancebos, os amigos, os amantes… Vejo-te agora, ansioso, se não fumas róis as unhas, fraca figura deambulando pela vida, não a caminho de um bar, mas a caminho de uma pagina da net… completamente anarca e alheio a tudo e todos… inspirado no seu EU, no seu ego… e menosprezando o talento ou falta deste nos outros… Não quero ser a tua personagem principal, nem servir de inspiração para uma tão fraca que inventaste ao sabor do teu bafo … Deixa-me ser burra, fútil, parola.. não são esses os mais felizes?! Que sabes tu a meu respeito, senão aquilo que te transmito…mas enquanto pressupores tanto mostras os teus receios mais profundos e lentamente a capa cai… Desvendas o teu mistério, e tornas te num feiticeiro… que me transporta lentamente para o abismo, que me dá vida, conquista com sedução e que me mata no fim… morri para ti? Ao contrário de mentiroso e manipulador, acho-te um brincalhão, uma alma perdida, e dependente do que chamas “relação”? Não és muito diferente dos outros… nem de mim… A tua saga não tem excitus. Continua a analisar cada pedaço de texto, como se do meu corpo, ou de um chocolate se tratasse, dando-te prazer a cada lambidela. Susana Olha que não, olha que não, olha que não… Socióloga... Amor... Olha que não. Se mandas palpites para o ar, invertendo a nossa posição como quando se faz amor em jeito de luta por fome do outro, fazes o que censuras de fazer, e revelas estar interessada na minha pessoa o suficiente para pensar nela. Fofinha, não precisas de justificar para mim, ou para outros olhos que imagines, porque me escreves. Ninguém te pediu. Não é necessário, a não ser que seja para ti...porque se torna óbvio que estás atraída por mim. Estás curiosa. Por um tipo da net, opaco, que te envia contos de amor, e contas de carinho. Por um relativo incógnito que já mostrou que não se revela. Que nega o excitus do encontro inevitável. Não confundas com tornar difícil o inevitável para lhe dar o valor, como estás habituada...o mancebo difícil se faz para te dar a ilusão de luta, para assim que o comes, arrotares de despeito, ressentida pela facilidade. Eis o reino do vazio. Portanto, a tua saga também não tem concretização possível, resta-te descobrir para quando o exitus adivinhado. Se a tua curiosidade inicial acerca da novidade, não se dissipar, e com ela a graça que achas a ler e a responder, condenados estaremos a remoermo-nos um ao outro, a ruminar do que não nos conhecemos, em vez de nos comermos. Como ao chocolate... Mas, como disse, não precisas de justificar, eu não o faço. Respondes-me por prazer, , porque gostas dos orgasmos psicológicos que eu te proporciono...estou habituado fofinha, mas estás em divída comigo...é que eu coitado, ainda não tive nenhum à tua conta... Eu presto atenção, ao que dizes e ao que digo. Eu não disse que sorvias...eu disse que sugavas. Sugar, de parasita, não o melhor que os outros te dão, mas o tudo que te podem dar...sugas tudo o que não tens para dar, e olha que não ouvi isto de nenhuma conversa de engate ou cama. Mas... Que leio eu?! Não posso...não aguento... Susana, tu imaginas como eu sou? E escreves isso ainda por cima... Tarefa hercúlea para uma rainha de gelo, que trata a frigidez na 1ª pessoa. Mas... A minha figura por ti imaginada, reconheço-a de artigos de primeira capa da «Cosmopolitan» ou de uma qualquer edição especial da «Maria»... Destroçado, como reconhecer, devia ser o nome do artigo. Imaginas-me como me gostavas de saber...porque te dou atenção? Porque não estás habituada? Porque identificas abordagens desinteressadas como engates de algum desgraçado desesperado? Não é só o que dizes, mas como dizes, que te revela, mais se calhar que o que desejavas. Não me vejas no fundo de uma depressão, que não me encontras lá, a não ser que essa depressão seja o vale formado pelos teu lábios a montante, ou pelas tuas pernas a jusante, e mesmo assim vais conseguir olhar nos meus olhos que te devolvem o olhar em forma de carícia, aí sim, sorvendo a tua língua, ou o orvalho do teu abandono. «(...)deambulando pela vida, não a caminho de um bar, mas de uma página da net(...)» Olha que não, olha que não, olha que não... Caramba. Ou os bares são a mais completa expressão de uma vida plena para ti, o que não me admirava nada, ou, doce Susana, achas que ando aí a emborrachar-me para aguentar a minha vida...se fosse a tua ausência ainda o podia fazer, mas a minha vida, dá-me alegrias, como esta de te falar, e em ti pensar. Falar contigo, dar atenção, é por ti, desta forma identificado como desgraçado. Amas-te? Muito? Como? Olha que não, olha que não, olha que não... Não fumo, nem estou a roer as unhas. Também não acho que tenha fraca figura, muito menos quando deambulo pela vida. Olha que não, olha que não, olha que não... Não queres ser a minha personagem principal... Nem servir de inspiração para uma tão fraca, inventada ao sabor do meu bafo... Como vais evitar isso? Custa-te aceitar, que não tens nenhum controlo nesta «relação» (as aspas são tuas). O que é que isso depende da tua vontade? É indiferente que desapareças, que não respondas, que chames a polícia, ou que peças aos teus amigos e amigas para virem-me tentar desmoralizar, aqui onde me lês. Eu continuarei. A não ser que morra de cirrose, de acordo com a vida em que me imaginas. Ainda não reparaste que não és caso achado nem perdido aqui? E não penses que ando à volta de uma ficção, já te expliquei, que é sobre a tua essência que escrevo aqui. Olha que não, olha que não, olha que não... Os ignorantes é que são mais felizes, e não as parolas, as burras e as fúteis. Não confundas porque não é a mesma coisa. «Que sabes tu a meu respeito, senão aquilo que te transmito…mas enquanto pressupores tanto mostras os teus receios mais profundos e lentamente a capa cai…» Transmites-te a ti mesma no que escreves. Doar atenção, revela os meus receios mais profundos? Quais? Espera, deixa-me pensar pela cabeça da tua personagem imaginada de mim...hmmm já sei, tenho medo de te encarar na realidade, tenho medo das mulheres em geral, ou tenho medo de me aproximar de uma, amargo que estou com a vida...inseguro, frágil, decrépito...acertei?! «Desvendas o teu mistério, e tornas te num feiticeiro… que me transporta lentamente para o abismo, que me dá vida, conquista com sedução e que me mata no fim… morri para ti?» Yap. Não notaste ainda? «Ao contrário de mentiroso e manipulador, acho-te um brincalhão, uma alma perdida, e dependente do que chamas “relação”? Não és muito diferente dos outros… nem de mim…» Olha que sou, olha que sou, olha que sou... « A tua saga não tem excitus. Continua a analisar cada pedaço de texto, como se do meu corpo, ou de um chocolate se tratasse, dando-te prazer a cada lambidela…» Se cada texto que eu analisasse fosse chocolate, quando me fosse deitar, caia para os dois lados da cama. Chocolate. Acertaste. Gosto muito. Como a um corpo, eu não lambo o chocolate. Mordo-o, mastigo-o, saboreio lentamente com a língua, como-o. Lamber, lambo gelados, ou gelo. O teu coração, sabe a morango? Ou a outro gelado? Ou só a gelo, que nem espaço ou alegria tem para ter nem que seja um aroma, um sabor? A que sabes tu, Susana? Gostas de serenata que te faço, Julieta? Dás-me corda para me enforcar... Continuas, morta, continuo, contigo. Beijo grande, amor.
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