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Água mole

23/1/2022

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Explicava-me com os olhos brilhando, as peripécias sobre o enamoramento da PJ Harvey e do Nick Cave.
Comigo pensava que pantomineirice, mas o meu hipotálamo trabalhava de forma incansável para branquear a imbecilidade dela, de modo que eu tudo fizesse para garantir a sessão de cópula prometida ao final da dissertação egocêntrica da portadora de vulva.


 
Eu já salivava a pensar nas javardices que ensaiava na minha cabeça, de forma a ejacular tão abundantemente quanto possível de modo que pudesse fruir uns momentos de paz, ou que a minha gaita exibisse uma bandeira branca de rendição.


 
Ela era, e é, uma imbecil.


Mas não é isso que me motiva o espanto.


É a confiança com que dizem e pensam coisas, básicas, rudimentares, inarticuladas, com a convicção
Ao de que sua opinião meio formada equivale a outra qualquer sobre o assunto, por mais elaborada que seja.


Enquanto falava sem parar, eu cobria todas as hipóteses do meu silogismo, sobre a facilidade com que são opinativas e assertivas em relação às suas certezas.


Os gajos, percebe-se. Se indecisos e cheios de dúvidas, são trucidados por outros homens e desprezados por mulheres. Faz parte deles seduzir com a confiança. À mulher nem por isso, as imbecis actuais, que fundamentam opiniões somente na realidade biológica da posse vulvar, são imbecis perigosas. Peço desculpa, não quero ofender ninguém, mas para mim um ou uma imbecil, são as pessoas mais ou menos autistas, incapazes (por capacidade ou vontade) de rever as suas próprias crenças.


O imbecil é perigoso porque não tem dúvidas, é um zeloso cruzado ao serviço de uma ideia que o controla. Esta malta ainda hoje queima outros em autos-de-fé, apesar de hoje se usar menos o lume.


 
Esta de que te falo, é só mais uma avessa a lógicas rigorosas e pressão de adesão a um ideário ético. A posse de vulva dispensa-a dessas limitações. Sempre com um palminho de cara, o mundo valida-a através do comportamento afável dos homens, e seus elogios. Se a gabam, que pode ela ter de errado?


Que pode haver de errado com alguém que se confunde com o seu valor no mercado da carne?


E como não se descolam da sua figura e se confundem com ela, não sabem sobreviver quando a figura decai.


Guardam sacos com restos de animais mortos no armário, para alimentar os gatos na rua, de forma a provarem a si mesmas que são boas pessoas, apesar dos corações de amantes ou aspirantes a tal, que despedaçaram pelo caminho.


Nenhuma destas putas olha ao espelho e diz, «-Foda-se, sou alguém cujos erros foram graves demais, devo analisar o que em mim está deveras mal».


Seria uma falência do ego, a vida deixaria de ser suportável.


É, portanto, preferível culpar outros, que ou não tinham dinheiro, futuro, potencial, não sabem o que querem.


Fica bem dizer às amigas que os novos pretendentes são persistentes, opá já viste que quer uma massagem com final feliz? Apenas para não perderem o lugar no grupo de amigas, não serem desconsideradas por não captar tanta atenção masculina.


Uma cachopa que ‘conheci’, gabava os amigos de serem engatatões, e as amigas de serem femmes fatales que liam muitos livros.


Vibravam com as narrativas das outras indo para Benidorm com gajos que ‘conheceram’ na disco.


Nos seus olhos o sentimento de estar presa a um gajo de valor inferior, de estar a passar ao lado da vida por não estar a tirar o máximo partido do seu valor sexual, engatando gajos interessantes e que facultam doses grandes de encómios ou endorfina.


Logo aí eu vi que não olhava para mim como ao início, mas que já pairava sobre mim, numa escala ilusória na sua cabeça, de gente que não percebe nada sobre estar viva.


Esta primeira de que te falo, veio da Serra, e tem um medo de morte de ser confinada pelo provincianismo a que se achava condenada, tornou-se portanto, noutro tipo de provinciana, uma hipster que corre atrás de todas as modas, incluindo se for moda estar contra a moda, que é uma forma manhosa e subtil, de fingir que se deixou de conseguir lidar com as ilusórias alterações do tempo na mente das pessoas.


A utilização do factor de conformidade ao espírito do tempo, por parte dos que se desejam evidenciar sobre os demais. É assim que Sónia vê o mundo, os outros. Os enfadonhos carneiros, ou os fulminantes dragões. Cativantes, sedutores, arrebatadores para a liberdade.


Eu sei que a minha raiva não era para com ela. Com ela também só queria descobrir que as más ideias em relação às mulheres, seriam contrariadas.


A minha raiva era para comigo, querendo encontrar um gato negro num quarto às escuras onde nunca estivera qualquer gato.
Engraçado o exemplo do gato, animal que a expressões de personalidade, faz lembrar alguns homens, com o bónus de que este depende delas para existir. Como é animal, não levam a mal não trabalhar. Se fosse homem, sim.


O gato é o homem possível, para as pessoas de sexo feminino que são incapazes ou mandaram fora a possibilidade de ter uma relação cada vez mais morna com elemento do sexo oposto.


É o prémio de consolação após os desperdiçados prémios de consolação.


A forma como te colocas, ages, a tua postura, linguagem, entoação, tempo que demoras a responder às suas mensagens, grau de interesse que revelas, tudo conta numa equação indutiva nas suas cabeças onde se lavram sentenças baseadas numa suposta ‘intuição’ feminina. Isto no género que mais liga a cristais, viagens astrais e outros aspectos bacocos de espiritualidade, sem reflexo no corpo científico comummente aceite.


É claro que a mulher é imperscrutável para o conas que a analisa a partir da sua forma de pensar, lógica.


Isto não é considerá-la inferior, apenas diferente.


Todo o meu neocórtex me impelia a dizer que ela era um desperdício de oxigénio neste planeta.

O meu hipotálamo, fez-me beijá-la e apertá-la num abraço que a fez desrespeitar-me ainda mais.
'No Time to die'
Production
companies
  • Metro-Goldwyn-Mayer
  • Eon Productions

Distributed by
  • Universal Pictures (International)
  • United Artists Releasing (North America)

Fantástico ver como uma mulher em saltos altos é superior em questões de luta corpo a corpo, sem partir um salto que seja, nesta ficção. Para compensar o facto de James Bond não ser uma mulher neste filme, por motivos de rentabilidade do mesmo, transforma-se a 
  • Lashana Lynch numa personagem execrável.
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