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Corre uma brisa fresca à noite II

16/6/2022

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​Estivemos horas a falar.
Adiei a minha ida para casa.
Havia-me comprometido comigo a não limitar esta mulher para lá de atraente, a um belo engate.
Afinal, ela escrevia, e isso era algo que em mim, era mais valorizado que uma boa herança genética.
Prometi a mim próprio, dar a este indivíduo, a possibilidade de exprimir as suas ideias, sem que eu o classificasse apenas no campo sexual.
Mas, a quem engano eu. Faço sempre isso, até eu próprio desclassificar a pessoa por não conseguir respeitar as suas ideias. Ou melhor, eu não desclassifico a pessoa, constato é que a receptividade do seu ser, não inclui a minha partilha de ideias. O que é um corpo que não recebe as nossas ideias, senão um receptáculo de esperma?
Ah, mas espera, tenho aqui uns conas indignados por esta afirmação.
Dizem que as mulheres não se reduzem a uma mera bipolaridade no que concerne às nossas excreções.
A sério? Não sois vós, os mais abjectos entes, que visam agradar de qualquer maneira, de forma a obter o que intendes? Cona e validação?
Não estão vossas mercês dispostos a ludibriar o humano de sexo feminino, se e somente se, no fim do arco iris ocorrer um orgasmo por via da cedência da contraparte?
E que por essa cedência, sois capazes de matar o próximo e os que vierem a seguir a ele?
Ide-vos encher de moscas.
Não és sofisticado, és só mais um cabrão que engana mulheres e anula outros, só para teres a tua dose.
Não és o bastião dos direitos humanos, és apenas mais um egocêntrico de merda, que capta o vento para onde quer que ele sopre. A ‘não estratégia’ é a tua estratégia. Ceder e esperar que te respeitem por isso. E quando as apanhas na horizontal, vais-te queixar ao mundo que não te sentes desejado incondicionalmente, quando as coisas invariavelmente acabam.
Pudera, és um objecto.
Não um homem.
E eu sei.
Sempre soube, e é por isso, por não poder evitar, que sempre as antagonizei.
Sou cá um teimoso.
Sempre visei uma reacção emocional negativa como via de ligação emocional positiva.
Que isto de nós macacos só assim é que funciona.
Teria mais sucesso de outra forma, mais maleável, adaptável, agradável. Mas isso seria fácil, seria dar o que sabemos que querem. O genuíno, a verdadeira ligação, está quando amam por nos odiarem.
Isso, é verídico. O resto é manipulação, e sim, sei que não entendes um caralho do que estou a dizer.
O que interessa é que sou gato escaldado.
De todas as vezes, as lentes do amor ou da tesão, permitem que eu dê dignidade ao que a(s) gaja (s) diz, para depois, muito tempo depois, recriminar-me por deixar essa mesma tesão, amor ou desejo, me tenham toldado uma análise fria do afirmado.
E uma análise que me dissesse, que a tipa, era uma imbecil.
É que isto do verter opiniões para o éter, depende somente da convicção.
Uma que me informava da evidência acerca da não esfericidade da Terra, quase me levava, por causa da certeza com que dizia o que dizia. Valeu-me Eratóstenes.
A convicção com que dizem imbecilidades, aliada à autoridade que lhes damos por terem vulva, é o que permite muita imbecil continuar a sê-lo, mesmo quando o espelho egrégio já não lhe tece poemas ao ‘asspecto’.
E até que se banhem na refrescante liquidez da realidade, demora um tempo. Por isso algumas tentam fazer durar o período de ilusão, colocando condições. Olha, não faço pilas hirtas senão a rebarbados, mas se queres sexo sardinha, tens de saltar, rebolar e dar a pata.
O Tinder, Bumble, etc, estão cheios de ‘destroçedo’, (leia-se gajedo que não se importa de anular a tua individualidade em proveito próprio) que por mais pilas que conheça, acha sempre que não envelhece, não caminha para a cova, e que cada ano é uma medalha. Se defendo que as pessoas devem ser avaliadas pelo que despertam nos outros? Não, mas o que eu defendo e o que o ‘mundo’ é, são coisas diferentes.
Quantas já não me disseram, ‘-Cu? Não, isso foi para o pai dos meus filhos.’
E essas, respeito porque foram honestas. A resposta à pergunta apenas me fez perceber em que posição estava eu na hierarquia das suas coisas.
Nada de mal nisso. Não finjas que sou o céu e as estrelas, se amanhã encontrares firmamento melhor.
Ah és calculista e testas, podes crer puta, que testo e jogo jogos, e por mais que digas que isso não é de homem, não me envergonhas por fazer o que fazes. Se para cada puta, puta e meia, então, não levas a mal que te supere no teu próprio jogo.
​Passavas por mim, ali na rotunda de acesso a São João da Talha, tu saindo da C+S onde dás aulas, e eu vindo de comprar a ração do gato e da cadela, e fazias trombas e fingias que não me vias.
Convencida até ao caralho mais longo, de que eras de um barro diferente ao meu.
Professora de inglês e alemão, viste-me um dia na TV, numa entrevista ao vencedor de um prémio literário de merda.
Pois ah caralho, se não me começaste a inundar o Facebook de elogios, likes e comentários da treta, que em mulherês significa, quero que me preenchas o espaço que te ofereço entre as pernas.
Pois eu, e qualquer outro, indaga, o que mudou? Só por me teres visto num ecrã de televisão? Por ser ‘famoso’? É por isso que me consideras um prémio? Por outras considerarem? Árrefoda-se.
Mas ok, lanço a escada, tomemos café e falemos do sexo de Jesus.
Três, quatro olhares, e achas que me fizeste a pinta, que para te levarem para a cama têm de demonstrar que te merecem.
Amiga, se achas que esses quatro lábios pendurados são algum prémio na existência, podes oferecê-los a outros.
Saio da mesa, pagando a conta e desejando-te felicidade, com algum prazer por ver a tua cara de surpresa.
Mais do que teres um contraponto às capacidades de merda de avaliação, a que dás demasiada exactidão, tentas ler no meu rosto se me senti ofendido ou ainda há forma de conseguires levar de mim o que pretendes.
Ok, se não levas o braço, talvez consigas levar a mão, quando um dedo para ti, seria suficiente.
Ai que eu não sou assim, e tu és especial por conseguires o que queres tão rápido. Quando acordamos de manhã e fodemos de novo, faço questão com que batas com a cabeça na cabeça da cama. Depois arrependo-me porque te reconheço humanidade, e não sou como tu, uma puta implacável. Eu que te reduzo a um depósito de esperma, tenho mais respeito e amor por ti, que tu por mim, que me colocas a seguir ao teu ex marido e filhos. Os filhos ainda entendo, mas o resto? Mas que sou eu nessa mente insana que as tuas amigas gabam como pragmática?
Que não gostes do sabor da pila? Amiga, isso entendo até demasiado bem. Não gostas, não chupes. Agora achar que a tua vagina sabe a rosas vai uma longa distância. Sim, mijas por aí, e a cada acto de sorver meu, achas que não te mereço porque sorvo o local por onde sai o mijo.
Que por te lamber o ânus, sítio anatómico com maior presença de terminações nervosas, mais que a ponta dos dedos, achas que sou filho de um deus menor. Um homem com valor não faz minetes nem botões de rosa. Farto-me de rir com as mulheres. Desdenham os gajos que lambem o seu esfíncter, mas põem na cara merdas bem piores e mais nojentas. Desdenham as tentativas dos lambedores de cu em lhes dar prazer, em soltar para a sexualidade (que erradamente não interpretam como reduzido interesse por parte delas), mas abraçam quem as despreza. É uma lei da vida ao que parece.
Para ti um homem de valor, é aquele que sem te tocar, te manipula. É no fundo, aquele que não é determinado pelo ideal. Sabe como és, e te usa nesse paradigma. Apenas respeitas quem te usa a natureza que não entendes, à qual, por isso, não podes escapar.
 
Mas também podes ser aquele tipo de pessoa, amaldiçoada pela Existência, cujo existir não provoca qualquer tipo de alvoroço nas estimativas dos outros. Se és homem, és invisível para as mulheres, ou pior – és objecto, se fores mulher, és comida e largada a não ser que escolhas alguém com o mesmo nível de energia ou frenesim para a vida, e então, escolhem uma vida inteira em comum a amaldiçoar os outros e a vossa sorte.
Se tiveres sorte, se não tiveres, bem, vais sendo prémio horizontal no currículo de muitos, até ao ponto da tua vida onde o teu aspecto já nem a ti, agrada ao espelho.
À noite, ao jantar, com amigos ou família, naqueles restaurantes finos onde todos se esforçam por parecer bem, de peito cheio para com o sucesso na vida, sentem-se melhor, pois estão no seu elemento, que rapidamente amarga, quando o silêncio deixa de ser fuga para uma importância que a vida teima em não dar.
Um toque na minha mão, acorda-me deste torpor cogitante.
«-Gosto do que escreves. Mas acho algo cru. Martelas os textos? Passas algum tempo a rever?»
«-Não, como sai é como fica. Chamam-lhe escrita automática ou criativa, ou lá o que é. Eu chamo-lhe ‘preguiça’.»
«-És capaz de sacar um texto, assim do nada, a qualquer hora?»
«-Acho que sim. Nunca tinha pensado nisso.»
«-Conta-me uma história inventada agora.»
Nunca tinha pensado em fabricar uma historieta assim à pressão.
«-Pode ser sobre professoras de Filosofia?»
«-Sobre o que tu quiseres.»
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