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Corre uma brisa fresca à noite VII

15/7/2022

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Ela deixara a velha janela meia aberta. O mar ao longe rugia docemente de vez a vez, com uma brisa tão leve, que apenas mexia os cortinados e refrescava um pouco a minha pele suada. Ela adormecera temporariamente, e eu, não o conseguindo, só olhava ora o tecto branco, ora o oscilar dos cortinados, numa coreografia não ensaiada, onde a direcção do vento era constantemente barrada pelas propriedades mecânicas do pano.

Nas paredes avermelhadas, sombras projectavam-se nas paredes, vindas de todos os ângulos.
Ela não havia largado a minha mão esquerda, e eu para não a acordar, não a largava, sentia escorrer o suor entre ambas, mas mesmo dormindo, não profundamente, mantinha-se agarrada a mim, sabe-se lá porquê.
Passado o calor que me fizera parar, debrucei-me um pouco para ela, por cima do ombro, e beijei-lhe o ombro ao alto, que ela estava virada na minha direcção.

Como não reagiu, estiquei-me mais um pouco e beijei-lhe a clavícula, e mais pelo mexer do colchão que pela sensação do beijo, ela despertou e abriu um olho.

Bastou olhar para mim com um olho às escuras e meio ensonada, para perceber o que eu queria.

Passou uma perna por cima da minha perna esquerda, e o roçar áspero da sua púbis aparada, aliada ao voluntarismo, rápido e decidido, ao sim dado à cópula, à expressão de desejo, fizeram-me ficar teso de novo, e ir beber na sua boca, novos goles de sua língua, gemidos e suspiros. Só os seus lábios me saciavam o desespero de estar longe dela, mesmo estando a meu lado.

A vontade de trocarmos carinhos, carícias e corpos, abreviava os preliminares necessários, quanto mais estivéssemos ligados por carne húmida, quente, palpitante, em frémito, melhor apaziguaríamos o demónio glutão que só se saciava dentro do outro, penetrado pelo outro, acolhendo o outro.

Cuspiu para a sua mão e agarrou-me na pila, sentando-se nela. Não me pediu carícias, não olhou para mim, para ver a minha reacção à sua potencial manipulação da minha percepção.

Precisava de mim, queria-me, e tudo o resto era secundário.

Segurei-lhe as firmes nádegas que horas antes envergavam umas cuecas com o símbolo do Super-homem, e ao baixar-se para me beijar, deixou que o cabelo comprido me entrasse na boca. Rapidamente o tirou, até porque me fazia um calor dos diabos, e o prendeu com o elástico verde, transformando-o em rabo-de-cavalo, e no momento em que elevou ambos os braços ao céu para reunir o comprido feixe loiro, dobrei-me pela cintura e abocanhei-lhe ambos os seios, apertando-os para dentro na direcção da minha boca aberta, abraçou-me e continuou a fazer o seu jogo de cintura atrás do zénite.

O desconforto inicial da sua vulva não completamente molhada, dera lugar a um corrimento diluviano que só contribuía para uma espécie de loucura minha, uma espécie de sentimento que quer parar naquele momento o tempo, e repetir a acção ad aeternum, com o mesmo ritmo cardíaco e sensação de completude. Uma espécie de arritmia vitaminada com ansiedade, prazentosa, que impede o total fruir na ânsia da próxima fruição. Que não acabe, que me sinta eternamente em casa, sem os fluxos e refluxos do desamparo.

Como telepata, sente este ponto além do sexo, e beija-me com sofreguidão, acentuando os seus movimentos circulares, até que por fim o orgasmo chega e com ele uma exalação indefinida vinda de dentro, e um estertor de pequena morte, que simula demasiado bem, a paz do abandono desta vida.

Acelero um pouco para a levar ao ponto de rebuçado, até perceber que dali não passa. Deixo-me estar quieto até que recupere o fôlego.
Com o seu cabelo no meu queixo e a sua respiração ofegante aquecendo o meu mamilo esquerdo, deixo-me estar quieto, mexendo ocasionalmente e apenas o suficiente, para não perder a tesão, que eu, sou vítima do parar é morrer.

A minha pila é económica e calculista. Sem palco não há peça.

Olho para baixo e vejo as suas costas subir e descer à medida das suas inspirações e expirações, os seus joelhos por alturas da minha anca, bem redondos, torneados e os seus pés bonitos espreitam também lá atrás dos joelhos, que é a vista que tenho a partir de cá de cima.
Recuperada a normalidade oxigenante, beija-me o dito mamilo e mexe o resto de quadril para ressuscitar o freguês que já se preparava para sair do estabelecimento.

Não foi difícil convencê-lo com mais uma pipa da sua bebida predilecta.

Entendi este retorno, como a volta de cortesia, o ‘agora é a tua vez’, que é algo que se usa muito nos países civilizados.

Sinto que tenho bar aberto e, portanto, liberto o símio, agarrando-a e criando sempre posições onde o afastamento entre os nossos corpos facilitava um reencontro cada vez mais impetuoso. Não por violência, mas por oração, celebração litúrgica de dois corpos que se encontram de novo, vorazes um pelo outro, e separados por alguns segundos. É como se fosse ao café, e houvesse a posibilidade de o nosso amor aparecer, eventualmente, se esperamos o tempo suficiente.

Puxo o corpo dela ao meu, com força e percorrendo o carril conciliador do meu falo.

Sempre na esperança de que o seu corpo se desfaça para dentro do meu, e cesse o suplício de sermos dois.

Ela submete-se, ora interrompendo com iniciativas próprias, ora cedendo por colapso muscular, e sabe que a cada resposta ao ímpeto, apenas o redobra, a pontos em que ambos tememos pelo que esteja do lado de lá do arco-íris.

Parece que até o desvario é como Ícaro, voando demasiado próximo do Sol, mas com medo da queda inevitável. Mas que vale a pena.

Tenta tirar proveito da minha forma de atingir o mesmo Fim, adapta-se, conhece a minha linguagem, e ao entendê-la começamos a dialogar, mesmo quando a esmago contra mim.

Não é para a magoar, ou me sentir grande por a sentir gemer, é apenas uma ode à deusa que se torna mulher, e à minha maioridade enquanto perante a Deusa. Mesmo que ilusória. Ela não tem medo que eu a parta ao meio. E começa a apreciar a minha forma de adoração, respondendo-me na mesma moeda.

Aqui e ali polvilho com as doses de carinho necessárias para que a experiência física ascenda a emocional. Fica então a animalidade como testemunho de uma pureza na ligação emocional, e não ensaio ou premedito isto. É a minha linguagem, tal como é minha esta forma de me exprimir por palavras.

Transformo-a num ‘V’ humano, comigo dentro dela, posso lamber-lhe os seios, sorver-lhe a boca e admirar-lhe o rabo.

Manieto-lhe os movimentos, para que se sinta completamente presa, e ao mesmo tempo protegida.

Para chegar a ela, o Mundo teria de passar por mim, e retiro ao mesmo tempo, o facto de eu me tornar assim o seu mundo, como devia ser sempre. E como o clímax não venha, há sempre uma forma de relembrar o amor, retirando-lhe o ar dos pulmões por via de beijos sôfregos.

Deixar o ar que lhe vem, cansado da combustão celular, visitar o meu corpo, talvez dela fique qualquer coisa em mim.
​
Quando já nada pode, quando já nada consegue, viro-a para mim, e revejo a imagem da deusa receptiva, desejante, de pernas afastadas e acolhedoras, que mendiga por um depósito genético dádiva de vida, onde morro brevemente por instantes, depois de me sentir completamente aceite, finalmente, neste esquema de coisas.
​
A angústia antes da ejaculação começa na base da minha espinha, um arrepio avisa-me, e nem preciso fazer nada, apenas olhar a mulher que me recebe, deseja e acolhe, do ponto de vista em que a vejo pelo rosto, pelos ombros e quadríceps tonificados, pelas ancas largas e robustas, pelos seios geometricamente perfeitos, pelo seu colocar de mãos nos meus ombros, puxando-me para ela, e segredando-me ternamente ao ouvido, ‘-Vem-te para mim amor.’
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