Pediu-me para ir ver o pai ao Hospital das Forças Armadas, no Lumiar. Ao subir pelo corredor para a unidade de psiquiatria, fui a galar o befo de uma enfermeira oficial, com os seus 30 aninhos, que te digo, se caísse no meu prato, comia até às lascas de contraplacado da mesa de jantar. Devem ter sensores no rabo, olhou para trás e viu a baba a escorrer-me pelo canto da boca. Não fiz, por acaso, qualquer esforço para disfarçar. Disse-lhe: «-Toma lá o biscoito da minha validação, dava-te uma foda de fazer cair o estuque na Nova Zelândia.» Pareceu-me demasiado à vontade com a minha declaração, mas um plim plom do elevador lembrou-me que chegáramos à ala psiquiátrica do Hospital. Tinha aqui o pai, que fazia anos em Dezembro, e não queria vir ver o homem, que estava internado desde que havia tido um ataque violento e espancado todas as gajas num jantar de Ano Novo. Foi internado por isso, e como havia sido oficial general no ultramar, não o levaram preso, apenas o internaram. A filha quarentona, havia levado três fodões, daqueles que ainda se escrevem com PH. Habituada a vida fácil na Linha de Cascais, habituada a herdeiros decadentes de fortunas antigas, conheceu aqui o je numa disputa de trânsito. Fui a Cascais procurar um cabrão de um livro, e na rotunda do centro comercial, ela ‘amanda-me’ uma passa no pára-choques direito. Eu vinha chateado por causa de vir a pensar na gaja do bumble, aquela que era veterinária e de como mais uma vez tinha deixado um pito fugir à minha frente, e podia ter uma condução defensiva.Não, segui o que aprendi nas lições do código, e eis que sou recompensado com mais um raspão no belo azul marinho do meu Toyota Corolla de dois lugares de 1994. Olhei para ela, ah puta de um cabrão, saí para fora da viatura e ao dirigir-me a ela, a sua calma acalmou-me. Percebi que era daquelas pessoas que têm sentimentos diametralmente diferentes dos meus. Se tenho ira está em paz, se tenho paz está em ira. Ou como dizem alguns, um vampiro emocional, mesmo que não o seja. «-Mas você não viu o triângulo pintado no asfalto?» -perguntei eu. Qual triângulo cuspiu ela. Apontei com o meu dedo indicador para o triângulo maçónico debaixo dos seus pés enquanto posava lateralmente junto ao carro. Ao olhar, apercebeu-se da burrada, ao mesmo tempo que na minha cabeça eu só me sabia recriminar por saber que mesmo cumprindo as regras do trânsito, tens de ter em atenção os outros, os conas que olham de placidez para a vida e que portanto, pernoitam num transe contemplativo que tu invejas, mas que por não teres dinheiro evitas, para não teres que reparar o cabrão do carro que tanto te enche de orgulho, por ser uma máquina de fiabilidade. Quando o comprei pensei que o pito me ia cair a potes no assento do pendura mas só depois percebi o meu wishfull thinking in regards of a reliable machine from the nineties. Cum caralho. Fala para aqui e fala para ali, disse-lhe que o dano era mínimo, que valia pelo menos um jantar. Jantámos em Sintra e alguma coisa devo de ter, porque à quarta garrafa de Casal Garcia, estava a meter-me a mão na perna, e eu disse-lhe tens meia hora para tirar a mão daí , e ela perguntou-me, senão o quê? Senão dou-te um fodão que o pipl da Nova Zelândia liga para o Marcelo a perguntar se Portugal declarou guerra à Oceânia. No meu torpor alcoólico lembro-me que fomos nós que descobrimos aquela merda e que não comi nenhuma australiana, mas comi uma americana que esteve lá, portanto tenho alguma afinidade. Quando abro os olhos desta cogitação, vejo-a já por cima de mim, nua, e a brincar com o ritmo das suas nádegas em cima do meu caralho, e eu ó amiga, isto é um motor a gasóleo, aquece-lhe as velas. Quando estava a saborear as coisas, diz-me: «-João , só fodo contigo se fores de manhã, ver o meu pai ao hospital.» Puta do caralho, fodilhona condicional. Se queres que te diga, não quis estragar a coisa com a minha racionalidade de examinar a coisa toda, e só disse que sim. A partir do momento em que lhe agarrei as nádegas, contraindo as minhas mãos como o australopiteco o fazia para se agarrar aos ramos das árvores, fui de bombar até me doer um músculo qualquer do torso. Pimba pimba pimba ah puta se não te vens. E veio. Várias vezes, e fiquei contente como Deus quando observou os seus dias da Criação. Exausta em cima de mim, só sabia dar-me a sua boca seca de tanto ofegar, e ao senti-la seca em cima, só me apetecia secá-la por baixo, mas qualquer coisa, a humidade, o impedia. A minha fantasia realizou-se, às 4 da manhã ela disse-me que nunca fora tão bem fodida, e que não aguentava mais, e que se os seus antepassados hebraicos.. Hebraicos? Judias dão-me tusa. Levou mais um. Não conseguia dizer que não, nem conseguia fechar as pernas com a falta de força. Lembro-me do meu mestre de artes marciais a contar a história de ter fodido uma judia, e para mim elas são gajas como as outras, ruivas, pretas, o que aparecer. A centralização do foco na cona, é o que de mais inclusivo existe. Como todas por igual desde que estejam vivas e sejam do sexo feminino. Quando já não me conseguia vir, e a minha pila parecia beata ao vento, debrucei-me sobre ela e beijei-a no rosto. Ela disse-me: «Eu sou má ao amor João…tenho medo de me apaixonar.» E eu respondi, não te preocupes meu doce, nunca ninguém me amou, portanto estamos a salvo. Enquanto eu estava, mais calmo da vida, debruçado sobre o seu ombro babando lamúrias, a última coisa que ouvi antes dela adormecer foi a sua lembrança de ir ver o seu pai e mandar um beijo seu. Foda-se, eram 7 da manhã e tive de me libertar dos lençóis, pois o seu abraço era demasiado forte para sair. Dei-lhe um beijo na testa e fui cumprir a minha promessa, que aprendi que as promessas têm de ser cumpridas. Ainda meio bêbedo a caminho do Lumiar, saio do Metro, com um sabor amargo na boca, e passo pela roulotte circundante e espeto duas imperiais no bucho. Ainda pensei ir ao WC comemorar o rabo da enfermeira, mas o sentido de missão sobrepôs-se. Chegado ao quarto 937, dou com um senhor olhando a janela na única cama do recinto. Sento-me na cadeira ao seu lado, convencido de que o homem está numa confederação espacial ao lado da nossa e que é por isso que a única filha não veio ter com ele no dia do seu aniversário. A oferenda das duas águas de Vialonga nas minhas sinapses, caem ao mesmo tempo, e sabe-se lá como, a minha boca só diz, «-Desculpe lá senhor Gouveia, mas dei um fodão na sua filha, que ficou estatelada em Alcabideche.» A coisa soa melhor aqui do que soa lá. Eu com as costas largas, por imaginar que o H omem estava demente ou vegetal. Ao afundar os meus cornos por minhas mãos abaixo, face ao silêncio que se seguiu às minhas palavras, uma mão me tocou no pulso. Procurei em vão enfermeiros, o próprio paciente me tocara. O homem tinha estado em Angola, Guiné e Moçambique. Tinha sido um militar importante nos 3 teatros de operações. Estava ali amarrado qb, porque pura e simplesmente, desde que regressara nunca mais havia sido o mesmo. O imbecil do je, ainda continuava convencido de que falava para um vegetal. Começou a falar dos tempos da Guiné. E eu a achar que por ter lido o Zurara, sabia do que ele estava a falar. Sabes lá tu pelo que passámos, e a malta hoje em dia… A sua narrativa ia para um sítio que eu não gostava, o da autoglorificação. E perguntei-lhe, «-O que era pior?» «-Não saber a que momento podíamos morrer.» «-Já experimentou namorar com uma gaja contemporânea, que tem pila a cada swipe de Tinder?» «-Estarmos na trincheira apenas para morrermos por uma baioneta enfiada nas costas…» E perguntei:«-Já experimentou ser atraiçoado pela mulher que achava sua amiga e amante?» Bem, o Homem ia para ali desfiando os seus traumas, e eu como imbecil, apenas arranjando paralelos de situações… que nada tinham a ver? Ao fartar-me, passei eu a narrar as formas como somos desfeitos pela selecção artificial intra-específica, ou seja, pela luta e adaptação entre sexos para gerar melhores proles. Uma comparação de merda, mas que ainda assim, repostado no cadeirão, ainda recebi um sorriso da tal enfermeira que entrara no quarto e ouvira a nossa conversa. Olhando para mim exclama «-Nunca o ouvimos falar assim!!!» Ébrio apenas respondo, «-Dou-te um fodão que nos faça esquecer os dois de quem somos.» Ela riu-se e saiu com o estetoscópio em círculos na mão. Eu, com a lágrima no olho por perceber a literalidade.
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