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Depois de mim

4/8/2008

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Tens-me sentido sazonalmente dentro de ti, quando me lês em palavras que escrevo a negro, na ponta das quais sempre tive necessidade de encontrar e ter uma mulher. Como raio seminal, ejaculo palavras para que concebam em ti à luz do que é belo, para que saiam os pensamentos que te acompanham quando olhas sozinha o infinito que te faz parar.

Preciso dos teus olhos, preciso que olhes para mim.
Preciso que me recebas no mais recôndito do teu âmago, além do palavreado bonito, sob o qual se esconde um desejo mais sinistro de posse da tua alma.
Preciso que me deixes brincar à solta no mais lugúbre do teu coração, fazendo dentro de ti o amor como uma criança que brinca sozinha com o mundo fechada no seu quarto.

Li na tua pele, meu salgueiro que choras Sal, que nunca nos vamos tocar, ou ver mais, desde a última noite que passámos juntos juntos, eu não quero de outra forma.
O verdadeiro abraço que dura além do tempo é o abraço do absurdo. E quão absurdo é querer navegar à deriva no coração de alguém que não se conhece...no teu.

Condenados que estamos a ser pouco mais que destroços anónimos, ganha valor este ignoto trocar de olhares onde es por pouco tempo um pouco de mim quando me lês e eu provo um pouco do teu morno mosto quando contigo sonho.

Entro como nunca ninguém entrou dentro de ti, com a porta franqueada, salto pelas janela gradeadas, nem sei o que vai na tua cabeça, no escuro não consigo acender a luz, apenas posso adivinhar no negrume as sombras com as quais à noite te deitas murmurando o meu nome:'João.João.João...'

De mão na mão dada, na mão que raramente consigo dar acordo com a luz que foi acesa.
Espero à tua porta no fresco da manhã que ainda não nasceu encostado à parede molhada da tua casa.
Leva-me para mais longe, absorvo por completo o teu mundo, deixo-me encantar com aquilo que não é meu, voando um pouco para mais alto longe e sozinho de todos nós.

Não dei por te ires embora.
Não quero mudar a minha memória. Não consigo estar sem estar contigo a mim encostada, olho a tua cara enquanto dormes, e eu dormir não quero, não quero que passe este tal tempo em que cheiro cada expiração tua, e olho as curvas do teu rosto, fazendo por imaginar o filme da tua vida, adivinhando como será a tua alma através dos maneirismos que vagueiam na tua cara quando dormes.

Não estaremos nunca juntos de olhos dados e mãos abertas, como o negro dos olhos dos amantes.

Estendes as tuas asas negras na grandeza do Sol vermelho no Céu preto por trás de ti.Vens então à minha boca dár-me fôlego, só o suficiente para me ouvires sangrar.
Olho para a distância que de mim a ti se estende, já só caso com uma sombra tua, vai ter comigo onde a onda beija a areia...eu já não vivo. Eu já não vivo.

Não sentes, não te dói, sentires-me dentro de ti?
Entro em ti?...
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