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Hamster e a roda

17/9/2018

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Pode crer-se que um homem perdido no deserto nada perde em passear.
A determinada altura decidiu este homem que escreve revisitar deserto árido previamente conhecido.


A Célia ainda tinha alguma graça por causa da relativa ingenuidade com que ia ensaiando manobras de manipulação, serôdias porque claramente visíveis.


Natural, afinal resquício do controlo apertado do anterior companheiro, a trela curta porque lhe conhecia minimamente a personalidade.
Não lhe condicionava o exercício do adultério mas condicionava-lo seriamente, apenas fazendo com que ela ganhasse lábia na sua execução. E assim ia Célia tendo a endorfina que lhe prometia a certeza de estar viva.


O anterior companheiro antes do conflituoso divórcio, apenas ajudara a dar forma ao arsenal de simiescas tácticas de manipulação, ardis.


Após um texto onde eu havia exposto o que realmente pensava dela, ainda que de forma literária, gerou-se nela uma vaga de ressentimento.
Não pelo acto, que nunca tive essa importância, mas pelo conteúdo que ameaçava o seu valor como mulher que se avalia a si mesma apartir da opinião externa.


Enquanto totem de admiração podia-se viver no seu mundo. Mas eu havia-lhe ameaçado a fonte de validação interna, que depende da observação de validação externa, e era isso que a irritava.


Desde o início que era notório que havia dentro dela um buraco a preencher, que a início confundi com repressão marital, mas piava mais fundo que isso.


Como se ambos não conseguissem largar um ao outro na infinda maré de anonimato, combinou-se um jantar a meio da minha viagem pelo deserto. Óbvio que o que ela queria era uma confissão arrependida dos meus pecados de modo a restaurar o valor abalado com a crítica.


Obtida, fodemos, com o mesmo sem sabor de sempre.Prometeu ela fodas futuras, tentou passar aqui sim de forma mais refinada, o gancho do significava foder comigo. Afinal, a única brecha na armadura é o ego, nem é preciso ser-se bonita para controlar um homem cujo ego ronrona ao afago como gato à festinha.


No meio de gemidos mal geridos, a deusa espreitava muito ao longe a minha cara, avaliando-me se ainda era desafio ou não. Claro que não.


Ficou claro que o indivíduo cujas nádegas reluziam na luz de uma Lua alheia, havia aprendido uma manha basilar em todo o arsenal feminino.


O da incoerência. Descobrem por altura da primeira menstruação, grande parte, que nada destrói mais o ânimo e racionalidade de um ser humano masculino, que a emissão de mensagens contraditórias. Tal decorre do facto de o bicho homem estar constantemente a construir significados e interpretações dos dados que capta. A emissão de dados contraditórios é algo que provoca curto circuito e insegurança, que decorre da dúvida nas próprias capacidades de avaliação.


Claro que Célia e muchachas, não o entendem assim, de forma intuitiva fazem-no e sabem que funciona, e basta. Encaixa-se que nem uma luva na visão generalizada de Polyanna.


Não sentiu alguma vez a necessidade de perceber como funcionaa psiqué marciana. Mas sabe que funciona e usou essa arma do arsenal que tinha agora ao dispor.


A contradição, que consiste em por modo de palavras, acções, comportamentos, emitir mensagens contraditórias e por vezes contrárias.


A sobreanálise que o mancebo não pode não fazer urde a teia em que cai.


Sabem que com a receita de contradição estão os ingredientes de intriga, promessa de vulva explícita ou insinuada, desprezo, exercício lacónico para com o seu séquito de pretendentes.


Boa parte dos homens sabe disto e lança a escada ao maior número.
O que provoca a queixa generalizada de que são todos iguais, e a percepção inquinada de que a vulva é uma raridade preciosa.


A negação é outro atributo na forma de pensar das sedutoras e aprendizes de sedutoras. Quando confrontada com o abandono por parte de anterior parceiro mais jovem que ela, racionalizou que ele não sabia o que queria e que gostava dela apesar de tudo.


A maior força da Natureza, é o ego. Consegue iludir o indivíduo para a ilusão da individuação.
Age constantemente de forma a tornar insondável a crua realidade que oblitera o mundo de Polyanna.


Em vez de ver-se como utensílio numa fantasia arquetipal, em que o mancebo deseja fornicar um corpo mais velho e experiente, como forma de satisfação de curiosidade e desafio, Célia e seu ego preferem construir a interpretação de que existia uma luta elementar entre forças da Natureza trágica, como o amor, orgulho e preconceito.


O confronto com estas palavras só lhe provoca o recurso ao mesmo cliché de sempre, ah...tu não percebes.


Nada há a perceber, visitar desertos já percorridos, é um exercício de aridez superior ao de andar perdido.


A piada pode ser à minha conta.
Esta pago eu.





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