![]() Não sei como é para ti, mas para mim escrever é uma forma de expressão introspectiva que me torna mais claro a mim mesmo. Escrevo para me entender a partir de uma visão interior ruminada em que a consciência se dobra sobre si própria, ou de outra forma, usamos o nosso ‘olho’ interior para ter acesso à nossa vida espiritual. O risco que se corre quando se usa alguém como ilusão, é que a partir de determinado momento confundimos o conteúdo da cogitação com a própria cogitação, e desta forma o que penso sobre ti não é mais do que como penso, e o que penso sobre mim. A partir de ti.Existe sempre um quid que coincide com o original. Há qualquer coisa de ti, que captei com a minha observação, e nestas coisas a minha eficácia está perto do total. A partir do momento em que soube que existias, cumpriste o teu papel imaculadamente. Por estúpido que pareça não tenho palavras para agradecer o facto de existires. Nada tendo contribuído senão ir soltando uns novelos de corda para enforcados, o habitual nestes casos, foste uma preciosa tábua de salvação. Eu continuo com a crença infantil de que se pensarmos muito em alguém, esse alguém de certa forma corresponde a essa energia pensando algo em nós. No teu caso não podia estar mais enganado. Apesar de agradecer pela tua existência e estares viva, desde a primeira interacção que percebi que eras incapaz de empatia amorosa para comigo. Tens uma relação exclusiva com o teu ex-marido no sentido de que justificas muito da tua vida com a captura de empatia alheia para o mal que sofreste. E manténs uma relação monogâmica com a tua visão do mundo e os homens com cabeça de cão que frequentas fazem parte desse fresco com que te proteges do que jaz fora da tua zona de conforto. Receber atenção e pena é uma forma de captar energia e camaradagem, e isso basta-te tal como basta colocares umas citações avulsas nas fotos de perfil em rede social, para se simular uma vida interior. Não, não estou a dizer que és básica ou pouco dada a debater intelectualidades, apenas que as nossas concepções de importância e profundidade diferem, e isso é uma cruz minha. Toda a impressão, boa, que causaste a início, resvalou na contradição observada entre a pessoa que me contaram que eras, e a que aparentas ser. A tua frontalidade não é frontal, é apenas placebo em forma de falar alto e sem tacto. Não, não és bruta, és emocionalmente obtusa. Não, não és frontal, desempenhas apenas a persona que escolheste. A facilidade com que escalas argumentação inócua revelou desde cedo que tinhas outras opções e estavas no terreiro apenas pelo biscoito. Ninguém parte rapidamente para a histeria se tiver algum interesse no interlocutor. Aprende isto, pode ser útil para a próxima vez que queiras manipular alguém. Não houve uma expressão emocional nas nossas interacções que fosse do teu lado assinalável. Desde cedo ficou patente que a atenção que te era dada não era apreciada de um ponto de vista empático, mas como forma de captar validação. Como costumo dar sempre o benefício da dúvida na melhor natureza de outrém, fui negando, contra as evidências, que és aquele tipo de pessoa insidiosa, insegura e sedenta de séquito, que faz render o peixe sob a maior panóplia de justificações como forma de manter o outro em suspenso e ir recebendo a validação que ocorre através da manifestação de interesse. Nem foi propriamente isso que desiludiu, mas a falta de originalidade do processo. Joana pertence a uma falange de pessoas que também a encoberto de uma consciência, acha que quem não consegue captar o seu respeito, é imbecil. Não me conseguindo ter respeito, quem sabe por ter o luxo da opção, achou que o joguinho desenrolado na sua cabeça seria de todo ignoto para outros. Sarcasticamente, mesmo que acredite nas capacidades intuitivas do 12º signo do Zodíaco. Odeias os sentimentalismos como me disseste, mas enganas-te na razão desse ódio. Não é por seres adulta ou emancipada que não suportas sentimentos agudos noutros, nem por considerares um exagero fútil. Apenas porque és incapaz de te deixar ser arrebatada, tudo em ti é controlado e freudianamente anal apesar do contrário que tentas desesperadamente projectar. Pertences também ao crescente grupo de pessoas que tem o coração petrificado para com seres humanos do sexo oposto, e palpita-me que tem a ver com os altos emocionais que tiveste outrora, o que revela falta de capacidade de encaixe e inteligência, até para com a possibilidade de felicidade na tua própria vida. (Qualquer gajo que te entre pela vida dentro depois de passar os crivos da tua mundividência seca e a priori definida, provavelmente encontrará um deserto de emoções de ti para ele, a partir do momento - célere- em que deixes de regar a palmeira. Provavelmente dirá que Joana Mel é um belo biombo, sem nada por trás contudo...-passo a expressão) Um pouco como quem esteve na Guerra do Ultramar, não se assusta com foguetes de bailarico de bairro. E isto nem tem a ver com o que (não) se passou entre nós. Tem a ver com a observação, limitada, que fiz de ti, nos momentos que tivemos para 'nós'. Tudo o que sai da boca de um Peixe com Ascendente em Caranguejo, devia ser considerado um teste.E toda a minha atitude foi um teste, é sempre um teste porque sou observador dos outros e de mim nas relações que estabeleço com eles. Aliás, bastaria teres tido um pouco mais de vagar e curiosidade na leitura do primeiro texto que te enviei, para perceberes neste espaço o teu papel de cenoura e marioneta, no meio de outras marionetas passadas a escrito. Vivo neste mundo como numa gigantesca peça de teatro, fazendo como Pessoa, que finjo aquilo que na realidade sinto, digo e faço. Não me posso queixar de que ninguém me conhece porque nem sei se há algo a conhecer senão um enorme biombo, muito belo, no entanto sem nada por trás. Para haver algo teria de haver determinação de conteúdo, mas a mim o que dá pica é apreciar os processos e padrões, de pensamento e comportamento dos meus semelhantes, e entender essa força em mim. Talvez eu seja tão inacessível a mim como tu também foste. Não existe opacidade no teu ser, no de ninguém aliás. Existem capacidades de interpretação variáveis de acordo com o observador. A única desilusão em relação ao que vivemos vem das ideias que vejo rapidamente feitas por ti enquanto avaliadora. O teu desprezo por uma declaração de intenções demasiado vespertina e frontal. Gostas do jogo e respeitas quem joga, não apanágio de gente directa e honesta. Quem joga mal cai na tua categoria de ‘palonço’. A única variável que não controlei foi exactamente a de saber da existência de outras opções. O que agora faz muito mais sentido. A minha falta de informação vem justificar a opinião estratégica que tomei. O teu comportamento flaky também aparece justificado a esta luz. Com esta informação teria tomado a opção de continuar a ignorar a tua existência como temos feito mutuamente até aqui. Mas até foi giro ver-te a marcar e desmarcar encontros como mulher que se acha adulta, e a projectar sempre no futuro o prémio da tua presença. Quando te chamam a atenção para o comportamento menos feliz, vitimizas a tua pessoa e fazes ultimatos. Engraçado. Controladora indefectível da própria empatia e espontaneidade, mas tentando manipular as emoções de outros com o batido truque da projecção de culpa. A um acto de preocupação genuína, claro que originado pelo interesse egoísta na tua existência, respondeste com vários ‘obrigado’ como se quer o carácter egoísta do acto, quer a normalidade do mesmo merecessem esse teu distanciamento aparentemente cordial. Assim se jorrou fora o fio de àgua dos nossos acontecimentos, o jantar em tua casa seguido do primeiro beijo e do acordar juntos Sábado de manhã.Da hora passada em silêncio olhando apenas olhos nos olhos. Da noite de cortejamento, ao frio, de mão dada no CCB, da tarde passada em Estremoz no largo, a apanhar Sol de Inverno e a partilhar o caminho da nossa existência. Das conversas a alta noite sem planos de futuro que convencessem, e até dos afagos e das perguntas que nunca deste ou fizeste. A melhor maneira de testar alguém é ceder algo de forma ou muito fácil ou muito difícil.É mais fácil descarrilar com a facilidade, o espírito está mais à vontade, desvaloriza mais profundamente e assim obtemos a mais nítida imagem de como o outro reage nesta charada a que chamamos ‘mundo’. E no entanto Joana é mais doce que o Mel. Num qualquer universo alternativo que não o meu. Disse-te ao ouvido na pastelaria no Rato, «-Nitimur in Vetitum», embrenhando meu nariz entre os teus cabelos até à tua orelha. Obrigado Joana, por estares viva e seres quem és. Nada precisaste fazer senão existir. Foste um dos degraus no reerguer do espírito. Mas ambos sabemos que nada fizeste, apenas na minha cabeça andaste incansavelmente no papel de cenoura. Foste o meu fabrico de moeda falsa, aquilo que segundo Nietzsche distingue os fortes dos fracos. Ou seja mentir. Foste uma das mais úteis mentiras que eu disse até agora. Beijo. Post scriptum em tom de desabafo manifesto: Acerca dos campeonatos sem fundamento. Acerca das invejas e do olho gordo. Acerca de uma pessoa querer morrer e nem para isso ter tempo. Acerca dos dilemas, dos mal entendidos e das ilusões. Acerca dos limites onde começam os espaços de uns e acabam os espaços de outros.... Acerca dos aprioris, das faltas de discernimento, e das aprendizagens úteis. Acerca das interpretações, curiosidades, e telefonemas anónimos, das ameaças veladas perante o desespero de apesar do dinheiro mandar nesta merda toda, não é ele a quem obedecemos. Ou é mas isso chamam-se escolhas. De mim apenas dependem, as minhas. Acerca da capacidade de sermos felizes e gratos e cegos por convicção. Ou de Olhão e da Boavista mas com propósito. Acerca da capacidade de se poder além de ver, reparar. Acerca dos vivos inconvenientes, dos indisponíveis, dos mortos que nos fazem falta e o pequeno espaço fulcral onde existem e estão de pedra e cal os que nos querem. Acerca do número de vezes em que Deus é o nosso melhor amigo e nós conseguimos ser o nosso pior pesadelo. Acerca da consciência, aceitação e compaixão de nos assumirmos na nossa verdade. Acerca de nunca deixar em mãos alheias o projecto de sermos, com tudo, para tudo e em tudo. Acerca do que cada pessoa tiver a coragem de definir e honrar. Acerca de : Não existo para competir com ninguém. Apenas e felizmente, para me, superar. "it's not what I can get, but what I can, and will, by all means, Give" ass.: Joana Outro contributo facultado sem saber pela esquila, alargamento conceptual da ideia de righteousness. Já não só aplicada a outros como forma de ascese para a superioridade moral, mas aplicada a si própria, como forma de exaltação de uma liberdade e superação do fraco ser perante as forças que supostamente o esmagam. Uma espécie de sentimento de sublime, contrafeito, plasmado da Kritik der Urteilskraft. Ou por palavras mais acessíveis, abraçar-se a si mesma e dar palmadinhas nas costas. P.P.S. = quão curioso é quando esta Gémeos, tão flaky previamente, se torna tão próxima por causa de um post num blog ignorado pela esmagadora maioria de internautas, especialmente tendo em conta que é um espaço dedicado a expressão literária.Joana, és uma fofa, mas às vezes tens de ser mais humilde.Beijo grande. (mais uma história para contares às amigas como sofres com o mundo...aposto que vais ter resmas de empatia pena e admiração por conseguires aguentar tudo, menos um café com o je, caso o desejasses, claro.) P.P.P.S. = Análise conceptual da pérola literária acima citada
Portanto a partir do que a palavra denota, existe sempre um fundamento para o ‘campeonato’. Talvez a expressão pretendida fosse «Acerca dos campeonatos de x indesejados ou injustificados.
Ninguém está indeciso entre um Big Mac e um suicídio indolor. Portanto, não ter tempo para morrer significa que querer morrer não representa um fim absoluto, mas algo de relativo, o que portanto conta na expressão é o dramatismo, que visa captar a atenção. E invariavelmente, pois queremos-te cá por muitos e bons anos.
Pobreza de análise de conceitos, pois os limites se coincidentes, por exemplo o direito de respirar, não criam uma fronteira mas uma união. Pensar não é difícil, caso se goste.
Aplicando análise estatística à quantidade de vezes que alguém profere determinado conjunto de palavras, e analisando a sua linguagem corporal, podemos perceber o que constitui um valor para esse alguém, mesmo que tente projectar uma imagem do inverso.
Se os que querem outrém estivessem num pequeno espaço fulcral, de pedra e cal dispostos, nem uns teriam a sorte de ter clube de fãs, nem outros a sorte de sofrer ameaças e insultos electrónicos.
É algo de evidente que não carece de aceitação. Compaixão por nós, por nos assumirmos na nossa verdade? Mas é um factor exaltante, degradante ou neutro?Se corresponde à aceitação de quem se é com todos defeitos e vícios significa a um mesmo tempo a aceitação da nossa humanidade e da nossa incapacidade em melhorar. A não ser que o defeito se torne num indicador daquilo que temos de melhorar. O que, escutando a convicção da personagem analisada, não é o caso. Tem uma cristalização egóica que valoriza, tomando seus defeitos como as virtudes que a permitiram sobreviver neste mundo tão perigoso como a savana africana.
1 Comment
21/1/2018 23:39:15
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