O Custódio veio de propósito de Gaia para tomar café comigo.
Como estás, já gostas de gajas e essas merdas em que na brincadeira os gajos aferem o estado emocional uns dos outros. A diferença entre isso e bullying, é que as provocações não visam enfraquecer ou menorizar, somente provocar resposta, eco do espírito do outro que revela assim estar pronto a ripostar, num combate de mordacidade cerimonial. O abusador, canibaliza outros assim, lê as suas fraquezas e usa-las para controlar e estocar o outro. O homem normal, digno desse adjectivo, testa o outro, para saber a sanidade de espírito do parceiro de tribo. «-Ó paneleiro, como vão as tuas pilas.» não é um insulto à homossexualidade do outro, mas um ping que pretende obter uma resposta, para saber se o host está presente. Se o outro é ou não paneleiro não interessa numa amizade verdadeira. Nem sequer surge. Em vez disso, «-Então malandro, já tiraste férias das férias? Quando é que começas a trabalhar uma vez na vida?» - ou algo semelhante. O objectivo não é o estoque. É uma palmada nas costas com palavras, a ver se o saco de ossos que é o outro, está apto para ir caçar o mamute. O riso amarelo dele disse-me que algo estava mal. Está tudo bem, que contas. «-João, estou-me a separar da Marisa.» «-A sério? Epá, lamento imenso saber. Que posso fazer para vos ajudar?» «-Nada.» Fiquei descolhoado porque tive um papel directamente ligado ao casamento dos dois. Há 20 e tal anos a bordo de um vaso de guerra da Marinha de Guerra Portuguesa, o condutor de máquinas Custódio, sabendo da minha relativa facilidade de articulação de poesia lírica e literatura, pediu-me ajuda para engatar uma vizinha, que micava havia muito tempo, mas nunca tinha tido muita lata de abordar. Como se chama ela? Marisa. Marisa, Marisa…Marisa brisa do mar. Fiz um poema de duas páginas com a descrição que ele me dava dela, trejeitos e tudo, e o que não sabia, inventei baseado em gajas que eu próprio queria facturar. Parece que o poema surtiu efeito, pois ambos casaram. Na altura não pude ir ao casamento, estava embarcado, e antes de sair de Alcântara, Custódio veio à minha presença descolhoado, que ela se calhar só gostava dele pelo poema, que se ia desinteressar dele assim que descobrisse que só lia Tom Clancy e nada de lírica galaico-portuguesa medieval. «-Foda-se Custódio, estás a gozar comigo?» -«Não…porquê?» responde ele com aquele sotaque carregado duriense. «-Foda-se achas que ela leu? E se leu não compreendeu um caralho. As gajas são como gralhas, gostam de coisas brilhantes, mesmo que pechisbeques.» Ele olhou-me como se eu fosse um cabrão saído de uma taberna numa caverna. O engraçado é que para dar conselho nas vidas dos outros sou exímio. Mas qualquer cachopa que se finja interessada em mim, e logo a idealizo a par com Ishtar. «-João, eu não vejo as mulheres assim, quem te magoou?» «-Ninguém, todas, eu. Esquece. Não penses essas merdas de ti. Ela não é um ser humano melhor que tu. Tem algo que tu não tens, a possibilidade de transmitir vida no seu corpo, apenas, nada mais, nada menos. Não dependas dela para te sentires melhor, nem a coloques num cabrão de um pedestal. Essa merda é alienação e vais-te foder com isso. Falo porque já passei por semelhante.» «-Eu sei, por isso vim falar contigo.» Isto há 20 e tal anos. Estava a bordo, com a cor da relva de bater com a cabeça numa viga de ferro sob a minha cama e travesseiro, com ondulação de 7 metros e no encalço de um veleiro de alemães à deriva, quando o helicóptero trouxe a correspondência, e numa carta para mim, a foto do casal numa igreja lá para o Norte. Todos os natais recebia a chamada dele desejando-me boas festas, que isto os homens do Norte quando são a sério, são amigos para toda a vida. Quando os filhos nasceram, também soube em primeira mão, recebendo o testemunho daguerreótipo da obra feita e previamente o ecograma. Fui aos dois baptizados. O tipo que estava agora à minha frente não era o mesmo. As costas largas e o sorriso confiante eram pálidas memórias. Encurvado e reduzido na sua dignidade por anos de descolhoamento e desdizer dela, ressentida com a sua natureza plácida e que evitava dramas e desperdício emocional desnecessário. Anos a fio a desprezar um tipo que não tinha em si, grande acervo de acessos de raiva, e com o qual se ressentia por confundir isso com falta de espinha perante as merdas – que ela própria reconhecia como tais – que lhe dizia. Testando e minando o seu feitio pouco dado a palavras, estóico. Odiando-o por ele dela não se defender, antes a evitando, tentando aplacar e com isso só aumentar o despeito que ela sentia por ele. Pelo que me contou, ela mudou de emprego, e um colega coleccionador de troféus, começou a dar em cima dela, primeiro com conversas moles que ele apanhou no telemóvel, depois com fotos clichés de copos de vinho à lareira e elogios fáceis em forma de bolos que levam os tolos. É tão fácil cair no elogio. Frases motivacionais de merda nas redes sociais. A ‘inadvertida’ interacção no whatsapp supostamente por engano. A favor da ‘cordialidade’ ela sempre foi dando conversa, observando-a na pornografia do seu olhar encoberto, quando passava pelo seu cubículo com a autoritas hierárquica que a sua função conferia. Como a ela, outras igualmente impressionáveis haviam caído no laço. Era um coleccionador, comia e a sucessão de digestões levara-o a desenvolver uma pena pelas tipas que largava findo a conquista do troféu. Tornara o largar, uma arte. Que algo não estava bem, que era ele. O seu maior aliado era o ego delas, que justificaria sempre o passo em falso que davam, isto se havia algo em jogo que haviam perdido. Quando eram solteiras e com anos de valor sexual pela frente, não havia problema. A insegurança dela e o sentimento de que podia sempre arranjar melhor que a ruína do homem anterior que se desfizera em noites mal dormidas por causa do trabalho, para meter comida na mesa e bens de prestígio com que mostramos uns aos outros que sabemos o que é viver e que somos bem-sucedidos no esboço de jogo que achamos que a vida é. Eu não a conhecia bem, fora das ocasiões sociais, em que sempre me tratava com desconfiança e hostilidade latente, em comum com todos os amigos dele, que de ano para ano iam sendo sempre menos, até que por fim, só sobrava eu e mais um ou outro, e ela era dona suprema do seu mundo. Mas pelo que via, e ele me deixava perceber, era uma tipa terra-a-terra, cujo mundo é aquele que lhe aparece à frente dos olhos e sob o tacto das mãos, tudo o resto inefável era por ela visto como fantasia de gente fraca. Era uma tipa desinteressante e com aspecto mediano, valendo ser alta e arranjar-se, exímia no rimmel que fazia como poucas, fazer sobressair os olhos azuis. Mas como gaja, e como os homens são na maior parte bocós, quando começou a ter mais atenção e validação, achou que merecia o melhor que a vida tem para oferecer, na figura de gajos que lhe elevassem o valor social, e que ao entrar no café, as amigas cochichassem entre si, que belo gajo que ela arranjou, é porque existe um quid qualquer nela, e esse quid é a medida da individuação que um gajo ‘normal’ e seco por anos de sacrifício – a quem ninguém o obrigou senão ele – no trabalho. O grupo de amigas, ou solteiras ou adúlteras, contribuía para reforço da fantasia, tu mereces princesa, mereces ser feliz. Ele não vai a lado nenhum, já tens os filhos, se não estás feliz tens de ser tu a ir procurar a tua felicidade. A mensagem passa incólume quando os filmes e anúncios comerciais passam esta ideia de um menor valor do homem, e de que por ser mulher a mulher tudo merece, por supostos séculos de opressão, ou girl power, o que seja. No fundo, as amigas queriam isolá-la dele, para a terem mais tempo consigo, alinhar nos planos em comum. As solteiras porque ela lhes lembrava que a sua relação de 20 anos era um sucesso comparado com os 8 meses que conseguiam manter um gajo. As casadas, porque não gostando do marido, não podiam fazer programas a quatro com um gajo, o Custódio, que era um tipo que apesar de tudo, tinha algum discernimento das coisas e portanto seria má influência para os domesticados maridos delas. Escreveu-se um amor no céu, portanto. «-Custódio, tu tinhas consciência do jogo. Não te faças de ingénuo.» «-Hã? Como assim?» «-Eu via a tua compostura, e como reagias às minhas tretas sociológicas. Tu achavas que tinhas resolvido o problema da reprodução e que por teres gaja, tinhas o problema ou essa área da tua vida resolvida. Como ela até era vistosa, cheguei a ver-te com algum desdém por todos os que conhecias e que eram solteiros, como se a validação social de ter uma gaja fútil na ponta do braço, traga algum valor para um homem que se considere como tal.» «-Não concordo com isso se bem percebo. Era a minha melhor, apenas e só.» «-Mas qual tua, foi só a tua vez. Ninguém é de ninguém. O mito da alma gémea é o mito que visa colocar o homem na dúvida se deve ser íntegro ou não. Ela escreveu-te algum poema?» «-Não, que tem isso a ver?» «-Achas que a pilinha vale menos que o pipi?» «-Não, mas é suposto o homem andar atrás de mulheres…» «-Vai dizer isso ao colega de trabalho da tua futura ex-mulher. Todos os homens perseguem gajas. Mas nos tempos que correm, temos de ser coerentes com o ‘conceito’ de igualdade. Se não me perseguem a mim, também não as persigo a elas. Porque é suposto dares-lhe poemas e rosas e perfumes, e a prenda dela é a sua companhia? É a mulher algum prémio que seja celeste só porque existe? É a mulher feita de um barro diferente que mereça adoração ou deferência? Não fossem estes conas todos que as perseguem e validam só com a ténue esperança de um pouco de punani e o apreensão que elas tinham do mercado da carne, seria diferente. Mas a maior parte gosta de viver em submissão, e como vê todos os outros fazer o mesmo, age de igual forma, aceitando que é melhor perder o respeito próprio, cedendo nos seus limites, que passar uma semana sem pinar uma tipa que não tem a inclinação a não ser o desfastio de estar com eles, ou que os pretende manipular entretanto.» «-Quem te magoou? Eu não consigo falar assim das mulheres, não vejo assim!?» «-Porque é que uma opinião considerada negativa só pode emergir do trauma? Ninguém me magoou, só eu pá. Diz-me, ela teve alguma conversa contigo a dizer que queria acabar o casamento?» «-Teve, disse-me uma datas de coisas que eu tinha feito mal. E que achava que já nada sentia por mim.» «-Essas coisas que ela apontou, podem ser ditas igualmente dela?» «-Podem, também deixou de investir em nós, eu por vezes também nem a podia ver. Só permaneci por causa de ela ser a minha mulher, a minha família.» «-Essas coisas que ela te disse não foram senão desculpas arranjadas depois da decisão tomada. Ela já tinha decidido que ia pinar o gajo das vendas, na empresa de venda de barcos onde ela trabalha, e que foste tu que arranjaste para ela. Esses erros que disse que cometeste, foi a forma que arranjou para justificar para si mesma, a decisão primal e básica de ir para a cama com o gajo mais excitante e novidade.» «-Epá, mas as mulheres têm direito a foder quem querem, tal como nós.» «-Amigo, a nível de direitos, têm sim senhor, sou o primeiro a defender que fodam quem quiserem, e que prefiro comer meia tonelada de iscas cruas fora do prazo, que ter uma gaja ao meu lado que me fode apenas por dever matrimonial. Mas também não se podem queixar se não as respeitamos por estes supostos assomos de emoção em lógica de merceeiro. Qualquer gajo que não esteja hipnotizado pela vulva sabe que uma gaja que larga outro por ele, eventualmente lhe fará o mesmo. Portanto este tipo de gajedo é como o pão alentejano, come-se bem nas primeiras duas semanas, depois o bolor é um perigo de saúde pública.» «-Não gosto que fales assim, reificando as mulheres.» «-Para já fui eu que te ensinei essa palavra, não me venhas com ela. E reificar, reificam elas também, ou achas que colocando fotos do seu corpo no instagram e fakebooks, não estão a mostrar a mercadoria a futuros clientes que escolherão de acordo com o que mais lhes convém e cujo vínculo afectivo será racionalizado A POSTERIORI, hein?» «-Pois, usamo-nos todos uns aos outros. Eu não quero viver assim.» «-Criaste uma fantasia na tua cabeça e identificaste-te com ela. Queres que seja real. Há muito do teu ego que morre, se ela desaparecer. Tens o teu ego investido na missão familiar que deu sentido à tua vida, durante muito tempo. Por isso não queres largar. Vê lá se ela hesitou entre desfazer uma relação de muitos anos contigo, pela possibilidade remota de romance. De um certo ponto isso mostra que significavas menos para ela que o risco de te perder. Na sua cabeça convenceu-se de que era o melhor para ela, e decidiu de acordo. Os homens é que são uns conas embevecidos por este idealismo palerma. Há 50 anos eram chamados para a guerra e a última coisa que lhes passava pela ideia era agradar a esta ou aquela mulher. Protegiam a tribo, ponto. Se aparecessem gajas seria coincidência, não o seu foco de acção.» «-Estou a sofrer muito com a falta dela.» «-Esquece-a, porque ela já te esqueceu a ti. Nem é a ti que ela esqueceu, mas ao valor de utensílio que tiveste alguma vez. Elas não escrevem poemas, e se não correspondem com o mesmo grau de idealidade que tu, nada podes fazer senão pagar na mesma moeda. Se como diz Camus, não há destino merdoso que não se transcenda com desprezo, despreza todas essas tolinhas hipergâmicas que se ofendem de ser avaliadas pelo corpo, mas que avaliam pelo bolso. Se aparecer uma diferente, que as há, tu é que ficas a ganhar. Existem mulheres que amam perdidamente e verdadeiramente um homem. Matematicamente é inegável. Mas são cada vez menos. Pensa, se tivesses ministérios de propaganda em filmes, anúncios e cartazes lá fora na rua a dizer que o homem é a maravilha da Criação, e que as mulheres são todas tolas adoráveis, até que ponto não interiorizarias essa ideia nas tuas interacções com gajas? Animais de rebanho somos, reflectimos uma espécie de mentalidade de grupo. Elas como nós. Se te convencessem que merecias o pó cósmico em torno dos anéis de Saturno, alguma vez verias a beleza de um remoinho de pó na beira da Estrada de Sintra? Tal como convencem a elas que merecem apenas, um gajo bonito e excitante, mesmo que elas sejam mais monótonas que uma buzina no trânsito, ou feias que o respectivo camião. Pouca gente assume que a maior parte da população é monótona, chata, pouco individuada. Não variamos muito assim uns dos outros. Procuramos gente excitante para nos vender à liberdade, porque nós próprios nos prendemos. Só procura gente excitante, aquele ou aquela que não o é por si. É uma luta que não consegues vencer. Olha, dizia o Foucault a Chomsky, é mais produtivo encontrar formas de libertação que enumerar as de opressão. Considera esta ruptura como uma segunda oportunidade, onde tens algo a ganhar.» «-A ganhar, estou a sofrer tanto. Não vejo ganhar nenhum nisso.» «-Ganhas a dobrar, livras-te de quem não te quer, e o desgosto te fará uma pessoa melhor. As tipas que borboleteiam de gajo para gajo, só matam o vazio, com a novidade. Nunca ou só raramente, fazem obras na sua casa psíquica. Há sempre um novo rol de gajos no horizonte, onde se podem distrair. Esquecer o que correu mal e lixiviar sonhos. Os gajos, especialmente os mornos e remediados, passam longos períodos sem parceira, com amplo tempo para reformularem e analisarem as suas personalidades. Qualquer mulher com dois palmos de cara sabe que existe um séquito de tipos em standby, que orbitam em seu torno, à espera de uma zanga dela com o actual. A ruptura para elas raramente implica crises existenciais prolongadas, porque há sempre uma nova dose de oxitocina alinhada em fila, há sempre abundância de pretendentes.» Custódio escutava as palavras mas não as ouvia. O que sentia sobrepujava qualquer exercício de racionalização, que em graduais espirais cada vez mais abstractas, desliga o ouvinte da realidade concreta sob que se debruça, denotando o narrador com lunático perdido nas nuvens de Aristófanes. Já sei, explico demais. Já sei. E ao falar muito, baixo o valor da mensagem, e portanto, o quer que eu dissesse a Custódio não o ajudaria, como ajuda a mim, entender os outros e os processos onde se relacionam. «-Custódio, retém só isto. O sofrimento interior que sentimos, é um passo mais na escada espiritual. Elas pouco aprendem, primeiro porque nunca sentem o impacto da solidão e da rejeição, como nós, e vão perdendo gradualmente a capacidade de se ligarem a alguém, pois existe um decrescer da oxitocina com a idade e com os relacionamentos. O preço pago por nós, é o de sermos o sexo dispensável. A contrapartida que a Natureza parece dar-nos, é uma evolução espiritual mais prolongada. O que pode ser castigo. Um gajo ruminar até ser velho sobre os desgostos de amor que sentiu. O que só confirma o velho adágio…o homem torna-se, a mulher é.» «-Achas que devo fazer algo, ir ter com ela, suplicar-lhe, acariciá-la, forçar um beijo?» «-A mulher é um ser com agência, e de igual responsabilidade ao homem. Achares que convences ou trazes ao sério, é um atestado de menoridade que passas à gaja. Mas pensa, queres que alguém esteja contigo, porque a convenceste a estar?» «-Não, tudo menos isso.» «Boa, ainda tens amor próprio não ardido no altar dela. Eu já vi mulheres atrás de maridos adúlteros com os filhos na mão, para ‘sensibilizar’ o tresloucado. Já vi homens fazer o mesmo, batendo nas janelas embaciadas do carro onde a mulher se enrolava com outro. Instrumentalizando as crianças, numa lógica compreensível, mas bacoca de trazer à razão. Deixa-las com as consequências das suas acções e escolhas. Segue em frente. Nada mais podes fazer. Mercê da sua falta de crises existenciais agudas, falta-lhes regra geral, autocritica racional e introspecção. Portanto justificarão como mitómano, todas as decisões que tomaram, e viverão felizes com essas narrativas que elaboram. Resta-te agradecer a ela, por ter tomado o passo que não conseguias tomar, em tantos anos de casamento, onde um pelo menos não era feliz.» Ao olhar para Custódio, vi que olhava para o chão, de forma a que as lágrimas escorressem melhor. Não posso ver ninguém chorar, abracei-o e disse que lamentava o que estava a sentir. Toca o telemóvel. Ela quer falar com ele. Ele despede-se sai disparado e que depois me liga. Peço no balcão para me reencherem o copo de brandy. Ao brincar com a língua e um cubo de gelo, toca o meu, é Miguel, dizendo que vem a Lisboa na próxima terça-feira, para irmos almoçar. Tenho amigos na zona do Grande Porto, Minho e Trás-os-Montes. Quando passam por cá, é dia de almoçarada ou jantarada. Miguel é vendedor numa empresa de venda de barcos.
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