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Plasma

13/3/2024

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​Vão crescendo pequenos bolbos de acne no escalpe, e ganhei o hábito de quando estou a pensar, projectando uma rede ou configurando uma firewall, de rebentar estas micro pústulas de defesas mortas de branco mortiço e inerte.
Gente em óbitos dados na defesa do que penso ser o ‘mim’.
Ah, mas os linfócitos não são tu, não têm consciência.
Ah seus filhos da puta mecanicistas, para quem o mundo é desprovido de sujeitos.
Ligaram-me do escritório, que havia actividade irregular numa das máquinas onde os logs andavam a ser vasculhados. Um puto qualquer que entrou na merda de sistema que o forreta do patrão mandou vir da China.
Disse que ia lá se me pagassem horas extraordinárias. Iam ver.
Devem ter ligado para o patrão, que gasta rios de dinheiro em putas num casino ilegal em Esposende.
Mete as despesas numa das contas da empresa, e de forma tola, guarda um backup no computador da empresa pela qual me paga para ser consultor de ‘segurança’.
Até o faria de borla, não fosse eu saber o lucro pornográfico que faz, e o que paga aos desgraçados dos empregados.
Pó caralho.
Responderam-me, entretanto, que a fazer seria de casa, e que não havia budget para pagar mais.
Quem me estava a mandar mensagens era o gajo da Informática, um tipo que tirara uma licenciatura no tempo das floppy drives. E que não acompanhara os tempos.
Notava-se pelas mensagens de whatsapp, que estava indignado, que me considerava um mercenário cibernético.
Pó caralho. São 3 da manhã e andamos aqui a regatear preços.
Disse-lhe que tinha de ir ao bastidor, porque a VPN de merda que tinham, não me dava acesso ao switch, que tinha os mac address que estavam no momento activos, apesar de ninguém estar na fábrica.
Por acaso menti. Queria lá ir, para ganhar mais uns trocos, talvez para ir às putas no tal casino de Esposende. Se o gajo gosta, aquilo não deve ser mau.
E para apanhar o ar fresco da noite, e sentir que faço algo de importante.
Ele responde-me que está fora de questão, que o patrão não paga mais.
Duvido que estivesse a perguntar ao dono, ao boss. Estava a armar-se em cabrão, porque desde que eu chegara, ele metera aquela merda na ordem, e isso dava-lhe trabalho, face à modorra prévia à minha chegada.
A empresa, apesar de mal gerida, era porreira.
O meu canto, tinha uns vidros fumados, onde passo a hora de almoço a micar as pernas às empregadas boas. A observar os rituais e macacadas, as tensões e as operetas, deste conjunto de humanos. Tinha umas 2 ou 3 debaixo de olho, mas o café, e um ar gasto, por falta de fé, forçavam-me a ter de me esforçar mais, para chamar a atenção a gajas com metade da minha idade.
Não que isso me rale, mas sinto-me cansado.
Nem é cansado. É sem paciência. No cliente anterior, mandei o chefe dos recursos humanos para o caralho.
O filho da puta, arranjou maneira de não me chamarem mais, para fazer serviço. Prejudiquei-me só porque já não tenho paciência, que talvez esta seja dependente de alguma esperança larga, acerca do futuro.
Eu sou feliz, mas estou-me a cagar.
Vão-me caindo gajas em cima do falo, que como e sou comido, e cada um vai à sua vida como se nada se tivesse passado, nada de importante, nada onde possa crescer a planta da desilusão.
Mais nenhuma puta me vai desiludir, porque simplesmente, já não me iludo com ninguém.
Nem a propósito.
Ao mandar o gajo da Informática forreta, dormir, vi uma mensagem no whatsapp da gaja que me mijou o banco do pendura.
Foda-se, já nem sei se foi o ano passado, se foi há mais anos.
Ou se foi o ano passado. Ando todo queimado.
Tenho recusado encontros e fodas fáceis.
Tenho-me isolado em torno do meu trabalho e projectos, e não é que é sempre nestas alturas que aparece uma cona na curva da esquina a dizer olá?
Ah, mas se tivesses uma filha não falavas em conas.
Se calhar não, mas também não a ensinava como estas putas são ensinadas.
Mas lá está, podemos ser ou ter os melhores pais do mundo, que somos a média das 5 pessoas com quem nos damos mais.
Somos a média do nosso grupo de amigos. Ou amigas. Se as nossas amigas são umas encalhadas incapazes de respeitar ou manter os ditos cujos…
Não seremos diferentes. Mas isso é tema para malta com mais de 3 dígitos no QI.
Deixa-las pousar.
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​«-João, como estás?! Já acabaste o doutoramento?»
Esta gaja, está toda trocada. Arranjei a desculpa que tinha de pesquisar, para não ir ter com ela a casa, várias vezes.
Assim que me via debaixo para cima, chupando a pila a innuendos meus, quando tinha a boca desocupada, ia exigindo, que eu teria de retribuir chupando-lhe as gónadas.
Eu, que sou do contra, dizia para mim, ah puta, quanto mais pedes menos levas.
Embora eu as espevitasse sempre com a léria do chupa-me a pila e cala-te.
E chupavam. Chupam.
Esta, certa vez, meteu-me a chorar. Olhei para ela, e não chupava mal, e vi uma alma, em forma de anjo brochista, atormentada por uma loucura para si mesma desconhecida. Um pouco como um gajo que sabe da arbitrariedade deste mundo, e se sente culpado pela alienação de um outro concidadão, um outro ser humano. O meu sentimento de sanidade mental, sobrepujava toda a minha possível perspectiva acerca deste ser humano.
Lembro toda a putaria, que em relatos análogos me dizia, que eu estaria a ser paternalista.
Convencido e arrogante.
Vai para o caralho, sabes perfeitamente, quando estás louco, ou quando o outro está louco.
Esta começara com o quanto medes?
Com um metro e sessenta de altura, achava que 190 cm era um gajo baixo.
Amiga, tenho 183. Metade das fodas que te dou. Ria-se.
Andava ao meu lado, e metia-se em bicos dos pés, para me chegar com a cara ao ombro.
Para que queres tu gajos altos? Perguntava. Ela dizia que era uma preferência.
Apetecia-me dizer que eu também preferia pessoas conscientes, mas não iria, de todo, aprofundar a insanidade alheia.
Antes de me abocanhar a pila, punha-se a marchar à minha frente dizendo que sabia porque gostava eu dela. Porque era exótica.
Eu acenava que sim, para lhe confirmar a ilusão.
É óbvio que andou a chupar pilas que não a minha.
Mas com a idade que tem, e não perdoa, nenhuma lhe parecia tão virgem como a minha. E nesta merda das fodas e dos afectos, todos preferimos a terra menos lavrada.
A mim o que me fode, é o total destroço em que me tornei. Sei que faz parte da velhice, mas tenho o joelho fodido.
Eu explico, o exercício físico rejuvenesce-me, e tira-me a vontade de comer qualquer gaja.
Torno-me mais selectivo, e já não caio na cantiga das gajas que tem mamas boas e as metem à frente de tudo o resto, para impressionar os observadores.
Ou as que têm um bom rabo.
Para tratar as gajas por igual, temos de tomar a solitária decisão de não as tratar como gajas, mas como a abstracção de alguém igual a nós, fora de nós, e sem envolvimentos de emoções ou fodanga.
 
Esta, claramente andara a sondar o mercado por pila melhor, mas nada aparecera de acordo com as suas espectativas.
Outrora, sentia-me indignado por isto. Agora não. Fodam, amigas, fodam. Ao foder, fodem-se a vocês mesmas.
A única coisa que pedi até hoje, foi, que não me fizessem perder o meu tempo.
E nem isso respeitaram, por se acharem melhor que ‘mim’.
Seja. Que se fodam, e vão dando notícias da sua felicidade.
Não porque eu vibre com a miséria alheia. Mas porque só aprendo o que já sabia de antemão.
E o que sabia…é que são estúpidas. Vão com o vento. Pois bem, que sejam arrastadas daqui para fora.
Eu não queria pensar assim, mas as evidências forçam-me.
Resta-me frequentar o putedo.
​«-Ah João, tenho saudades tuas.»
Respondo cripticamente:
«-Eu também amor, tenho muitas saudades minhas.»
 
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