I Eu precisava do dinheiro. Fui fazer as ‘paragens’, os períodos em que as fábricas da Europa civilizada e protestante, param, para manutenção. O trabalho era sujo e duro, mas raios, recebia-se bem, e contornava-se o fisco católico. Tudo saíra ao contrário do que eu fantasiara. Queria sair de Portugal, para esquecer as portuguesas, e em especial, para a esquecer a ela, com os quilómetros avolumados entre nós. O primeiro dia foi de choque, na Bélgica, numa siderurgia qualquer, com água e óleo até à cintura desapertando porcas ferrugentas. Dava comigo a pensar, tanta pestana queimada em livros do circo e do cagalhão, e aqui está o arrogante de outrora, a fazer o trabalho que ninguém quer. Físico, sujo, desconsiderado. Valia o dinheiro ao fim do mês, despejado para cerveja que me fazia esquecer as várias situações próximas da morte, que me piscaram o olho. Eventualmente tive de planear vir-me embora, uma qualidade essencial para o trabalho, era ser engraxador do amo, e fingir-me de parvo. Após dois tugas a ameaçarem-me de porrada, disse ao patrão que queria evitar deslocar braços e maxilares em frente a estrangeiros, e que por isso queria que me comprasse o bilhete para Portugal. Um dos que confundira a minha amabilidade com ‘fraqueza’, despediu-se primeiro, e parece que me veio pedir desculpa. Quando veio ter comigo, pensei que viesse repetir a dose de verificação de que me podia oprimir para satisfação próxima. Teve a boa ideia de a dois metros de mim mostrar as mãos e dizer que me vinha dar umas luvas que tinha novas, para não haver desperdício das mesmas. Que tínhamos tido um desentendimento, que é normal, e que nada significava. Interpretei como pedido de desculpas, apertei-lhe a mão e deixei-o ir à sua vida. Na realidade o que acontecera é que ele andava fodido com a sua vida, e que num trabalho de força onde eu fazia a força, faltou-me ao respeito, e não as levou logo ali, porque estávamos a 8 metros de altura. O chefe do estaleiro, da Madalena, fez questão de me agradecer a postura e o ‘despromover’ por ter quase causado um 31 que faria os portugueses parecerem tipos de 3º mundo para franceses e belgas. Apesar de alguns trazerem garrafas de vinho nas bagagens, para subornar os operários gauleses que decidiam quem ficava e quem ia da siderurgia. Mesmo assim gostei, do trabalho pesado, do perder quase a vida diariamente, e do ensinar aos rejeitados da sociedade portuguesa, que quem conhece o processo de construção de uma pirâmide egípcia, pode ser útil a erguer um veio do sistema de arrefecimento, apenas com cintas circulares de nylon, sem o esforço inglório de 8 pares de braços. Parece que os meus cursos de Filosofia e Arqueologia, se tinham unido para ter alguma utilidade no mundo, além de desapertar porcas submerso em óleo. No meu último dia, todos me pediram para levar a carrinha de serviço, a um Sábado, para o bar de engate na beira de um lago «Étang du Pont Rouge». Carne velha dançando ao som de música velha francesa, pimba. A malta sabia que eu iria beber coca cola até ao fim da noite, pois estava desejoso de ir para casa sóbrio. Eu só bebia depois de sair do trabalho. E muito. Como não comia carne, deram-me a alcunha de ‘Bróculos’. Fiquei sóbrio, vendo-os tentar engatar tudo o que mexia. A minha tshirt era de viscose e tinha um leão bordado. A única loira na qual eu depositava esperanças de me levantar o Gervásio, andava entretida atrás dos hipertrofiados seguranças, que se reuniam a horas certas, em torno do dono do estaminé. Dona de casa ida, descobrira um penteado sexy, que a fazia desejável, e sendo da minha altura, alguém que prometia luta física. Pouca sorte dela, que ninguém a informara de que os seguranças eram todos gay, e pelas caretas de alguns, a tipa era bem conhecida das redondezas, até porque trabalhava numa clínica privada de saúde. Provavelmente largara o marido no seu grito de Ipiranga, e tentava realizar sonhos de adolescência através de excesso de proteína subcutânea na carne de outros. Eu vira as suas fotos numa rede social da zona, há uns anos atrás. Era uma neurotípica, que não se assumia como tal. Investira no aspecto, no penteado e no blusão de ganga, que esfregava na cara dos seguranças gay, que ostentavam tshirts brancas junto à pele. Intimidavam mais pelo número, que pelo volumoso porte atlético. De modo que pedi outra coca cola e informei a freguesia de que me ia meter no caralho, que estava cansado, e que engatassem francesas, agora ou nunca. Um coro de vais para o caralho acompanharam-me até ao WC aonde o excesso de coca cola me conduzia. O WC devia ter a minha largura de braços esticados, com o lavatório logo perto da porta, dois urinóis separados por uma laje de granito rosa, e o cagatório na extremidade oposta. Quem estivesse a obrar, se deixasse aporta aberta, conseguia ver a pista de dança. Escolhi o mijanário da direita, e logo de seguida entra um miúdo para aí com os seus 20 e tal anos. Estou entretido a mijar e a tentar perceber porque não tenho vontade de chorar pensando nela. O gajo mete conversa comigo, digo que falo melhor em ‘anglais’. Vou respondendo às perguntas, que me vai fazendo. Arranha algo como ‘vous éte três intéligent’ e aproxima-se até ao ponto que me tenta beijar na boca, ao que me desvio para trás. Vejo, de relance, na cara do tipo, que percebe que cometera um erro, que me lera mal. Tenho esta sina, todos me lêem mal. Uns para a porrada, outros para o amor. Encosto-me à parede e faço-o perceber que se se aproximar, fica a dormir no chão. Lavo as mãos, enquanto o oiço dizer ‘doucement, doucement’. Observa-me, porventura convencido de que todos os homens são paneleiros potenciais, até experimentarem pila, a partir da qual se tornam paneleiros efectivos e de pleno direito. Vou até à mesa, emborco o resto de coca cola e passo palavra de que me vou imediatamente, que nos reunimos lá fora. Estou no bengaleiro a levantar o meu casaco, e vejo-o olhando para mim, pela fresta da porta, ao passo que lá fora todos me aguardam, excepto dois que estão de volta de uma septuagenária, que era enfermeira mas ainda dava umas curvas. Cometo o erro de contar a minha história, e vou a ser gozado até ao aldeamento onde todos ficávamos. Chego a casa e afogo-me em cerveja Jupiler, até vir a fada madrinha dos meus sonhos segredar-me que está tudo bem. No dia a seguir vou para Bruxelas, para o aeroporto, e dois dos meus companheiros de casa, querem ir às putas antes de eu me ir de vez. Digo que sou contra putedos, e que são gajas superlativas, como eu nunca conheci até hoje, e eu respondo que já comi gajas melhores que as das revistas onde eles passaram a juventude a bater punhetas. No dia seguinte levo o carro, e pelas indicações deles, que me levam ao aeroporto, dou sem saber como, comigo no quarteirão da prostituição. Chamo-lhes nomes, e eles riem-se. Dá-me vontade de mijar e vou a um mictário público, normal para uma mãe e seu filho que passam por trás de mim às 9 da manhã, enquanto os meus companheiros de crime, fodem seres humanos femininos oriundos do hemisfério Sul. O avião é às 15, e depois de abraços e despedidas, fico sozinho a olhar para corpos pintados de laranja, na suposta zona das putas. Pobres diabos como eu, a fazer o possível para resolver a equação da nossa vida. Tenho tempo e vou de novo para o monumento aos soldados ‘neo-zelandeses’ em Quesnoy. Ao passear pelas muralhas, desabo finalmente em choro. Andava acumulado e foi catártico. De repente a sua filha de putice relativizara-se e nesse momento encontrei por acaso, a Francine, que nos vendia a cerveja no lado belga. Eu metera conversa com ela, e apesar da diferença de idades, ela achava-me graça, e em menos de nada estávamos a foder ao lado dos ratos de água que viviam naquela água verde. Francine era a típica descendente de alemães, com mamas grandes e que pedia ‘shnell’ quando se estava a vir. Satisfeita, puxou os seus leggings para cima e foi para casa. Fiquei exangue, a olhar a água verde e os patos, na paz de estar longe de casa, e de todos os motivos das minhas lágrimas, no novo mundo invertido por graça dos meus olhos ao nível da superfície da água que recebia a minha nuca no seu regaço, com o pescoço apoiado no lancil do monumento à morte de gente do outro lado do planeta, às mãos da velha França. Nem um «vou amar-te para sempre» ou «adoro-te». Apenas a sua satisfeita ausência. O bichinho ficara, estava mais em casa longe de Portugal, que no mesmo canto onde ela vivia sem mim. Os amores não morrem, já te disse. II Todos procuramos uma relação que nos arrebate por completo, como se por forças a que não conseguimos resistir, num desejo louco de verdade e Deus. Verdade porque já não precisamos de fingir que somos indivíduos com a ilusão de livre-arbítrio, Deus, porque amores assim provam que Deus, o destino a providência, o que seja, olham de forma pessoal para nós. Têm um plano, fazemos parte de algo. É suposto algo. Raramente acontece. Sabemos que deve existir, porque nos tempos dos amores juvenis, o corpo nos manda foder por via de sentimentos nobres. A carne do outro como fiel depositário de um futuro promissor em que ela ou ele são dádivas de Deus na nossa procura de sentido. O mundo é a nossa ostra. Tal e qual como numa esplanada à beira do Tejo, alguém decide apenas escolher olhar para o mundo com olhos positivos, enquanto crianças morrem de fome num qualquer canto desta orbe. Adoro malta que se lobotomiza assim, apenas porque está na moda, ou porque do mundo conhecem o que o seu umbigo sussurra. E depois querem que respeite a sua opinião como igual à minha. Foda-se. Hormonas e Cronos, são então os fios invisíveis da marioneta, que torna absoluto qualquer beijo entre lábios diferentes. Por isso, ou também por isso, as pessoas novas, têm geralmente, um certo asco aos corpos mais rodados em torno do Sol. Não é só a carne adiada de Inferno, é também a quase inexistente promessa de sentido. Que promessa de sentido e futuro pode haver numa pessoa gasta pelo passado, pelas mágoas de corações desfeitos? Em suma, pela falta de esperança e capacidade de acreditar? Não, meus amigos, não. É preciso estar-se vivo por dentro. E não enterrado décadas em relações de compensação, de onde não conseguimos sair porque cometemos o erro de nos apaixonar pelo nosso amor. E surge a pergunta: ‘- Porque não esperas tu pelo amor arrebatador que falas?’ Porque se esperasse ainda hoje pensaria que um broche é um alfinete de peito. Eu, nós, preferimos a segurança de um funeral em lume brando, que a paciência de acreditar no mito da alma gémea. Em ambas as posturas, a decisão do que fazer com o nosso tempo. Ela era daquele tipo de pessoas, demasiado focadas em evitar o sofrimento próprio. Por isso, a cada desgosto amoroso, polia e aperfeiçoava a sua personalidade, de acordo com o que achava ter sido a razão da ruptura. Que geralmente nestas lides, pouco tem a ver com o outro, mas com as nossas inseguranças. Se a tipa tem mamas pequenas, acha que é largada por isso, se tem mamas grandes e é complexada por tal, interpreta os acontecimentos de acordo com esse complexo em si. Interpretamos as coisas de acordo com aquilo que pensamos de nós. Esta, achava que era largada por ser neurotípica, ou melhor, por ter um feitio baunilha, que é aquele que 99% da população tem ou é, e 100% tenta demonstrar não ter ou ser. Ninguém, a não ser os que padecem do desespero, querem parceiros ‘normais’. Estáveis, constantes no esforço de não sair das fronteiras da segurança confortável. Que não agitam as águas, que no fundo não são movidos por nenhum demónio interno a não ser o de ver o mundo à mesma velocidade. Tudo tem de parecer um «prémio», um tesouro, mesmo a viagem aos golfinhos de Tenerife, cansados da repetição das «experiências especiais’, en masse. Fazia juras para dentro de si, que nunca mais seria largada por ser alguém sem sal, que não o era, mas achava que a largavam por isso. E portanto, ia-se esculpindo em torno da negação desse carácter, criando uma nova personagem, na direcção oposta. Ou seja, cada vez se tornava mais intragável, com a sua incapacidade de introspecção, circunspecção, e era demasiado opinativa, e segura das suas crenças por mais imbecis que fossem. Onde quer que estivesse, não estava, impunha…impunha a sua presença e um tratamento por parte dos outros, que lhe confirmasse o sucesso da sua pantomina. Tornara-se naquele tipo de pessoas com uma persona demasiado activa e assertiva, que vemos claramente como compensando um algo qualquer. Evitava a dor da rejeição, impondo aos outros um fingimento artificial de quem era na realidade. Também podia esconder quem realmente era, a ficção dá para tudo, mas havia sido abandonada antes, e portanto esta era a única forma de almejar ser apreciada por ser quem era, desempenhar a peça antídoto da rejeição. Penso ter percebido isso e foi esse o ângulo que ataquei, tratando-a da forma que achava que ela mais detestava, ora ignorando o seu voluntarismo forçado, ora tendo com ela um tom paternal. Era demasiado magrinha, e dava aulas de Matemática durante a semana, e fumava droga aos fins de semana. Conheci-a na venda de um recheio de herança, precisava vagar a casa para a vender, deixada por uma tia. Perdido a imaginar a tragédia dos objectos que ficam para trás, e com eles parte da memória do proprietário, sou por ela interpelado, aferindo se estava interessado em algo, que teria de comprar o lote todo. Gozei dizendo que é como as pessoas, que não ficamos apenas com o que gostamos. Mordia-me ser rejeitado, mesmo por uma magrinha que em nada me atraía e por quem teria de ludibriar a minha pila para ter a rigidez suficiente para consumar o acto. Mas a frio, e com o vento da A1 fresco na minha cara, dei comigo a pensar claramente, que ninguém é rejeitado seja por quem for. Somos uns para os outros, não mais que reflexos na caverna platónica, capturados em corpos de perecível carbono que nos faz exprimir o quer que sejamos através de carne e palavras. E quão atabalhoados somos a exprimir o que vai cá dentro para o mundo. Como o escritor que escarafuncha o papel branco, à procura de dar forma ao que pretende passar a outro, o que tem a dizer, sempre por palavras que o deixam insatisfeito pela infidelidade. Como o inventor que formula uma ideia que sai grotesca a início, ainda que funcionando parcamente. Como dois amantes que parecem não acertar nas frases que dizem um ao outro. A magrinha nem me encara bem nos olhos, prometera café, e dava por cumprida a sua palavra. Estava à espera de algo melhor, ela e eu. Apenas uma cara de desagrado na esperança de que eu me vá rápido embora. Não fumarei droga com ela, ou concordarei com os signos do horóscopo. É bonita a expressão ‘engate’, transmite uma sincronia mitigada, funcional na aproximação dos corpos. Não, nós não somos rejeitados, quando muito é a nossa condição que é rejeitada. Os mansos e os plácidos, os viciados em aprovação. Não és rejeitada quando as mamas começam a olhar tristemente o chão. Estás enganada. Não é o âmago de quem és que é rejeitado. É o teu aspecto físico com o qual não te deves confundir, por mais conveniente que te seja. Não és tu que és expulso da vida de outros, quando te perdem o respeito e te trocam por outro. O que é rejeitado, são as atabalhoadas expressões desse algo que te vai dentro, pela curteza de vista de quem te avalia. Sombras avaliando sombras, figuras deformadas julgando outras figuras deformadas, com um fogo que lhes dá vida espalmando-as na parede. Quantas vezes não nos sentimos fora de casa com alguém, como se fosse suposto estar noutro lado? Quantas vezes caímos fora de tempo, de jeito, como se a impressão de nós que lemos na cara e olhos dos outros, não correspondesse de todo a quem somos? A nossa impressão, absorvida como uma imagem deformada pelo olhar de um ébrio, pelo olhar de outros limitados pela sua própria individualidade. Auto-regulamo-nos, afinal, mantemo-nos nas faixas de rodagem, presos ao que achamos que os outros pensam de nós, mas por vezes, quando observamos as nuvens passando rápido no céu da noite, vemos o cabelo de Deus, à espera que oremos com a nossa atenção. III Não, os amores não morrem. São enterrados vivos com a terra do nosso desprezo. Matamo-los, para nós podermos sobreviver. Ela dizia-me que finda a coisa, cortava rente qualquer memória. E eu rejeito totalmente essa ideia. Acho que há sempre algo a dizer, nem que seja uma erupção de vai para o caralho puta de merda que me fizeste chorar noites a fio em torno de um buraco de desespero no meu peito. Há sempre algo para dizer. Sempre. Mas se calhar é melhor assim, que nos ignoremos até à podridão da nossa carne enterrada, pois as potenciais conversas encerrariam censuras, recriminações e alívio da dor causada, ou satisfação do lado que largou, por saber que o amor do outro por si, é prova de que se é algo de fantástico. Sim, ainda gosto de ti, és muita boa, sabes? Fantástico, leva o amendoim. Sabes porque te custa menos a ti, puta de merda? Não é porque és adulta, ou emocionalmente regrada. É porque a Natureza forjou os gajos desde as cavernas, a idealizarem a gaja que tem o útero. Para se meterem à frente das presas do predador para poupar a potencial grávida. E as gajas, programadas a esquecer facilmente o recém-falecido, por via de predadores ou de tribos inimigas que quase sempre poupam os úteros. O complexo war brides, ou outra merda desse género. Era isto que eu dizia, enquanto ela descansava satisfeita por me ter feito vir, e por saber que o seu corpo me dava tesão. Eu aproveitava a bebedeira de oxitocina para deixar sair tudo, tudo o que me fazia lastro. Não és tu que és especial, desculpa. Tens é menos capacidade de amar idealmente. Para cada pintor que arranca uma orelha, escritor que escreve uma epopeia, ou rei que constrói um mausoléu, há só uma Florbela Espanca. Romeu e Julieta mortos por veneno comum, só na cabeça de Shakespeare. É raro o grau de compromisso total, na maior parte das mulheres. Não é porque são más, ou frias. É apenas porque a mão do titereiro assim o quer. Ela pergunta-me se é possível, a intensidade de amor, que relato nos meus textos. Eu respondo que é, mas não para ti coração. Só os homens amam idealmente. Desculpa. Nem todos, mas boa parte deles. Desculpa. Sei que te custa ouvir, mas objectivamente, se o tigre te aparecesse à frente, deixavas que consumisse o tipo. Eu sei, eu compreendo, eu aceito. Eu teria morrido por ti, e por isso me achaste papalvo. E agora dizes às amigas que queres alguém que te ame incondicionalmente. Bem que podias ir comer no cu, não achas? Sente a minha picha murchar dentro dela. Acha que é por ela. Interpreta as suas maiores fraquezas nos meus olhos, ou na minha pila. Claro que a pila não tem direito a estar cansada após uma hora de rigidez. Que caralho somos, senão robots? Senão bichos avaliados a partir da ficção de um blogue, proibidos de ser quem são sob pena de desiludirem, ou de serem quem não são, sob pena de serem tomados como fraude? Ó puta, eu existo além do limiar da tua desaprovação, que faz por tomar o extraordinário como corriqueiro, e o corriqueiro como extraordinário. Sem que algum valor real esteja associado ao quid em questão. Abocanha-me a pila, para depois me lançar à cara que não lhe faço minetes. E não faço, se pedires, podes ter a certeza que não faço. É tudo uma questão de poder para estas putas. Impedem-nos de amar o quer que seja, porque estão sempre de atalaia no que concerne a quem fica em suspenso de quem. É para elas mais importante quem manda, que quem. Estas putas não sabem amar, apenas preservar o seu mundo ilusório de controlo. O epitáfio de um amor perdido nos lençóis do tempo, algures entra as aguarelas que sonhámos como justificando o tempo entre a nossa morte e nascimento. E ela contando a nossa história às amigas, como se não passássemos de uma paragem onde o seu autocarro parou para algum destino mais digno. Como se de um brilho súbito observado no Céu de Verão, que sabemos ser algum testemunho do passado.
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