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Tempo (tic)

17/12/2006

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    A ampulheta, a ampulheta, a areia que escorre entre os dedos ao som de uma corneta
Corneta anunciante do fim, que se afasta do nascimento à velocidade de um alucinante cometa.
Escrevinhas, como na canção, os planos da tua vida em sonhos balbuciados na areia.
Matas o tempo em pequenos suicídios alheios à sombra que congeminas na tua teia.
Quando no tempo pensas é porque já passou demasiado e os teus planos falharam,
Saíram ao lado, ou tornaram-se no que não estavas à espera, até os fracassos fracassaram
E corres, corres corres à volta do teu antiquado crescente umbigo, viver é um treino para a morte
O tempo não pára e a ele que julgavas matar vê impávido a tua lenta agonia abandonado à tua sorte.

Nascer, morrer, não causam estranheza, cada um por si só, mas aquilo que se faz no meio
É a almofada do angustiante desespero, tens o teu tempo aqui, aproveita-o e o que fazes com ele?
Passam os anos, passam as passagens de ano, tudo passa e o rio o mesmo já não é
E urge dar à tua vida um sentido, que na adolescência é cósmico, pujante sem freio
e vai amainando amainando como folha condenada ao Outono, sentes o tempo passar na pele
Acabamos por ceder, ceder ceder e já só queremos sopas e descanso e uma história que mantenha de pé
a necessidade de dar finalidade à vida, não já uma epopeia, mas um conto menor, corremos atrás dele
Mas é só à volta de um tiro de pistola que não ouvimos partir e acabará por detonar no coração.
JCNF
Tempo (tac)
Não são os sonhos que perdem pujança, como o sangue pueril que se esbate nas paredes das veias com o passar do tempo.
A entrega, a nossa entrega a eles é que não pode deixar de esmorecer, seja pela força da desilusão seja pela brutalidade da descrença.
Sabemos que o outrora apetecido agitar das águas só trará a suspensão do lodo, e mais vale um lago tépido e visível a curta distância, que um remoinho de incertezas. É cada vez mais a segurança, a protecção contra surpresas, que se instala e aninha. O cálculo ganha terreno, antes um parvo (a) que nos carregue, que um esperto (a) que nos derrube.
Já não acreditamos...tão só...
Porque achais que é aos jovens que recorrem as agências de marketing e similares, procurando qualidades como dinamismo, espírito de grupo, entrega?! Pois eles ainda não amargaram e ainda acreditam...

Já não acreditamos. Desdenhamos. A sombra do passado menoriza qualquer tentativa do presente.
Não pode deixar de nos perseguir a ruína de amores passados, e a omnipresente suspeita de que se as do passado ruíram, tudo depois deles (ou da nossa crença neles) pode também ruir.
Não são capas ou falsa moeda. É só a capacidade de entrega, ou não, de um coração.

Aos 30, 40, 50...não se vive o que se vive, como se vive, aos 18. Porque aos 18, ainda muitas janelas no futuro se encontram abertas.
O futuro não é ainda um horizonte que enegrece sob o pêndulo da urgência.
Aos 18, o céu apresenta-se risonho, promissor e esperançoso.
Aos 30 morde-nos os calcanhares.
Aos 50 aponta-nos a sala onde devemos fazer contas.
Assim também o nosso ressentimento não é para o que insuflámos. Mas para a nossa própria gula, a nossa própria credulidade.
Envelhecer é o contentamento com o lugar comum que outrora não considerávamos, de nós, digno.
A explosão do balão, é não conseguirmos aguentar as altas expectativas que criámos de nós, dos outros, do Amor...

O fim é inevitável mas não é o que está fora que o dita. Somos nós que mudamos.
As horas os minutos são já só as testemunhas da angústia de os saber um passo mais próximo do fim, da impotência de já haver passado o tempo próprio...e o que restará de nós?
A inevitável solidão se não levar para a morte a eterna companheira que é a memória da tua cara.
é que não pode deixar de esmorecer, seja pela força da desilusão seja pela brutalidade da descrença.
Sabemos que o outrora apetecido agitar das águas só trará a suspensão do lodo, e mais vale um lago tépido e visível a curta distância, que um remoinho de incertezas. É cada vez mais a segurança, a protecção contra surpresas, que se instala e aninha. O cálculo ganha terreno, antes um parvo (a) que nos carregue, que um esperto (a) que nos derrube.
Já não acreditamos...tão só...
Porque achais que é aos jovens que recorrem as agências de marketing e similares, procurando qualidades como dinamismo, espírito de grupo, entrega?! Pois eles ainda não amargaram e ainda acreditam...

Já não acreditamos. Desdenhamos. A sombra do passado menoriza qualquer tentativa do presente.
Não pode deixar de nos perseguir a ruína de amores passados, e a omnipresente suspeita de que se as do passado ruíram, tudo depois deles (ou da nossa crença neles) pode também ruir.
Não são capas ou falsa moeda. É só a capacidade de entrega, ou não, de um coração.

Aos 30, 40, 50...não se vive o que se vive, como se vive, aos 18. Porque aos 18, ainda muitas janelas no futuro se encontram abertas.
O futuro não é ainda um horizonte que enegrece sob o pêndulo da urgência.
Aos 18, o céu apresenta-se risonho, promissor e esperançoso.
Aos 30 morde-nos os calcanhares.
Aos 50 aponta-nos a sala onde devemos fazer contas.
Assim também o nosso ressentimento não é para o que insuflámos. Mas para a nossa própria gula, a nossa própria credulidade.
Envelhecer é o contentamento com o lugar comum que outrora não considerávamos, de nós, digno.
A explosão do balão, é não conseguirmos aguentar as altas expectativas que criámos de nós, dos outros, do Amor...

O fim é inevitável mas não é o que está fora que o dita. Somos nós que mudamos.
As horas os minutos são já só as testemunhas da angústia de os saber um passo mais próximo do fim, da impotência de já haver passado o tempo próprio...e o que restará de nós?
A inevitável solidão se não levar para a morte a eterna companheira que é a memória da tua cara.
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