Ocorrera-me a ideia, já há alguns anos, de que a necessidade de ter uma mulher na ponta do braço não seria uma espécie de revanche para com a vida e a macacada em geral.
Do género, vês, tenho uma mulher que me reconforta pelo facto de me garantir acesso a um útero e ao orgasmo ocasional. O que prova que sou válido, sou um vencedor na vida, mesmo que nessa vida todas as outras secções sejam um complexo fracasso. Passo pelos outros homens, com a confiança da posse de um troféu momentâneo, o único que vale, afinal, na vida, a possibilidade de acesso ao local de acolhimento da nossa replicação genética. Sinto-me válido na Existência, e não um completo falhado, um farrapo de Humanidade, incapaz de ser amado por outrem o suficiente, o suficiente para transmitir um conjunto de informações genéticas que de outra forma estariam condenadas ao esquecimento eterno. A mulher como muleta existencial, token do próprio valor, como garante da auto-estima num mundo competitivo como é os dos homens. Desde os momentos em que na infância e adolescência, se castram uns aos outros, por via da violência física ou psicológica, para diminuir os níveis de confiança de cada um. Como os coelhos velhos fazem em relação aos novos, em brigas onde o alvo primário é os testículos, de forma a massacrar e até anular a capacidade reprodutora do potencial competidor que daqui a uns meses seria demasiado forte para suplantar. Alguém que se queixe dos dóidóis que as cachopas fazem, é porque nunca olhou de frente para a filha de putice dos homens uns para os outros. Do ponto de vista moral, pois do biológico faz sentido, somos primatas violentos que competem entre si a espasmos cronológicos para legar semente à geração seguinte. Assim se pressionam os competidores, com uma pressão implacável de forma a quebrá-los, a baixar-lhes a garimpa, anular a confiança própria, tornar o competidor num não agente, incapaz de se defender a si mesmo. Para garantir, ainda que de forma inconsciente, o acesso a todo o pito reprodutor. E o pito adora isto, ao pito não interessa nada senão os vencedores. O único sítio onde o pito fica molhado com o sensível, o dedicado, com o homem macio, é nos filmes românticos. Na vida real, os índios, os brutos, os agrestes, levam para casa toda a atenção e desejo feminino. As prisões albergam filas de mulheres ansiando pela atenção de assassinos, violadores, e outros. Chama-se hibristofilia. O homem incapaz ou menos propenso à violência é arredado para as margens da perpetuação genética, o leitor de Kant, de ética e das boas orquestras alemãs é relegado para os bastidores da corrida proteica. A mulher é incapaz de amar o que não esteja acima. O único sítio onde se apaixona por um sem abrigo, é no celulóide. As rejeições passadas interpretadas a partir de uma interpretação da invalidade da nossa personalidade, são infundadas, portanto. Evolution baby, nothing else. O gajo perdido no passado é aquele que se contenta com uma gaja qualquer apenas para provar a si mesmo que se tornou amável, após tantas rejeições cruéis no passado. O inimigo é o conceito de amor romântico, mesmo na época dos tinders e semelhantes. Se olharmos para a coisa com a fria racionalidade, vimos quem nos quer engodar com algum óleo na água. E nisto passam 30, 40, 50 anos em que somos cílios de nós mesmos, atormentando-nos com a crença da nossa inadequação, ou de forma mais suportável, com a ideia de que elas, as mulheres é que são más, umas putas. Não, existe é um fosso entre a tua idealidade e o mundo como é, ou como to querem retratar. Sapere Aude, sempre.
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